Justiça dos EUA pressiona Google para vender Chrome

Intenção é limitar monopólio em buscas e estimular concorrência no mercado digital

Créditos: Growtika/ Unsplash

Redação Fast Company Brasil 3 minutos de leitura

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ, na sigla em inglês) propôs que o Google venda o navegador Chrome para reduzir o seu domínio no mercado de buscas online.

A iniciativa, apresentada junto com estados norte-americanos, segue uma decisão judicial de agosto que entende que a empresa manteve um monopólio ilegal em buscas online.

Lançado em 2008, o Chrome detém cerca de 67% do mercado global de navegadores e fornece ao Google dados valiosos para direcionar anúncios. A Justiça norte-americana chamou o navegador de “ponto-crítico” que permite à Alphabet, dona do Google, ter controle do usuário final, mas também das empresas que utilizam as ferramentas de publicidade digital do Google.

Segundo o DOJ, a separação do Chrome da estrutura da empresa seria essencial para criar uma competição mais equilibrada. “O campo de jogo não é justo devido às práticas do Google, e a qualidade do Google reflete os ganhos ilícitos de uma vantagem adquirida de forma ilegal”, afirmaram os advogados do governo. “O remédio deve preencher essa lacuna e privar o Google dessas vantagens.”

“O Google é uma empresa monopolista e tem agido como uma para manter seu monopólio”, diz o documento enviado para o juiz Amit Mehta, que está analisando o processo dos Estados Unidos contra o Google no distrito de Colúmbia.

ANDROID E ANÚNCIOS EM JOGO

A justiça norte-americana exige que o Google dê mais transparência e acessibilidade para o mercado de publicidade digital. Uma das propostas é que a Big Tech forneça relatórios mais detalhados e em tempo real sobre desempenho e custo de anúncios digitais, permitindo que os anunciantes também usem plataformas concorrentes. 

O Google não poderá limitar a capacidade dos anunciantes de exportar dados relacionados aos anúncios e às palavras-chave que eles utilizam. Isso visa reduzir custos de mudança e facilitar a migração para plataformas concorrentes. A empresa deverá acabar com as práticas que dificultam a monetização de anúncios de concorrentes, como contratos de exclusividade e discriminação nos dados fornecidos.

Além disso, o Android também foi colocado na berlinda. De acordo com o DOJ, o sistema operacional utilizado em 71% dos dispositivos móveis do mundo é outro setor em que o Google exerce monopólio. 

O DOJ ofereceu ao Google duas escolhas: ou vende o sistema operacional ou proíbe que os serviços do Google sejam obrigatórios em celulares que utilizam o Android. O governo ponderou que a primeira opção levantaria mais objeções no mercado. A segunda opção deve “reduzir a capacidade do Google de usar seu controle do Android para auto-favorecimento”.

O Google alertou para potenciais impactos negativos na segurança, privacidade e inovação tecnológica.

Houve pedido para que a Alphabet não firmasse acordos pagos com a Apple e outras empresas para ser o mecanismo de busca selecionado automaticamente em smartphones e navegadores.

O governo também afirmou que o Google deve ser obrigado pelo tribunal a permitir que buscadores concorrentes exibam os resultados da empresa e acessem seus dados por um período de uma década.

OUTRO LADO

Em resposta, o Google classificou as propostas como “extremas” e alertou para potenciais impactos negativos na segurança, privacidade e inovação tecnológica. A empresa deve apresentar suas próprias sugestões em dezembro. Uma audiência para debater as medidas propostas está marcada para abril de 2025.

Enquanto isso, o caso levanta questões sobre o futuro da regulação tecnológica e a capacidade dos governos de enfrentar o poder crescente das big techs, que hoje moldam o mercado digital e o comportamento dos consumidores.


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