Google adota nova medidas contra quem tenta burlar seu algoritmo de busca

A empresa afirma estar melhorando a proteção contra conteúdos de baixa qualidade que tentam obter uma posição alta nos resultados de busca

Crédito: Fast Company Brasil

Harry McCracken 3 minutos de leitura

Se você tem notado um aumento no número de links duvidosos nos seus resultados de busca no Google, saiba que não está sozinho. Até mesmo a empresa reconhece que poderia fazer mais para impedir táticas amplamente usadas para burlar seu algoritmo. E acaba de anunciar várias mudanças para reduzir a visibilidade de páginas de baixa qualidade ou removê-las por completo dos resultados.

Chamado March 2024 Core Update, este conjunto de correções se baseia em ajustes algorítmicos que o Google começou a implementar em 2022 para evitar que sites duvidosos concorram com páginas úteis quando as pessoas usam seu mecanismo de busca. Ao todo, a empresa afirma que esses ajustes devem reduzir em 40% o volume de “conteúdo de baixa qualidade e não original”.

O Google já penalizava sites que utilizam IA para produzir grandes quantidades de conteúdo de má qualidade, mas altamente otimizado para ter boa posição nos resultados.

Com o surgimento de grandes modelos de linguagem, como o GPT-4, da OpenAI, e o Gemini, do próprio Google, nunca foi tão fácil encher um site com material gerado por inteligência artificial.

Mas, em vez de focar especificamente em páginas que usam IA nesses esforços, a empresa agora afirma que se concentrará em conter conteúdo de baixa qualidade com alta classificação, independentemente das técnicas envolvidas.

as modificações se baseiam no aprendizado de milhares de avaliadores humanos treinados para analisar resultados de busca da mesma forma que os usuários.

“A IA generativa é uma ferramenta realmente valiosa para criadores, e não há nada de errado em usá-la para criar o conteúdo que você oferece aos seus usuários”, ressalta Pandu Nayak, vice-presidente de pesquisa do Google que supervisiona a qualidade e a classificação. 

“O problema surge quando se começa a fazer isso em escala, não com a intenção de atender os usuários, mas para subir de posição nos resultados de busca.” Não importa se as novas políticas mencionam automação ou não, é difícil imaginar alguém produzindo conteúdo em massa, sem se importar com a qualidade, que não dependa de IA para fazer a maior parte do trabalho.

Em alguns casos, páginas duvidosas de terceiros aparecem em sites respeitáveis para se beneficiar de sua posição nos resultados de busca. Um exemplo, segundo o Google, são “avaliações de empréstimo consignado em sites educacionais confiáveis”.

A empresa começará a tratar essas páginas como spam, com um aviso prévio de dois meses para que os sites em questão tenham a chance de corrigir sua conduta. Além disso, afirma que tomará medidas contra donos de sites que adquirem domínios antigos respeitáveis e depois os reabrem como depósitos de conteúdo de baixa qualidade.

Mas, mesmo com políticas mais rigorosas, usar algoritmos para aplicá-las nunca será eficaz 100% do tempo. Por isso, as modificações se baseiam no aprendizado de milhares de avaliadores humanos treinados para analisar resultados de busca da mesma forma que os usuários.

Com o surgimento de grandes modelos de linguagem, nunca foi tão fácil encher um site com material gerado por inteligência artificial.

A empresa mostra dois conjuntos de resultados lado a lado – um sem alterações e outro com os ajustes propostos – e pede que identifiquem qual tem maior qualidade. Para que haja algum grau de consistência, os avaliadores consultam o Manual de Avaliação de Qualidade de Busca do Google. “É como um norte para o mecanismo de busca.”

Com as novas medidas em vigor, será que os usuários notarão uma melhora em sua experiência no Google? Nayak acredita que sim. Mas reconhece que as pessoas são menos propensas a ficar impressionadas com bons resultados do que incomodadas com resultados ruins.

“Ninguém diz: ‘fiz uma busca e funcionou muito bem’”, diz Nayak. “Porque, claro, é para isso que ela deveria servir. Mas sempre notam quando os resultados não são bons.”

Quanto menos notarem, mais fortes serão as evidências de que a iniciativa anti-spam do Google está dando certo.


SOBRE O AUTOR

Harry McCracken é editor de tecnologia da Fast Company baseado em San Francisco. Em vidas passadas, foi editor da Time, fundador e edi... saiba mais