Como blockchain pode ajudar fazendeiros a conseguir seguro contra mudança climática

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As mudanças climáticas têm se tornado um pesadelo para agricultores de subsistência de todo o mundo. 

As culturas de subsistência são tipicamente de pequeno porte, tendo geralmente menos de dois hectares, mas são de enorme importância para as famílias que as operam e para a comunidade do entorno, que depende delas. Em 2013, quase 2 bilhões de pessoas em todo o planeta dependiam de culturas de subsistência de pequena escala para sobreviver.

Mas essas pequenas fazendas estão atravessando um problema sério: o aumento dos níveis de CO2 aumentou a probabilidade e a gravidade de eventos climáticos extremos, como secas, inundações e incêndios florestais, tendência que pode deixar esses agricultores sem nada para comer e sem dinheiro para comprar comida. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), desastres climáticos extremos custaram US$ 108 bilhões aos setores agrícolas das nações em desenvolvimento entre 2008 e 2018.

Mas uma empresa acha que pode ajudar a resolver esse problema com uma ferramenta aparentemente improvável: blockchain.

SEGURO AGRÍCOLA

A ideia de usar a tecnologia blockchain para proteger as pessoas das mudanças climáticas pode soar um pouco como a de usar gasolina para se proteger contra um incêndio, mas a Lemonade afirma que vai fazer exatamente isso, partindo de uma parceria lançada recentemente: a Lemonade Crypto Climate Coalition (Coalização  Cripto-Climática, em tradução livre).

A maior parte da tecnologia blockchain é famosa por consumir muita energia: uma transação de Bitcoin usa energia suficiente para alimentar por seis semanas uma casa média nos Estados Unidos, de acordo com algumas análises. Em outras palavras, cada transação de Bitcoin equivale a liberar 402 quilos de CO2.

A Lemonade Foundation quer usa blockchain para fornecer seguros contra desastres climáticos para mais de 2 bilhões de agricultores de subsistência.

Mas a Lemonade Crypto Climate Coalition, o novo braço sem fins lucrativos da empresa de tecnologia de seguros Lemonade Foundation, acredita que pode alavancar a tecnologia blockchain para fornecer seguros contra desastres climáticos para mais de 2 bilhões de agricultores de subsistência, evitando assim que o planeta se torne ainda mais quente. A organização está concentrando seus esforços iniciais na África, mas pretende levar suas ideias para a América do Sul, Ásia e para qualquer outro lugar onde pequenos agricultores precisem de seguro agrícola.

A Lemonade já firmou parceria com a empresa de tecnologia meteorológica Tomorrow.io para monitoramento do clima e de dados que serão usados ​​para subscrever e processar reivindicações de seguro. “Eles fizeram uma modelagem bastante sofisticada e altamente granular de padrões climáticos… Vamos usar os melhores dados disponíveis”, diz Daniel Schreiber, cofundador e CEO da Lemonade.

A solução proposta é fazer uso de contratos inteligentes para automatizar o processo de pagamento. Contratos inteligentes são funções programáveis, ​​executadas em uma rede apoiada em blockchain. Os usuários decidem os termos do contrato com antecedência e, se as condições forem atendidas, o pagamento é emitido automaticamente.

Por exemplo: uma aposta no jogo March Madness poderia ser feita e, assim que o jogo terminasse, a rede pagaria automaticamente ao vencedor e deduziria o dinheiro do perdedor. Ou, no caso de um agricultor de batata-doce na África Subsaariana, se houver uma seca na região e se essa seca exceder um determinado limite, ele recebe em dinheiro o valor da colheita perdida.

IMPACTO NO MUNDO REAL 

A Lemonade também fechou parceria com a Pula, empresa queniana que há anos opera em toda a África para fornecer soluções de microfinanciamento aos agricultores. Se a Pula puder cumprir suas promessas e convencer os usuários a se inscrever, essa pode ser uma chance para o blockchain compensar alguns dos danos que causa ​​ao planeta.

“Blockchain é uma tecnologia interessante de várias maneiras, mas ninguém diria, hoje, que ela tem impacto no mundo real”, reconhece Schreiber. “É isso que torna essa iniciativa tão interessante. O que estamos tentando fazer é usar os poderes dessa nova tecnologia e empregá-los em algo que não poderia ser mais real: os agricultores de subsistência mais expostos aos problemas do clima.”


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