Geração IA e geração Alpha: os impactos de crescer em um ciclo de inovação

Uma combinação que pode trazer os resultados mais impactantes até agora

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Dani Mariano 4 minutos de leitura

Em seu livro “Generations” (Gerações), Jean Twenge diz que muitas pessoas acreditam que eventos importantes como guerras, crises econômicas ou até pandemias são os principais marcadores das diferenças entre gerações.

Embora esses eventos provavelmente definam características compartilhadas, ela aponta que a influência mais significativa pode vir de outra coisa: a tecnologia.

Os millennials cresceram junto com a evolução da internet. Há 30 anos, o poder da conectividade, mesmo para coisas simples como buscar informações básicas, foi profundo. Hoje, a internet é uma base essencial do comércio, da sociedade e muito mais.

Há 15 anos, as crianças da geração Z acompanhavam de perto a evolução dos smartphones e das redes sociais. A interação em tempo real, mesmo que fosse apenas para tirar e postar fotos pelo celular, foi revolucionária. Hoje, os smartphones são dispositivos multifuncionais e a conexão nas redes sociais é instantânea.

Se você observar, há um padrão nesses ciclos de inovação e no modo como cada geração cresce com eles. Os millennials perceberam que a internet seria um catalisador que moldaria suas vidas, levando muitos a buscar carreiras em ciência da computação e tecnologia da informação.

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A geração Z monetizou os dispositivos móveis e as plataformas sociais, criando toda uma indústria de criadores de conteúdo para públicos engajados. E a velocidade da inovação tecnológica está encurtando o intervalo entre as gerações.

Agora, a geração Alpha está crescendo com a evolução da IA generativa. A capacidade de gerar resultados quase instantâneos em formatos de texto e imagem, mesmo com prompts simples como “escreva um brinde para um casamento”, é impressionante. Hoje, já vemos como as atualizações rápidas estão mudando o cenário das ferramentas de IA.

Sabemos que os millennials e a geração Z são conhecedores da tecnologia, que fazem reuniões de trabalho com colegas de todo o mundo, planejam férias pelo celular e compram produtos nas redes sociais. O que ainda não sabemos é como crescer no ciclo de inovação da IA vai afetar a geração Alpha.

Aqui estão quatro áreas nas quais as organizações devem prestar muita atenção conforme esta geração se aproxima da idade adulta nos próximos anos.

INTELIGÊNCIA INSTANTÂNEA

A pandemia forçou a geração Alpha a se adaptar ao aprendizado online, levando a uma exposição precoce à tecnologia e a um ambiente de aprendizagem virtual. Em um segundo momento, a IA mudou ainda mais a experiência educacional.

Sabemos que os membros da geração Alpha são alunos apaixonados, mas impacientes, com mais de 60% deles dizendo que preferem coisas que levam menos tempo para aprender e são fáceis de dominar.

A IA se encaixa perfeitamente nesse perfil, oferecendo um atalho para os estudantes alcançarem seus objetivos. Depois de atingir o resultado, o foco passa a ser entender os detalhes por meio de engenharia reversa.

REDES SOCIAIS E IA

Com o surgimento do TikTok, houve um aumento na ênfase em vídeos curtos. Plataformas como o Shorts, do YouTube, e o Reels, do Instagram, seguiram o exemplo.

A forma como a geração Alpha consome conteúdo pode impactar desde a capacidade de atenção até os estilos de aprendizado e os fluxos de trabalho futuros.

Embora todas as gerações tenham ficado encantadas com a capacidade dos grandes modelos de linguagem (LLMs, na sigla em inglês) de gerar textos, as organizações devem observar de perto não se, mas como os a geração Alpha está usando a IA.

Ferramentas de conversão de texto para vídeo podem ter maior valor no futuro, conforme a tecnologia avança e as questões éticas são resolvidas.

LARES CHEIOS DE TECNOLOGIA

Esta geração está crescendo em lares repletos de dispositivos tecnológicos multifuncionais, e 65% dos pais dizem que a tecnologia tem um impacto positivo em seus filhos.

No caso da IA, esse apoio mais forte pode mudar o cenário. Uma coisa são os pais não impedirem o uso de inteligência artificial, outra é incentivar seus filhos a usá-la. Essa dinâmica pode acelerar a adoção de IA em várias áreas do cotidiano.

O AUTÊNTICO VERSUS O ARTIFICIAL

Como a geração Z, a Alpha é motivada por propósitos, prioriza o conforto e valoriza a autenticidade. Mas como eles se sentirão consumindo conteúdo gerado por IA?

É uma questão intrigante, para a qual não teremos uma resposta a curto prazo, mas as empresas devem observar para que lado a balança se inclina. Se a geração Alpha não se importar se o conteúdo é gerado por inteligência artificial, isso pode significar uma grande mudança nos padrões da indústria e nas expectativas de compartilhamento de informações.

Se eles priorizarem a transparência e exigirem isso das organizações, aquelas que pretendem usar ferramentas de IA precisarão tomar medidas para manter a confiança desses jovens consumidores.

Crescer em um ciclo de inovação pode definir uma geração. Certamente, a tecnologia não é o único fator para as diferenças culturais entre grupos etários, mas os paralelos são fascinantes de estudar.

Com seu poder e potencial para transformar o mundo, a combinação atual de IA generativa e geração Alpha pode trazer os resultados mais impactantes já vistos até agora.


SOBRE A AUTORA

Dani Mariano é presidente da agência de marketing Razorfish. saiba mais