Gravadoras processam Anthropic por uso de músicas para treinar sua IA

Ação abre nova frente na luta da indústria da música contra ferramentas de IA generativa treinadas com conteúdo protegido por direitos autorais

Créditos: Fabrika Simf/ Freepik/ Erik McLean/ Unsplash

David Salazar 2 minutos de leitura

Três das maiores gravadoras do mundo estão processando a Anthropic, alegando que seus modelos de inteligência artificial violam direitos autorais de letras de músicas.

Universal Music Group, Concord Music Group e ABKCO Music entraram com a ação no tribunal de Nashville, nos EUA, sinalizando uma nova abordagem para impedir que empresas de IA treinem seus modelos com materiais protegidos por direitos autorais.

No centro do processo está Claude, o chatbot da Anthropic, que, de acordo com as gravadoras, foi treinado com conteúdo retirado de toda a internet – incluindo inúmeras composições cujos direitos são controlados pelos autores da ação. Como resultado, o modelo pode fornecer letras de músicas como “Sweet Home Alabama” ou “Gimme Shelter” quando solicitado.

“Já existem vários agregadores e sites que desempenham a mesma função, mas que obtiveram as licenças para disponibilizar esse serviço”, diz o processo.

Mais do que apenas gerar letras quando solicitado diretamente, a ação alega que o chatbot da Anthropic reproduz letras de músicas protegidas por direitos autorais até mesmo em solicitações indiretas – como compor uma canção sobre um tópico semelhante ou criar poesia ou conto que imita o estilo de um artista –, sem reconhecer os detentores dos direitos.

Como parte do processo, as empresas enviaram uma lista com 500 músicas, de artistas que vão desde Beach Boys até Ariana Grande, que alegam ter tido seus direitos autorais infringidos.

Além disso, as gravadoras afirmam que a empresa obteve lucro licenciando e oferecendo acesso a chatbots que utilizam o Claude e à API de softwares desenvolvidos pelos clientes comerciais da Anthropic.

“Uma das razões pelas quais os modelos de IA da Anthropic são tão populares e valiosos é devido ao seu substancial corpus, que inclui letras de músicas protegidas por direitos autorais de gravadoras”, afirmam os autores da ação.

Crédito: Roozbeh Eslami/ Unsplash

Ao mirar em uma startup de inteligência artificial que construiu um grande modelo de linguagem – especialmente uma como a Anthropic, que alegava ter utilizado uma abordagem responsável na construção de seu modelo, com um conjunto de princípios orientadores destinados a reduzir danos –, fica evidente que os principais players da indústria musical estão interessados em combater empresas de IA generativa de qualquer natureza que possam infringir seus direitos autorais.

As empresas enviaram uma lista com 500 músicas de artistas que alegam ter tido seus direitos autorais infringidos.

Esta estratégia está alinhada com a Human Artistry Campaign, uma iniciativa de toda a indústria lançada em março pela Associação Americana da Indústria de Gravação e por gravadoras como a Universal Music Group (UMG), que se concentra no uso responsável da IA.

De início, os esforços focaram principalmente em como as ferramentas de música generativa treinam seus modelos, incluindo um pedido da Universal Music a serviços de streaming como o Spotify e o Apple Music para evitar que empresas usem seus catálogos para treinar modelos de IA.

Em setembro, a UMG anunciou uma parceria com o Deezer, com foco na promoção de músicas de artistas com um determinado número de ouvintes mensais e na desmonetização do que ela chama de “ruído não relacionado a artistas”.

A Anthropic não respondeu quando procurada para comentar sobre o processo.


SOBRE O AUTOR

David Salazar é editor associado da Fast Company. saiba mais