Mais uma de Elon Musk: X processa anunciantes por “boicotar” a plataforma

A ação foi acompanhada pela Rumble, plataforma de compartilhamento de vídeos que hospeda a Truth Social, rede criada por Donald Trump

Crédito: David Swanson/ Reuters

Chris Morris 4 minutos de leitura

Elon Musk e o Twitter (atual X) levaram sua briga com a indústria de publicidade a um novo patamar, entrando com uma ação antitruste na justiça contra uma coalizão que, segundo a rede social, lhe custou bilhões de dólares em receita.

O processo é contra a Federação Mundial de Anunciantes e empresas membros da entidade como Unilever, Mars, CVS Health e Orsted. A ação foi ajuizada em um tribunal federal no Texas, sob alegação de que uma iniciativa do grupo, chamado Aliança Global para Mídia Responsável (GARM, na sigla em inglês), coordenou um esforço organizado para interromper a publicidade no site depois que Musk assumiu o seu controle.

"Tentamos ser bonzinhos por dois anos e não recebemos nada em troca além de palavras vazias. Agora, é guerra", declarou Musk em uma postagem no X.

A plataforma de compartilhamento de vídeo Rumble, que hospeda o Truth Social e é popular entre os usuários de extrema direita, juntou-se ao processo. "Os padrões de segurança de marca definidos pelos anunciantes e suas agências de publicidade devem ter sucesso ou fracassar no mercado por seus próprios méritos, e não por meio do exercício coercitivo do poder de mercado", declarou a Rumble em um comunicado.

A CEO da X, Linda Yaccarino, também se referiu ao processo em um vídeo na plataforma no qual afirma que o Comitê Judiciário da Câmara dos EUA, liderado pelos republicanos, descobriu evidências de que a iniciativa GARM havia resultado em "um boicote ilegal sistemático".

"As pessoas são prejudicadas quando o mercado de ideias é afetado e alguns pontos de vista não são financiados em detrimento de outros como parte de um boicote ilegal", escreveu ela em uma carta aberta complementando o vídeo. "Esse comportamento é uma vergonha para um grande setor e não se pode permitir que isso continue."

A GARM foi estabelecida em 2019 pela Federação Mundial de Anunciantes (WFA) para criar padrões para a segurança das marcas na publicidade digital.

Empresas de mídia conservadoras, lideradas pelo "The Daily Wire", alegaram em julho que a GARM estava trabalhando com o GroupM, um grande grupo de negociação de espaços publicitários, para desencorajar os clientes a comprar anúncios em seus sites. 

Um relatório do Comitê Judiciário publicado há pouco menos de um mês sugeriu que o grupo e seus membros "podem ter violado as leis antitruste em seus esforços para privar os meios de comunicação e celebridades conservadoras ... das verbas publicitárias" – embora nenhuma acusação formal tenha sido feita contra a GARM).

Musk levou essa acusação ainda mais longe. "Também pode haver responsabilidade criminal por meio da Lei RICO" [que visa a atividade criminosa organizada e a extorsão]", escreveu em seu apelo para que outras empresas entrem com processos contra a GARM.

A WFA e a GARM não responderam em tempo hábil ao pedido de comentário da Fast Company sobre o processo.

MAIS UM ROUND NA BRIGA COM ANUNCIANTES

O processo do X parece ser uma ação SLAPP (Strategic Lawsuit Against Public Participation), ou seja, uma ação legal destinada a silenciar ou intimidar os críticos, fazendo-os arcar com os custos das defesas legais, que podem se tornar tão altos que o grupo acaba por abandonar suas críticas.

Antes de entrar com essa ação, o X também processou a Media Matters, alegando que o grupo deturpou a probabilidade de os usuários encontrarem discurso de ódio na rede social. Esse caso será levado ao tribunal em abril.

"Tentamos ser bonzinhos por dois anos e não recebemos nada em troca além de palavras vazias. Agora, é guerra."

Em novembro do ano passado, Musk também disse que esperava que os anunciantes que haviam deixado o X parassem de anunciar na plataforma. "Se alguém está tentando me chantagear com publicidade, me chantagear com dinheiro, vá se f*", acrescentou.

Uma ação separada do X contra um grupo anti-ódio foi rejeitada no início deste ano, com o juiz dizendo que a ação legal tinha sido planejada para punir o debate crítico.

O GARM, em seu site, afirma ser um grupo apolítico, que permite que os membros determinem qual conteúdo é adequado para suas empresas."A GARM não analisa conteúdo nocivo ou risco de conteúdo por meio de uma lente política, nem defende que isso seja feito", diz a organização.

    "As sugestões de que as práticas da GARM podem interferir na liberdade de expressão são uma deturpação deliberada do nosso trabalho. A GARM não é um cão de guarda ou um lobby, nem participa ou defende boicotes de qualquer tipo".

    O grupo acrescentou que não está envolvido em nenhuma decisão relacionada à alocação de verbas de publicidade e não interfere nas decisões dos membros sobre onde anunciar. Outros membros incluem Disney, Coca-Cola, American Express e, de acordo com o site do grupo, o próprio X.


    SOBRE O AUTOR

    Chris Morris é um jornalista com mais de 30 anos de experiência. Saiba mais em chrismorrisjournalist.com. saiba mais