“Keeping up” com a cripto controvérsia dos Kardashians

A estrela do reality show “Keeping Up With The Kardashians” foi multada por ter divulgado em seu Instagram o token EthereumMax

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Connie Lin 3 minutos de leitura

Kim Kardashian terá que pagar US$ 1,3 milhão em multas por promover uma criptomoeda em suas redes sociais sem revelar que havia sido paga para isso.

A estrela do reality show “Keeping Up With The Kardashians” fechou um acordo com a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) e será multada por ter divulgado em seu Instagram o token EthereumMax.

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“Vocês gostam de criptomoedas??? Este não é um conselho financeiro, estou apenas compartilhando o que meus amigos acabaram de me dizer sobre o token ethereum max!”, escreveu a empresária e influenciadora, em seu perfil oficial no Instagram, para seus 330 milhões de seguidores. O post continha um link para o site do token e incentivava o público a “se juntar à comunidade E-Max”. Ela recebeu US$ 250 mil dos desenvolvedores da EthereumMax pela postagem.

“O caso de Kardashian também serve como um lembrete para celebridades e outros de que a lei exige que eles divulguem ao público quando e quanto são pagos para promover o investimento em títulos”, disse em nota Gary Gensler, presidente da SEC.

Apesar de o post incluir a hashtag #ad (o equivalente à #publi, em português), sugerindo se tratar de uma postagem paga, a SEC aponta que não estava claro o suficiente, nem tampouco revelava a "natureza, fonte e valor da compensação” que Kim Kardashian recebeu.

Investidores da EthereumMax estão processando Kim Kardashian e outras celebridades por propaganda enganosa.

No ano passado, a EthereumMax viu um aumento significativo em seu valor de mercado devido a uma onda de endossos de celebridades. No entanto, o valor caiu mais de 70% meses depois, quando o hype começou a diminuir. Hoje, a criptomoeda atingiu seu menor patamar. Apesar do nome, o token não tem relação com o Ethereum, a segunda maior criptomoeda do mundo.

Em janeiro, investidores da EthereumMax entraram com uma ação coletiva contra a empresa por operar o que eles alegaram ser um esquema ilegal de “bombeamento e despejo”, no qual desenvolvedores e outros detentores aumentam artificialmente o valor de um ativo para vendê-lo a preços inflacionados.

O processo também denuncia Kim Kardashian, o boxeador Floyd Mayweather Jr. e o ex-jogador do Boston Celtics Paul Pierce por suposta propaganda enganosa. Na época, a moeda caiu 97% em relação ao preço de junho de 2021.

CONSELHOS FINANCEIROS DE CELEBRIDADES

A investigação se dá em meio a uma forte repressão dos reguladores da SEC sobre a negociação de ativos digitais, que viu agências federais tentarem enquadrar criptomoedas e NFTs como títulos de sua competência.

a lei exige que famosos divulguem quando e quanto são pagos para promover o investimento em títulos.

Em junho, o Departamento de Justiça dos EUA processou um ex-executivo da OpenSea por uso de informações privilegiadas em negociações, no primeiro caso do tipo envolvendo NFTs.

Os reguladores também tiveram que lidar com um crescente número de influenciadores que poderiam, por capricho – ou por dinheiro – criar tendências artificiais de investimento entre seus seguidores.

No ano passado, várias estrelas do esporte, entre elas Patrick Mahomes e Serena Williams, começaram a apoiar a corrida do ouro das SPACs (ou sociedades de aquisição de propósito específico, em português), as chamadas empresas “cheque em branco” que subscrevem listagens públicas para startups badaladas – que, na maioria das vezes, não dão lucro.

A tendência foi tão forte que a SEC emitiu uma nota sobre celebridades oferecendo conselhos de investimento.

Em um tuíte publicado no seu perfil pessoal, Gensler alertou sobre o perigo de confundir talentos específicos ou o sucesso de algumas celebridades com as “habilidades necessárias para oferecer conselhos de investimento adequados”.

O acordo firmado entre Kim Kardashian e a SEC, no entanto, não exige que ela se retrate. Em comunicado, seu advogado disse que a empresária estava satisfeita por ter resolvido o assunto e por poder “seguir em frente com seus negócios”.

Ela é dona de marcas de beleza, fragrâncias e shapewear que levam seu nome e recentemente finalizou a gravação da nova temporada de seu reality show.


SOBRE A AUTORA

Connie Lin é jornalista e colaboradora da Fast Company. saiba mais