Parece até ficção: aeroportos poderão ser radicalmente transformado pela IA

Um dia, você poderá fazer o check-in do seu voo de dentro do seu carro autônomo

Crédito: Teague

Devin Liddell 5 minutos de leitura

Geralmente, a planta dos aeroportos tem o formato de um haltere de academia. Uma extremidade é usada para emissão de passagens e despacho de bagagens. A outra é onde ficam os portões de embarque, além dos restaurantes e lojas.

O espaço central entre essas duas extremidades é mais estreito e serve para o controle de segurança, que separa a “zona terrestre” do aeroporto da “zona aérea”.

Esse modelo se tornou mais comum nas últimas duas décadas, principalmente por causa dos equipamentos de triagem e segurança. Mas a inteligência artificial promete revolucionar esse formato.

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Primeiro, criando novas formas de interação entre o público e a infraestrutura aeroportuária. Segundo, superando a barreira tradicional entre as zonas terrestre e aérea.  E, por fim, trazendo novas soluções de design para as instalações físicas e digitais dos aeroportos.

Veja como essas mudanças devem se desenrolar nos próximos cinco, 10 e 20 anos.

Em cinco anos: primeiras interações personalizadas com a infraestrutura

Tradicionalmente, os aeroportos anunciam tudo o que está acontecendo, seja através de um sistema gigante de exibição de informações de voo, seja através de uma série de anúncios de portão. O que o passageiro precisa fazer é extrair as informações relevantes e se organizar a partir delas.

No entanto, essa dinâmica de poder em que o aeroporto informa sobre suas operações e o passageiro precisa buscar dados no local vai se tornar muito mais colaborativa.

A inteligência artificial vai trazer novas soluções de design para as instalações físicas e digitais dos aeroportos.

No Aeroporto Internacional de Seattle-Tacoma (SEA), nos EUA, os passageiros já podem “agendar um horário” específico para passar pelos controles de segurança, evitando as filas e a ansiedade de cruzar os pontos de controle quando vai chegando a hora do embarque.

Nesse mesmo aeroporto, os passageiros que estacionam seus veículos podem usar um sistema automatizado de orientação para encontrar vagas mais rapidamente. De várias maneiras, o aeroporto está melhorando sua eficiência ao permitir que os passageiros interajam com a infraestrutura de forma mais direta.

Daqui a cinco anos de inovações assim, é fácil imaginar interações ainda mais personalizadas. O sistema de orientação de estacionamento automatizado do SEA, baseado em sensores e sinais luminoso, vai se integrar com os dispositivos auditivos e vestíveis (wearables) dos passageiros por meio de interações altamente personalizadas por comandos de voz, como “qual andar e corredor da garagem tem mais vagas disponíveis perto de um elevador?”.

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Estender esse nível de integração aos parceiros do aeroporto, como restaurantes e empresas de táxi ou transfer, fará com que ele se torne um intermediário de serviços e permitirá que os passageiros façam perguntas como “quais restaurantes no saguão B estão com mesas livres no momento?” ou “qual é a corrida de táxi mais barata que vai estar disponível quando eu desembarcar no terminal?”. Algumas dessas interações também trarão receita de geração de leads.

Em 10 anos: rompendo a barreira entre as zonas terrestre e aérea

Em 10 anos, os veículos autônomos serão o elemento disruptivo mais importante para as operações aeroportuárias, por dois grandes motivos. Primeiro, porque eles vão reduzir a receita dos estacionamentos conforme essas frotas começarem a levar mais e mais passageiros para o aeroporto. Segundo, por serem seguros e controlados.

Para fins de operações aeroportuárias, isso significa que os passageiros serão autenticados quando acessarem o veículo, e o próprio veículo será equipado com câmeras e microfones para monitorar e se comunicar com os passageiros, se necessário.

Essas características incorporadas vão tornar os veículos autônomos um jeito natural de fazer o controle de segurança a caminho do aeroporto, seja por meio de agentes dos órgãos encarregados da segurança interagindo com os passageiros remotamente ou até mesmo com agentes de IA com presença puramente digital dentro dos veículos.

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Em outras palavras, os veículos autônomos serão a próxima geração de controle de segurança com tecnologia de inteligência artificial.

Depois que os passageiros forem inspecionados enquanto se dirigem ao aeroporto, eles poderão entrar na diretamente na zona aérea , já que essa é a área de segurança depois da triagem. Haverá duas entradas possíveis, e ambas poderão ser usadas simultaneamente.

Uma delas levará o passageiro para dentro dos saguões e portões de embarque; a outra o levará direto para a aeronave. Os lojistas e donos de restaurantes dos aeroportos ficarão satisfeitos com a primeira opção e preocupados com a segunda. Se houver as duas, no entanto, os aeroportos terão novas oportunidades de realocar os espaços para diferentes funções dentro de suas áreas úteis.

Em 20 anos: grandes aeroportos recreativos e intermodais menores

Como os aeroportos serão quando recorrerem à IA para gerenciar a inspeção de segurança e o manuseio de bagagens fora das suas instalações e puderem utilizar seu espaço físico apenas para encaminhar os passageiros diretamente para a aeronave? Eles terão opções de entretenimento nesses espaços antes dedicados a filas e esperas.

Essas amplas áreas serão ocupadas por grandes atrações, e já existem exemplos de como isso pode acontecer. O Jewel Changi Airport, em Cingapura, tem a maior cachoeira interna do mundo e 22 mil metros quadrados de jardins internos.

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O Aeroporto Schiphol, em Amsterdã, oferece acesso gratuito 24 horas por dia, sete dias por semana, ao Rijksmuseum Schiphol, uma exposição rotativa do museu mais famoso da Holanda. O Aeroporto de Munique já sediou eventos de surfe indoor e arvorismo.

O foco dos novos aeroportos será, desde o início, projetar em espaços físicos menores. Combinado com novas modalidades de aeronaves menores e mais silenciosas, haverá oportunidades para aproximar os aeroportos dos centros urbanos, o que integrará melhor a aviação comercial às redes ferroviárias e aos sistemas de trânsito.

Embora nada disso seja óbvio para nós atualmente, é a expansão das tecnologias de inteligência artificial de hoje que dará origem às diversas formas de presença digital dos futuros aeroportos.


SOBRE O AUTOR

Devin Liddell é futurista na Teague e trabalha com empresas dos setores de aviação, automotivo, mobilidade e cidades inteligentes, ent... saiba mais