Perplexity vai começar a vender ads na sua área de busca com IA

Após polêmica envolvendo coleta de dados sem permissão, empresa anunciou que passará a compensar veículos cujo conteúdo for usado pela plataforma

Créditos: AaronAmat / iStock

Mark Sullivan 3 minutos de leitura

Em breve, a Perplexity começará a pagar a veículos de notícias sempre que seus conteúdos forem utilizados para gerar respostas específicas em seu motor de busca por IA. O novo modelo de negócios se baseia em compartilhar parte da receita das vendas de anúncios, marcando um novo capítulo para a jovem empresa.

Anúncios sempre fizeram parte da busca online, mas exibi-los em uma plataforma de inteligência artificial é uma novidade. O Google, por exemplo, exibe anúncios ao lado das respostas do AI Overviews, mas não dentro delas. A Perplexity, por outro lado, nunca havia se aventurado nesse território. Até agora.

A partir deste trimestre, a empresa permitirá que marcas comprem “perguntas de acompanhamento relacionadas”, que aparecerão abaixo da resposta inicial de uma busca, claramente identificadas como patrocinadas.

O anunciante pagará uma taxa (não divulgada) por cada mil visualizações. Quando o conteúdo de algum veículo de mídia for utilizado na resposta à pergunta patrocinada, uma porcentagem dos lucros será repassada ao jornal.

Agora como parceiros, eles também terão acesso gratuito aos grandes modelos de linguagem da Perplexity, através de suas APIs, para que possam criar motores de resposta baseados em seu próprio conteúdo.

Enquanto os mecanismos de buscas convidam os usuários a clicarem em links de sites, elas geram respostas apresentando tudo em um só lugar

Poderão, por exemplo, criar um bot para permitir que os leitores façam perguntas sobre as matérias. Além disso, ganharão uma assinatura Pro por um ano para todos os seus funcionários.

A empresa tem sido criticada por usar conteúdo sem permissão. Também já foi acusada de rastrear sites, mesmo com avisos explícitos de violação de direitos.

Naturalmente, veículos de notícias têm demonstrado muita cautela diante dessas novas ferramentas de inteligência artificial. Enquanto os mecanismos de buscas tradicionais convidam os usuários a clicarem em links relevantes de diversos sites, elas geram respostas completas a partir do conteúdo já coletado, apresentando tudo em um só lugar. 

Algumas ferramentas de busca por IA oferecem a opção de acessar as fontes originais por meio de citações e outros links. Sem isso, os jornais perdem visitantes que poderiam assinar seu conteúdo, ver anúncios ou compartilhar suas matérias nas redes sociais.

    Agora, a Perplexity afirma que está modificando seus processos e produtos com base no feedback de parceiros, que atualmente incluem nomes como as revistas “Time”, “Fortune”, “Entrepreneur” e o site de notícias alemão “Der Spiegel”. 

    Além da participação nos lucros dos anúncios, a empresa anunciou que atualizou a forma como seus sistemas indexam e citam fontes. “Também estamos usando os feedbacks para ajustar nossos roteiros de produtos e novos lançamentos de recursos”, afirmou em comunicado à imprensa.

    "Precisamos de modelos de negócios e receita para veículos pois a Perplexity depende de fatos sobre o mundo.”

    “Discutimos muito para garantir que nosso ecossistema reproduza apenas informações verdadeiras e seja bem-sucedido”, revelou Dmitry Shevelenko, diretor de negócios da empresa, em uma entrevista recente à Fast Company. “Uma das conclusões que chegamos é que precisamos ter modelos de negócios e fluxos de receita especificamente para veículos porque a Perplexity depende de um fluxo constante de fatos sobre o mundo.”

    A notícia surge poucos dias após a OpenAI finalmente anunciar sua própria ferramenta de busca por IA – que ainda está sendo testada com um pequeno número de usuários e que deve ser adicionada ao ChatGPT posteriormente. A empresa revelou que também está fechando acordos de conteúdo com veículos de notícias, mas os termos ainda são desconhecidos.


    SOBRE O AUTOR

    Mark Sullivan é redator sênior da Fast Company e escreve sobre tecnologia emergente, política, inteligência artificial, grandes empres... saiba mais