Deloitte alerta para o risco de deixar prioridades de lado por conta da IA

Em seu relatório de tendências tecnológicas, a empresa adverte que é difícil dizer como exatamente o mundo dos negócios irá utilizar a tecnologia

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Chris Morris 4 minutos de leitura

A inteligência artificial é fascinante e pode muito bem se tornar a próxima grande novidade no mundo dos negócios, mas talvez não mereça tanta atenção da sua empresa quanto está recebendo. É o que diz o novo relatório de tendências tecnológicas da Deloitte, que avalia o que está em alta e o que está no horizonte da tecnologia empresarial.

Nos últimos 15 anos, o estudo tem analisado o cenário tecnológico para ajudar as empresas a se prepararem para o que está por vir. A IA vem recebendo muita atenção este ano. Mas, em vez de se unir à onda da inteligência artificial, a Deloitte adverte que a tecnologia pode estar ofuscando outras questões importantes.

Treinar inteligência artificial com dados enviesados ou mal ajustados é como dar armas nas mãos de crianças.

“Embora a IA generativa seja a grande sensação do momento, há um risco real de perdermos de vista o que realmente importa”, alerta Mike Bechtel, futurista-chefe da Deloitte. “Focar demais em uma única tecnologia tende a desviar a atenção do panorama geral.”

Este panorama geral, de acordo com Bechtel, engloba “interação humano-computador, computação, o lado comercial da tecnologia, cibersegurança [e] modernização”. Em outras palavras, todos os detalhes que realmente impulsionam o mundo.

Com essa ressalva em mente, o relatório de 2023 ainda se concentra fortemente na IA, mas traz alguns avisos tanto para céticos quanto para entusiastas.

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A inteligência artificial depende da qualidade dos dados com os quais é treinada, o que torna essencial que as empresas garantam que seus dados sejam arquitetados adequadamente.

“A IA, em todas as suas formas, é um multiplicador de forças – um espelho mágico de parque de diversões, por assim dizer – para o que nós, humanos, colocamos nela. Treiná-la com dados enviesados, mal ajustados etc. é como dar armas nas mãos de crianças.”

Embora a IA generativa seja a grande sensação do momento, há um risco real de perdermos de vista o que realmente importa.

O relatório aponta que a maioria das pessoas se divide em dois grupos: ou estão muito ansiosas para integrar a tecnologia, ou não estão animadas o suficiente com seus potenciais benefícios.

Alguns são tão céticos que não estão dispostos a nem mesmo experimentar a tecnologia, colocando-se atrás da concorrência. Outros a abraçam completamente apenas porque está na moda, e não porque resolve um problema específico.

Apesar dos alertas, o relatório é bastante otimista em relação à IA. Apenas adverte que ainda estamos na fase inicial da tecnologia, então é difícil dizer como, exatamente, o mundo dos negócios vai utilizá-la. “Estamos certos de que ela transformará os negócios”, diz o relatório. “Só não sabemos onde terá mais impacto.”

REALIDADE AUMENTADA E VIRTUAL

O estudo também destaca a computação espacial, sugerindo que tanto a realidade virtual (RV) quanto a aumentada (RA) provavelmente se tornarão partes muito mais críticas do ambiente de trabalho nos próximos anos.

Não é a primeira vez que essas tecnologias chamam a atenção, mas nunca corresponderam ao que seus entusiastas imaginaram. No entanto, a Deloitte observa que algumas coisas mudaram.

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A velocidade de rede e de processamento aumentou consideravelmente e a vida útil da bateria dos dispositivos é agora substancialmente maior. Bechtel acrescenta que as empresas de RA e RV estão indo além dos games, abrindo novos caminhos que oferecem oportunidades de crescimento às empresas.

O iminente lançamento do Vision Pro, da Apple, provavelmente aumentará ainda mais o interesse do setor, tornando essas tecnologias mais populares do que nunca. Mas as empresas precisarão se preparar para questões de privacidade e problemas de segurança cibernética que possam surgir.

AGENTES MALICIOSOS

A segurança é outro tema chave no relatório. À medida que novas tecnologias se integram aos negócios, criminosos cibernéticos tentarão explorá-las para obter acesso não autorizado. Já estamos vendo isso com deepfakes sendo usados como ferramentas de phishing.

realidade virtual e aumentada se tornarão partes muito mais críticas do ambiente de trabalho nos próximos anos.

“A própria realidade está sob ataque. Literalmente, não podemos mais confiar nos nossos olhos [ou ouvidos]”, afirma Bechtel. “O que as empresas estão fazendo é combater fogo com fogo. Não posso confiar em mim mesmo, mas posso confiar na minha matemática para desvendar a matemática deles.”

Isso é particularmente importante agora porque, uma vez que um conteúdo se torna viral – seja ele verdadeiro ou não – a opinião pública é alterada.

Este é o próximo passo no interminável jogo de gato e rato entre hackers e equipes de TI. Mas é provável que se torne ainda mais importante nos próximos anos, à medida que fica mais difícil distinguir a verdade da ficção.


SOBRE O AUTOR

Chris Morris é um jornalista com mais de 30 anos de experiência. Saiba mais em chrismorrisjournalist.com. saiba mais