Brasil sedia maior conferência internacional de IA aplicada à educação

A importância do Brasil no cenário mundial foi reforçada na 25ª edição da conferência da Sociedade Internacional de Inteligência Artificial na Educação

Créditos: StudioM1/ diegograndi/ iStock

Leonardo Longo 2 minutos de leitura

A 25ª edição da conferência, organizada pela Sociedade Internacional de Inteligência Artificial na Educação (International Artificial Intelligence in Education Society, AIED, na sigla em inglês), reuniu cerca de 400 pesquisadores de todo o mundo no Recife para debater o tema "Inteligência Artificial na Educação para um Mundo em Transição".

A importância do Brasil no cenário mundial foi reforçada ao longo de todo o evento (realizado entre os dias 8 e 12 de julho), com destaque para a relevância de pesquisas aplicadas que visem à redução da desigualdade de aprendizagem.

Inédito na América Latina, o evento foi organizado pela Cesar School, em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

A conferência contou com workshops e apresentações de artigos acadêmicos, além de painéis e apresentações com grandes palestrantes, como Blaženka Divjak, ex-ministra de ciência e educação da Croácia, e o professor e pesquisador Seiji Isotani, um dos fundadores do Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (NEES).

Utilizando o contexto brasileiro como exemplo dos desafios enfrentados pelos países do Sul Global, o professor Isotani apresentou o conceito "AIED Unplugged", uma metodologia para integrar tecnologias de inteligência artificial em ecossistemas educacionais existentes, sem a necessidade de infraestrutura complexa, acesso constante à internet ou conhecimento digital avançado.

Essa abordagem, aplicada na reforma de uma política educacional no Brasil com foco na melhoria da escrita dos alunos e na mitigação dos efeitos da pandemia, reduziu o tempo, o custo e a complexidade da implementação, além de impactar positivamente mais de 500 mil alunos em sete mil escolas.

o Brasil tem oportunidades iminentes de pautar a agenda global de inteligência artificial na educação.

Seiji compartilhou o desafio de mudar sua mentalidade de "ser um pesquisador" para "utilizar a pesquisa de forma pragmática para influenciar políticas públicas". Sua fala foi fundamental para ampliar o conhecimento sobre os desafios brasileiros de infraestrutura.

A importância da pesquisa aplicada, assim como a intensificação do diálogo da academia com diferentes stakeholders, também foi destacada na fala do professor e pesquisador Ig Ibert Bittencourt, um dos fundadores do NEES e professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

A AIED é uma comunidade interdisciplinar que envolve ciência da computação, educação e psicologia, e o professor fez um chamado para que seus membros atuem nos mais diferentes fóruns, visando amplificar o impacto dos aprendizados de suas pesquisas.

Em um momento inspirador, que reforça a relevância do Brasil no cenário mundial, foi anunciado que Seiji Isotani será o próximo presidente da Sociedade Internacional de AIED. Esta será a primeira vez que um cientista brasileiro ocupará a presidência da entidade, que existe há 30 anos e reúne pesquisadores de IA na educação de todo o mundo.

Uma forma estimulante de fechar uma semana cheia de aprendizados, com um exemplo claro de que o Brasil tem oportunidades iminentes de pautar a agenda global de inteligência artificial na educação.

Mais informações estão disponíveis no site oficial do evento.


SOBRE O AUTOR

Leonardo Longo é professor no curso de comunicação e publicidade da ESPM e gerente de marketing no Google. saiba mais