Lições de comunicação que devíamos aprender com a geração Z

Apesar de já termos ouvido isso inúmeras vezes, a geração Z realmente tem tudo a ver com autenticidade

Crédito: Istock

Melanie Gaboriault 4 minutos de leitura

Recentemente, fui buscar minha filha de 15 anos em um evento e a ouvi perguntar, ao se despedir de alguém que ela havia acabado de conhecer: “ei, qual é o seu arroba no Snapchat?”

Naquele momento, não pude deixar de me lembrar da época em que eu guardava o número do telefone da casa dos meus amigos em pedaços de papel jogados por toda parte. Esperava até depois do jantar para fazer ligações e ficava no meu quarto com o fio do telefone esticado sob a porta.

Foi então que me dei conta de que tenho a rara oportunidade de observar no dia a dia como essa nova geração se comunica.

Como mãe de três filhos com idades entre 15 e 18 anos (para não mencionar os muitos outros adolescentes que sempre aparecem em casa), tenho sido uma espectadora desse novo comportamento digital. O jeito como se comunicam me intriga e me deixa perplexa, pois acompanho de perto a evolução dessas tendências todos os dias.

COMO OS ZENNIALS SE COMUNICAM?

De acordo com um estudo feito pela Edison Mail nos EUA, os três principais canais de comunicação da geração Z são SMS

O e-mail é checado para ver se há mensagens novas dos professores, mas só para isso.

(69%), e-mail (31%) e rede social (29%). Mas o que é importante notar aqui é que a pesquisa foi realizada com 1.112 adultos com mais de 18 anos, o que significa que adolescentes de nove a 18 anos não estão representados.

São estes adolescentes que observo todos os dias, e as tendências que vejo são exatamente o oposto. O uso de SMS está bastante ultrapassado. Apesar de, às vezes, eles trocarem mensagens de texto, é sempre através do iMessage.

O e-mail ficou em segundo lugar na pesquisa, mas, embora meus filhos digam que todos têm um endereço de e-mail, é raro que o usem para se comunicar uns com os outros. Eles verificam suas caixas de entrada periodicamente para ver se há mensagens novas dos professores, mas só para isso.

Para realmente entender como e onde eles interagem, temos que recorrer às redes sociais.

A ASCENSÃO DAS REDES SOCIAIS

Não há dúvida de que as redes sociais se tornaram um dos canais de comunicação mais utilizados, com mais de 4,7 bilhões de usuários em todo o mundo passando, em média, 2,5 horas do seu dia navegando por elas. Com mais de 45% desses usuários com idades entre 13 e 29 anos, a geração Z certamente ocupa uma posição de poder nessas plataformas.

Mais de 45% dos usuários de redes sociais têm entre 13 e 29 anos.

Costumo me comunicar por SMS ou por algum outro aplicativo de mensagens, mas meus filhos usam o Snapchat. Em vez de pedir o número do telefone de alguém, eles pedem o arroba e trocam mensagens por lá como forma de manter contato – quanto mais mensagens trocadas, mais próxima é a relação.

Quando querem falar uns com os outros, eles não ligam, enviam mensagens de texto, de áudio ou usam o Facetime. Em vez disso, enviam uma mensagem em vídeo pelo Snapchat. Podem passar horas conversando por lá sem precisar responder em tempo real.

Por quê? Eu perguntei. Isso permite que tenham a possibilidade de ler a mensagem no seu próprio tempo e não precisam encerrar a conversa. Não existe mais o “desliga você primeiro”.

UM NOVO FOCO NA AUTENTICIDADE

Apesar de já termos ouvido isso inúmeras vezes, a geração Z realmente tem tudo a ver com autenticidade e, pela minha experiência, eles priorizam os canais que a promovem.

Não é surpresa que o principal canal usado pelos meus filhos é o TikTok. Eles têm a sensação de que “o TikTok sabe tudo” e o consideram mais “real” e sem filtro do que outras redes como Instagram e Facebook.

Os jovens da geração Z têm a sensação de que “o TikTok sabe tudo” e o consideram mais “real” do que outras redes sociais.

Eu os vejo criticar pessoas (e marcas) que se esforçam demais. Se um vídeo no TikTok for um anúncio óbvio, eles o rejeitam. Mas se uma marca encontra uma maneira de “fisgá-los” (ou seja, de passar a mensagem de uma forma que pareça natural), passam a respeitá-la e, inclusive, a admirá-la.

O TikTok é onde a geração Z procura dicas, tutoriais e pesquisa quase tudo o que deseja, recorrendo aos sites de busca apenas quando não sentem confiança em uma fonte ou se não encontram o que procuram nas redes sociais.

Apesar de as relações serem construídas, sobretudo, através de uma tela, os zennials estão mais conectados do que qualquer geração anterior.

Eles gostam de ter controle sobre quando e como se comunicam. Usam tanto tecnologias velhas quanto novas, navegando por esses canais com facilidade e se adaptando rapidamente a qualquer nova tecnologia, ao mesmo tempo em que têm familiaridade com as utilizadas pelas gerações mais velhas.

É bom ter em mente que esses jovens, se ainda não são, em breve serão nossos colegas de trabalho. Os veículos de comunicação avançam com rapidez e ficar para trás é cada vez mais um risco real.

A solução que encontrei foi adotar o quanto antes os canais que eles estão usando. Experimente. Você pode se surpreender e encontrar algo de que realmente goste.


SOBRE A AUTORA

Melanie Gaboriault é diretora global de comunicações corporativa da Hootsuite. saiba mais