Graças ao Spotify, o universo podcast está se tornando uma rede social
Com seu novo Programa de Parceiros, a plataforma está aproximando seus podcasts de uma mídia da nova era, no estilo do TikTok
Quando o Spotify introduziu a opção de vídeos para podcasts, sua interface começou a ficar mais parecida com o TikTok. Agora, o gigante do streaming de música lançou um fundo para criadores de conteúdo.
Nos últimos 10 anos, o setor de áudio passou por uma revolução de cima a baixo, com os formatos tradicionais de áudio sendo derrubados por empresas de podcasts (geralmente com orçamentos menores).
O Spotify quer manter essa bola rolando: com o recém-anunciado Programa de Parceiros da empresa, os criadores menores têm mais oportunidades do que nunca de monetizar.
Há pouco tempo, a maioria dos podcasters era chamada de jornalistas de áudio. Agora, é hora de começarmos a chamá-los de criadores.
O Programa de Parceiros abre “pagamentos impulsionados pelo público a partir do engajamento com vídeos do Spotify Premium”. Traduzindo: quanto mais usuários Premium assistirem a um podcast em vídeo, mais seus criadores vão faturar.
Os podcasters também podem receber uma parte dos anúncios ouvidos pelos usuários do Spotify Free. Com isso, eles podem apostar em pagamentos do Spotify com base apenas no engajamento, não dependendo mais exclusivamente da negociação de seus próprios anúncios.
Se tudo isso soa familiar, é porque o YouTube tem um modelo quase idêntico. Os criadores de conteúdo do YouTube podem receber uma parte da receita de publicidade de anúncios internos colocados em seu site. Também recebem receita direta do número de usuários do YouTube Premium que assistem ao seu conteúdo.
Aliás, as políticas de monetização das duas plataformas têm até o mesmo nome: o modelo da plataforma de vídeos é chamado de Programa de Parceiros do YouTube.
quanto mais usuários Premium assistirem a um podcast em vídeo, mais seus criadores vão faturar.
O programa do Spotify é especializado em podcasts em vídeo. Não há pagamentos para programas somente de áudio, não importa quantos usuários Premium estejam ouvindo. Esse é um passo ainda maior no esforço de anos do Spotify para aprimorar sua plataforma de podcasts, incentivando cada vez mais criadores a adicionar elementos audiovisuais.
O Spotify introduziu o vídeo vertical, as compras no aplicativo e incluiu até mesmo uma função de comentários. Agora, é mais fácil assistir a podcasts de vídeo no Spotify do que ouvir apenas o áudio.
O YouTube é um concorrente poderoso, representando 53% do mercado de podcasts, com um papel especialmente relevante na descoberta desse tipo de programa. Ainda não se sabe se o Spotify conseguirá derrubar a participação de mercado do concorrente, mas o Programa de Parceiros é uma forte tentativa – que está destruindo o mercado de áudio no processo.
PLATAFORMAS FIÉIS AO ÁUDIO
Enquanto o Spotify se esforça para fazer com que seus podcasts favoritos se pareçam mais com os TikToks, outras plataformas de áudio se mantiveram na velha guarda.
O Apple Podcasts tem uma função de vídeo, mas ela é menos integrada e não há um programa de pagamento semelhante ao do YouTube. A maioria dos aplicativos menores com foco em áudio, como Pandora e Overcast, evita completamente os vídeos.
Transformar podcasters em influenciadores consagrados muda a composição de uma plataforma. Veja os principais programas de 2024 no Spotify e no Apple Podcasts nos EUA. A lista do Spotify é quase toda composta por programas originais feitos por criadores independentes ou pequenas empresas. Também são quase inteiramente programas de bate-papo.
Os podcasts são a mídia do momento. Eles estão alimentando o jornalismo de fofoca, sustentando as empresas que vendem mercadorias, influenciando as eleições. E, graças ao Spotify, estão deixando para trás a mídia tradicional.
