A nova aposta da Adobe: IA personalizada para cada marca

Empresa desenvolve modelos personalizados de inteligência artificial para que marcas criem milhões de peças de marketing sob demanda

imagem gerada por IA de um astronauta com cabeça de tigre
Crédito: Adobe

Jesus Diaz 4 minutos de leitura

Hannah Alsark conta que os principais clientes da Adobe – donos de algumas das marcas e propriedades intelectuais mais valiosas e protegidas do mundo – foram diretos ao falar sobre o Firefly, o motor de IA generativa da empresa: queriam mais e melhor.

“Eles nos disseram que precisavam de modelos capazes de entender todos os seus produtos, todas as suas marcas e suas diretrizes criativas”, explica Alsark, vice-presidente de novos negócios em IA generativa da Adobe. “Essas empresas têm personagens, estilos de movimento próprios, e queriam que treinássemos nossos modelos com base nisso.”

O Firefly – que gera imagens e vídeos a partir de prompts nos diversos aplicativos da Adobe, de vetores a animações – não foi feito para isso, já que não compreende as marcas em nível de propriedade intelectual. “Consideramos isso uma característica, não um defeito”, afirma Alsark.

Mas os maiores clientes da Adobe precisam criar milhões de peças para dezenas de plataformas e canais de marketing, todas seguindo regras rígidas de identidade visual e propriedade intelectual.

Foi por isso que a empresa criou um novo braço de consultoria, dedicado a desenvolver modelos de IA personalizados, capazes de gerar centenas de milhares de imagens, ilustrações e vídeos totalmente alinhados às diretrizes e ao estilo de cada marca. O nome dessa iniciativa: Adobe AI Foundry.

A ideia surgiu como resposta a um verdadeiro pesadelo matemático que assombra grandes corporações. Alsark o chama de “o problema combinatório”.

corporações serão capazes de gerar milhões de peças totalmente alinhadas à marca em questão de horas.

Uma empresa com apenas oito produtos que queira divulgá-los em 15 canais, em 35 idiomas e com algumas atualizações por ano precisa criar cerca de meio milhão de peças diferentes. “Nas redes sociais, sabemos que há, em média, três atualizações por semana”, explica. “Então, na prática, estamos falando de milhões de materiais.”

Essa demanda absurda da economia da atenção foi o que levou as maiores marcas do mundo até a Adobe. Elas precisavam de uma solução em escala industrial, mas que também protegesse seu bem mais valioso: sua propriedade intelectual.

O Firefly foi um bom ponto de partida, mas foi projetado para ser neutro em relação a marcas. Embora as empresas tenham aprovado essa postura mais segura, também queriam uma IA capaz de aprender o universo de cada uma – seus personagens, paletas de cores e estilo visual próprio.

UMA PARCERIA DE IA SOB MEDIDA

O Adobe AI Foundry não é um software pronto para uso: é uma parceria profunda e personalizada, quase como contratar uma equipe exclusiva de especialistas em inteligência artificial.

A equipe da Adobe trabalha diretamente com o cliente para desenvolver, do zero, um modelo generativo único, treinado apenas com os dados e ativos privados daquela empresa.

O processo é intenso e pode levar alguns meses até os primeiros resultados. Tudo começa com uma etapa de diagnóstico, na qual a equipe de especialistas identifica o desafio central do negócio – seja criar campanhas sazonais para um varejista como a Amazon Fresh, seja gerar infinitas variações de uma imagem principal para uma marca de beleza como a MAC.

anúncios de artigos esportivos em imagens criadas por IA generativa
Crédito: Adobe

Depois vem a parte mais complexa. Os engenheiros da Adobe “reabrem” cirurgicamente os modelos-base do Firefly para retreiná-los com a propriedade intelectual do cliente – um processo que envolve bilhões de parâmetros.

Após meses de treinamento e incontáveis horas de processamento, o modelo final herda todo o conhecimento do Firefly original, mas é refinado para falar a linguagem da marca do cliente com fluência e exclusividade.

O resultado final é totalmente protegido: pertence ao cliente e nunca será misturado com os dados de outras empresas. Toda a proposta se apoia em dois pilares que a Adobe considera únicos em sua escala: segurança comercial e integração perfeita.

As marcas precisam de uma solução em escala industrial, mas que também proteja sua propriedade intelectual.

A empresa desenvolveu seus modelos fundamentais com base em dados licenciados do Adobe Stock, protegendo seus clientes dos problemas de direitos autorais que atormentam outras plataformas de IA. O Foundry dá um passo além: cria um verdadeiro “cofre” digital para armazenar com segurança a propriedade intelectual de cada marca.

Para alguém como eu – cansado de ver o Vale do Silício anunciar uma nova “revolução” a cada semana –, isso soa diferente. O Adobe AI Foundry marca uma nova fase, muito mais madura: a IA está sendo transformada em uma ferramenta industrial sob medida para as maiores marcas do mundo.

Não se trata mais de uma pessoa criando uma imagem divertida ou superando um bloqueio criativo. Trata-se de corporações capazes de gerar milhões de peças totalmente alinhadas à marca em questão de horas – uma revolução silenciosa, precisa e brutalmente eficiente do processo criativo.


SOBRE O AUTOR

Jesus Diaz fundou o novo Sploid para a Gawker Media depois de sete anos trabalhando no Gizmodo. É diretor criativo, roteirista e produ... saiba mais