Startup de IA garante que quer ajudar jornalistas – não substituí-los
O Nota, que gera manchetes e vídeos curtos a partir de matérias, é destaque na nova plataforma para Jornalismo da Microsoft
A nova plataforma para jornalistas da Microsoft, a Journalism Hub, foi lançada na semana passada, em homenagem ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Ela foi projetada para conectar as redações com ferramentas digitais. Em um momento difícil para a imprensa livre, essas ferramentas podem trazer um novo fôlego.
Entre os lançamentos da Microsoft estão o pacote de segurança cibernética AccountGuard for Journalists, o feed de notícias Microsoft Start news feed, que proporciona receita para organizações de notícias, e uma nova ferramenta de inteligência artificial chamada Nota, que pode ajudar as redações a criar manchetes e vídeos curtos com base nas matérias já existentes.
O Nota permite que jornalistas gerem rapidamente um conteúdo resumido com base em seus textos já redigidos.
A plataforma visa ajudar a combater o declínio dos noticiários locais e o consequente aumento da desinformação, explica Ginny Badanes, diretora sênior da iniciativa Democracy Forward, da Microsoft, que opera o Hub. “A plataforma está reunindo em um único lugar todos esses recursos que nós que trabalhamos aqui já conhecemos”, diz Badanes.
O projeto chega em um momento de incerteza em muitas redações, onde fechamentos e demissões transformaram cada vez mais cidades em “desertos de notícias”, com pouca ou nenhuma cobertura local. “Não podemos minimizar o papel do jornalismo para a democracia e para o ecossistema de informações”, diz Badanes.
POUPAR TEMPO OU EMPREGOS?
Entre as tecnologias mais interessantes do Hub está a plataforma de inteligência artificial Nota. A Microsoft escolheu o Nota, em parte, por causa de seu design de alta qualidade e facilidade de uso, diz Badanes.
A plataforma Nota, atualmente em versão beta, permite que os jornalistas gerem rapidamente um conteúdo resumido com base em seus textos já redigidos. Isso inclui manchetes otimizadas para mecanismos de pesquisa, metadados para mecanismos de pesquisa e sites de mídia social, além de resumos para postar nas mídias sociais.
o sistema conta com modelos de IA treinados de forma personalizada para redações individuais.
O Nota foi projetado para permitir que os jornalistas se concentrem nas reportagens e matérias para as quais foram treinados, em vez de gastar tempo criando conteúdo extra para compartilhamento em redes. Essa ajuda pode ser especialmente valiosa para redações pequenas, onde todo jornalista precisa equilibrar vários pratinhos.
“Hoje em dia, espera-se que os profissionais sejam não apenas jornalistas, mas que façam um pouco de tudo, que sejam generalistas”, analisa o fundador e CEO do Nota, Joshua Brandau, que foi diretor de marketing do jornal "Los Angeles Times" e lembra de funcionários que estavam lançando e debatendo manchetes em um canal do Slack.
Em fevereiro, o Nota anunciou uma parceria com o The Arena Group, proprietário dos títulos "TheStreet", "Sports Illustrated" e "Parade". Mas Brandau diz que a ferramenta deve ser igualmente bem-vinda para organizações de notícias menores.
O Nota também pode gerar vídeos curtos com base em matérias, usando seu próprio texto de resumo e imagens geradas ou extraídas do material de arquivo das redações. Esses vídeos podem ser postados ao lado dos artigos escritos, para leitores que preferirem vídeo, ou podem ser compartilhados em plataformas de mídia social.
Como aponta Brandau, um vídeo pode muitas vezes obter taxas de publicidade mais altas do que os textos impressos, o que aumentaria a receita de publicidade para os usuários.
AUTOMAÇÃO DA GERAÇÃO DE VÍDEOS
A partir de agora, o sistema conta com modelos de IA treinados de forma personalizada para redações individuais, o que ajuda a garantir que os dados de treinamento permaneçam privados, além de otimizar a saída do Nota para o estilo de cada redação.
A empresa está trabalhando em integrações com sistemas populares de gerenciamento de conteúdo para proporcionar aos usuários um acesso mais simplificado aos materiais gerados pela ferramenta.
No futuro, ela provavelmente também será capaz de otimizar automaticamente o vídeo para diferentes plataformas, economizando tempo gasto ajustando a estética e as proporções para, por exemplo, LinkedIn, TikTok e YouTube.
Brandau também espera que o Nota seja capaz de resumir e marcar o conteúdo de arquivo das redações, que geralmente é difícil de navegar, e até gerar notas de eventos, como reuniões de congressistas que os jornalistas poderiam transformar em notícias.
“Com essa ferramenta, você não precisa sobrecarregar um repórter estagiário pedindo para ele passar horas cuidando dessa pré-seleção. Ela já te dá um resumo automatizado”, diz o executivo. Mas ele diz não imaginar o Nota substituindo jornalistas, apenas permitindo que se concentrem nas reportagens principais com mais eficiência..