IA, “superbateria” e internet via satélite farão história em um futuro próximo

As três tecnologias prometem transformar (ainda mais) nossas vidas e abrem novas oportunidades para a indústria publicitária

Crédito: metamorworks/ Getty Images

Tiago Vargas 4 minutos de leitura

Um trio de tecnologias tem tudo para dividir o ano da indústria publicitária entre antes e depois delas. Vamos começar pela mais famosa das três, a inteligência artificial.

A IA se destaca em 2025 por atingir um novo patamar de uso e, por consequência, de possibilidades. Em um contexto global tão polarizado e complexo, ela conseguiu a proeza de ser unanimidade, a despeito das legítimas preocupações sobre seus impactos no campo da ética e no mercado de trabalho.

De tradução à elaboração de receitas culinárias, passando por diagnósticos médicos e compras por meio de bots, a IA se tornou tão presente e relevante em nossas vidas quanto o ar que respiramos. Se antes era vista como uma novidade a ser desvendada, agora é reconhecida como uma ferramenta prática e útil para o dia a dia e no caminho da “comoditização”.

Na indústria publicitária não é diferente. A fase inicial de testes e experimentos dá lugar a uma aplicação eficiente, orgânica e responsável dessa tecnologia, apoiada na visão da IA como vantagem competitiva em toda a cadeia de valor das agências. Planejar, criar, operar, mensurar e gerar recomendações com a IA significa atuar com mais precisão, agilidade e sofisticação.

Se por um lado nunca foi tão difícil lidar com a atenção fragmentada e dispersa, por outro, nunca tivemos tantos recursos para compreender melhor o mundo e alcançar as pessoas com boas histórias. A ideia aqui é saber fazer um uso cada vez mais estratégico e recorrente da IA e não menos surpreendente.

INTERNET VIA SATÉLITE

Outras tecnologias também devem chacoalhar o mercado logo mais. Uma delas é o serviço de conexão de internet via satélite, que acontece a partir de antenas parabólicas, e futuramente direto para o celular e sem depender de uma infraestrutura terrestre de cabos.

Ao contrário da televisão que migrou do OTA (“Over the Air”) para o cabo, a internet vem migrando do cabo para o OTA com as tecnologias 5G e agora também com a internet via satélite de órbita baixa. E, curiosamente, está trazendo a TV de volta para o OTA com cada vez mais conteúdo de vídeo na internet.

Com esses avanços, serão necessários profissionais preparados para enfrentar riscos e o desconhecido.

Esta conexão de internet via satélite levará as campanhas no digital a qualquer lugar do planeta, exigindo uma personalização de conteúdo ainda maior. Adicionalmente, internet rápida e de baixa latência deve permitir a criação de novos negócios em áreas antes com dificuldade de conexão. Embora não seja propriamente nova, essa tecnologia vem sendo aprimorada e atingirá sua maturidade em breve.

Em um país de dimensões continentais como o Brasil, esse avanço traduz-se em perspectiva de transformação e de crescimento em lugares como a Amazônia, zonas rurais, ilhas e regiões montanhosas. A indústria publicitária terá que apoiar e potencializar esse processo de capilarização – os nichos importam, e muito.

BATERIAS COM ALTA CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO

Por fim, e não menos importante, existem as “superbaterias” e a entrada delas em nossas vidas de forma bastante significativa.

Se a capacidade de armazenamento tivesse evoluído de acordo com a Lei de Moore, assim como os microprocessadores, uma bateria do tamanho de uma moeda (aproximadamente 1 grama), que hoje pode armazenar cerca de 0,25-0,3 Wh, poderíamos imaginar armazenar até 250-300 kWh, o que seria suficiente para alimentar uma casa por vários dias.

Talvez não com a mesma velocidade, estas baterias já estejam criando mercados, além de modificar drasticamente cenários já consolidados. O setor automobilístico é a face mais conhecida de uma revolução movida a baterias com alta capacidade de armazenamento de energia. Graças a elas, a frota de veículos elétricos não para de crescer em vários países, tornando mais realista o sonho de uma mobilidade mais sustentável.

As aplicações das “superbaterias” vão muito além de smartphones e tablets, ficando fora da tomada por semanas. Ela vai possibilitar um real salto na integração biotecnológica, além de tornar a realidade aumentada algo do dia a dia.

Nesse contexto, a publicidade terá um novo velho desafio: como evoluir a personalização, a entrega de conteúdo relevante e integração com canais ainda não conhecidos pelo mercado.

Nos bastidores desses avanços incríveis, serão necessários profissionais preparados para enfrentar riscos e o desconhecido. Especialistas ou generalistas, o caminho está na disposição ao aprendizado contínuo e com alta capacidade de adaptação.

A roda vai continuar girando, e com energia disponível, vai girar ainda mais rápido daqui até o final do ano.


SOBRE O AUTOR

Tiago Vargas é Presidente da Dentsu Brasil. saiba mais