O grupo de moderadores é a melhor – e talvez a última – chance do Facebook
As pessoas que mantêm a plataforma funcionando nunca ganharão bilhões (ou sequer centavos) com isso. Mas seu trabalho é fundamental
Você já deve estar cansado de ouvir opiniões sobre a decisão de Mark Zuckerberg de encerrar o programa de checagem de fatos da Meta, flexibilizar as regras contra discurso de ódio e remodelar a empresa para a era “Trump 2.0”.
Por isso, prometo que não vou sobrecarregá-lo com mais uma dessas análises. Em vez disso, quero falar sobre pessoas que raramente recebem o reconhecimento que merecem: os moderadores voluntários que administram os milhões de grupos do Facebook.
Ao contrário de Zuckerberg, os moderadores do Facebook não estão tentando criar regras para mais de três bilhões de usuários espalhados por diversas plataformas – uma tentativa que, sejamos honestos, parece fadada ao fracasso, seja pela falta de critério ou pelo excesso de burocracia.
Eles se dedicam a algo mais simples e significativo: cuidar de comunidades menores, formadas por milhares, centenas ou mesmo dezenas de pessoas com interesses em comum. Ou seja, comunidades reais.
Ainda vejo valor no meu feed do Facebook, mas o que realmente me mantém lá são os grupos. Os que frequento e participo ativamente são espaços acolhedores, com pessoas que se tratam com respeito e têm conversas saudáveis.
E isso não acontece porque a rede social é um ambiente naturalmente amigável. Esses grupos funcionam porque os moderadores do Facebook estabelecem um tom positivo, resolvem conflitos quando necessário e levam suas responsabilidades a sério. Eles são como prefeitos de pequenas cidades: sempre simpáticos, mas firmes quando precisam ser.
Para ser justo, o Facebook dá bastante liberdade para que moderadores administrem seus grupos como preferirem. A plataforma fornece ferramentas úteis, como filtros para avaliar novos membros e um recurso de “Assistência por IA”, que ajuda a aprovar ou rejeitar postagens.
os moderadores de grupos no Facebook se dedicam a algo simples, mas significativo: cuidar de comunidades reais.
O Facebook não tenta impor uma regra ou padrão sobre como os grupos devem ser administrados. Isso pode ser, em parte, porque prefere evitar essa responsabilidade, mas o resultado, nesse caso, acaba sendo positivo.
Uma das polêmicas recentes da Meta envolve os planos de adicionar ainda mais inteligência artificial à plataforma, incluindo bots com “biografias, fotos de perfil e capacidade de criar e compartilhar conteúdo gerado”.
Um episódio interessante sobre isso aconteceu recentemente em um dos meus grupos favoritos, sobre quadrinhos e desenhos animados. Após muita discussão entre os membros, o moderador anunciou que postagens com arte gerada por IA seriam proibidas, argumentando que o objetivo do grupo é celebrar a criatividade humana.
Fiquei impressionado com a forma como ele considerou as necessidades da comunidade para tomar essa decisão, mesmo que eu mesmo já tenha compartilhado arte gerada por inteligência artificial no passado (parei quando percebi que isso incomodava alguns amigos online).
Enquanto a Meta adota uma filosofia que parece promover liberdade total de expressão – “o bom, o mau e o feio” –, são os moderadores que realmente trabalham para destacar o bom e minimizar o mau e o feio. No fim, são eles que fazem o Facebook funcionar.
É difícil que moderadores do Facebook que sejam controladores demais tenham sucesso na plataforma, já que membros insatisfeitos podem simplesmente sair e criar um novo grupo – e isso acontece com frequência.
Atualmente, meu feed está cheio de mensagens de amigos se despedindo da plataforma, frustrados com os rumos que ela está tomando. Se os moderadores dos grupos que mais gosto também desistirem, aí sim essa rede social estará perdida.
Um dos maiores erros que a Meta poderia cometer seria afastar pessoas como esses moderadores do Facebook. E, se isso acontecer, podem ter certeza: eu os seguirei para onde quer que eles forem.