A alta diretoria deveria ganhar um novo membro. Adivinhe qual

Especialista explica a ascensão temporária do cargo de diretor de inteligência artificial

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Ashley Kramer 4 minutos de leitura

As organizações estão aumentando seus investimentos em inteligência artificial e tecnologias de IA generativa a cada dia. Um claro sinal dessa tendência é o aumento no número de executivos com um novo título: diretor de inteligência artificial, ou CAIO, do inglês chief artificial intelligence officer.

Antecipo que veremos mais desses profissionais em 2024. Mesmo para empresas que ainda estão em fase experimental em relação à inteligência artificial, nomear um alto executivo para essa tecnologia pode acelerar a implementação da IA e, ao mesmo tempo, mitigar riscos.

Não é a primeira vez que uma função executiva especializada surge em resposta a uma grande mudança tecnológica. Este foi o caso da ascensão dos diretores de nuvem durante os primeiros dias do boom da computação em nuvem corporativa.

Se sua organização planeja usar amplamente soluções de IA generativa, ou já começou a fazê-lo, considere contratar um CAIO.

Hoje, o título de diretor de inteligência artificial está ganhando um destaque semelhante. De acordo com o Estudo de Prioridades de IA, da Foundry, 11% das organizações de médio a grande porte já haviam designado um profissional para o cargo e outras 21% estavam ativamente buscando um em 2023.

Em dezembro, o CDO Club realizou o CAIO Summit 2023, promovido como “o primeiro evento do mundo especificamente projetado para diretores de inteligência artificial”. Além disso, muitas agências federais norte-americanas são agora obrigadas a nomear um CAIO, que ficará encarregado de promover a utilização da inteligência artificial e gerenciar seus riscos.

Assim como os diretores de nuvem foram vitais durante a era da computação em nuvem, os CAIOs de hoje enfrentam desafios e responsabilidades semelhantes, embora únicos, no campo da inteligência artificial.

RESPONSABILIDADES DO CARGO

Uma das responsabilidades será criar diretrizes (e supervisionar seu cumprimento) que orientem como as unidades do negócio implementam soluções de inteligência artificial em seus fluxos de trabalho específicos.

A McKinsey prevê que cerca de 75% do valor dos casos de uso de IA generativa se concentrará em quatro áreas: operações com clientes, marketing e vendas, engenharia de software e P&D.

Sem diretrizes coerentes e coordenadas, cada divisão provavelmente desenvolverá abordagens próprias para ética, governança e implementação da IA. Ter um diretor de inteligência artificial vai garantir consistência, conformidade e implementação eficiente em toda a organização.

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O desafio será fornecer essas diretrizes sem interromper ou atrasar o cronograma de implementação da organização. O que não será fácil porque, como relata a McKinsey, “ver os benefícios reais da tecnologia levará tempo e os líderes empresariais e da sociedade ainda têm desafios consideráveis a enfrentar”.

Esses desafios incluem habilidades, gestão de riscos, engenharia de processos de negócios e gestão de mudanças. A responsabilidade de lidar com esses desafios recai sobre os CAIOs.

Eles também devem acompanhar as discussões em curso sobre como (ou se) regular o desenvolvimento e uso da IA generativa. Esta lista de atribuições lança luz sobre as qualificações necessárias para um bom diretor de inteligência artificial.

QUALIFICAÇÕES PARA O CARGO

Se sua organização planeja usar amplamente soluções de IA generativa, ou já começou a fazê-lo, considere contratar um CAIO. É necessário alguém com formação e experiência relevantes que possa desenvolver uma estratégia global de inteligência artificial, incluindo sua implementação em 2024 e sua expansão para atender a casos de uso adicionais no longo prazo.

A responsabilidade de lidar com desafios como gestão de riscos, engenharia de processos de negócios e gestão de mudanças recai sobre o CAIO.

As qualificações incluem experiência em liderar iniciativas de IA e sucesso com base em métricas de negócios relacionadas ao uso de inteligência artificial. Recomendo também perguntar aos candidatos sobre sua capacidade de repensar como medir o valor da IA.

Espero que empresas voltadas para o futuro deixem de lado métricas simples de produção (por exemplo, número de posts em blogs) e passem a adotar métricas centradas em alcançar valor de negócios tangíveis.

Por exemplo, os objetivos de uma equipe de desenvolvimento de software podem estar alinhados com a melhoria da qualidade do software e da consistência na entrega, acelerando o tempo de chegada ao mercado e aumentando a satisfação do cliente.

O FUTURO DO CARGO

À medida que as organizações integram a inteligência artificial em suas principais operações, o papel do diretor de IA provavelmente evoluirá, assim como aconteceu com os diretores de nuvem ao longo dos anos.

Contratar um CAIO é um bom investimento em 2024, considerando a atenção necessária para as incertezas, riscos e importância de uma estratégia eficaz de inteligência artificial. Com o tempo, seu papel será maior conforme as tecnologias de IA generativa se tornam ferramentas padrão em todo o negócio, 

No futuro, os diretores de TI e de tecnologia serão responsáveis pelas estratégias de IA das organizações – assim como são pelas estratégias de nuvem hoje. Quando a inteligência artificial se tornar uma parte fundamental da estratégia de tecnologia da empresa, o CAIO terá cumprido sua missão.


SOBRE A AUTORA

Ashley Kramer é diretora de marketing e estratégia do GitLab. saiba mais