Como posicionar sua marca para a era da busca por inteligência artificial
Se a história se repetir, teremos um SEO 2.0: uma indústria de soluções rápidas, métodos duvidosos e marcas reféns de plataformas que não controlam

Dependendo da sua idade, talvez você se lembre: em 2002, a otimização para mecanismos de busca (SEO) deixou de ser um assunto técnico e se tornou uma indústria gigantesca.
De uma hora para outra, surgiram agências, consultores e “gurus” prometendo truques e hacks milagrosos para colocar qualquer marca na primeira página do Google.
Agora estamos prestes a ver a história se repetir – só que com outro nome. Chame de otimização para mecanismos generativos (GEO, na sigla em inglês), otimização para mecanismos de resposta (AEO) ou simplesmente otimização para IA (AIO).
A lógica é parecida: fazer sua marca ser vista. Mas, desta vez, as apostas são mais altas, as regras são menos claras e os riscos, muito maiores.
Imagine um mundo em que as pessoas não clicam mais em links, simplesmente perguntam a um assistente de IA: “qual é o melhor CRM para uma pequena empresa em crescimento?”. E pronto, a resposta surge na hora – sem links, sem sites, sem cliques.
Nesse novo cenário, não basta mais “estar bem-posicionado”. Para continuar relevante, sua marca precisa ser citada, confiável e recomendada, mesmo antes de o usuário pensar em visitar o seu site.
você não precisa de um “truque mágico de GEO”. Só precisa de autenticidade, clareza e transparência.
Essa mudança já está acontecendo. Muita gente diz que o GEO “vai garantir que sua marca apareça nas respostas da IA”, que ele “está mudando as regras das compras online” e que “o AEO é o novo SEO”.
Mas aí está o perigo. Se o passado do SEO nos ensinou algo, é que vem aí uma enxurrada de promessas milagrosas e atalhos duvidosos. Em pouco tempo, vão surgir “especialistas em GEO”, “gurus da otimização para IA” e workshops de “marketing quântico sem cliques”.
Marcas vão correr atrás de algoritmos que ninguém entende direito, pagar por ferramentas que prometem “colocar você dentro da resposta” e apostar em técnicas que nem os criadores conseguem explicar.
A TEMPESTADE PERFEITA SE APROXIMA
Essas são as forças que estão se alinhando:
- Os assistentes de IA e os mecanismos de resposta já estão mudando a forma como as pessoas encontram informações – e o tráfego da busca tradicional está em queda.
- As marcas perceberam que estar em primeiro lugar não é o suficiente: agora é preciso ser a resposta.
- Agências e fornecedores estão buscando novas oportunidades de lucro: estão surgindo ferramentas que medem a “visibilidade da marca em plataformas de IA” e painéis que rastreiam “menções no ChatGPT”.
- A falta de transparência dos algoritmos deixa tudo nebuloso: sua marca é citada porque é boa ou porque pagou para estar ali?
- Os riscos são reais: você pode investir pesado e descobrir que sua marca não aparece em nenhuma resposta, enquanto seus concorrentes dominam as menções.
Se a história se repetir, teremos um SEO 2.0: uma indústria de soluções rápidas, métodos duvidosos e marcas reféns de plataformas que não controlam. Mas há maneiras de contornar isso.

1. Crie conteúdo aberto, organizado e confiável
Não esconda o que você tem a dizer. Escreva de forma clara, acessível e bem estruturada (com títulos, listas e informações fáceis de entender). Marcas preparadas para o futuro não escondem o jogo, elas facilitam o acesso à informação.
2. Faça sua marca ser citável, não apenas “linkável”
O SEO nos ensinou o valor dos backlinks. O GEO e o AEO ensinam algo novo: o valor das menções. É preciso estar presente em artigos, bases de dados, listas e fontes confiáveis. As IAs preferem conteúdo conquistado – não autopromoção .
3. Desconfie de quem promete atalhos milagrosos
Se alguém te oferecer um “hack de GEO” ou um “atalho para aparecer nas respostas da IA”, pergunte: como isso funciona? Que garantias existem? Os modelos mudam o tempo todo. Confiar em truques secretos é apostar em algo que você não controla.
4. Mantenha o básico do SEO, mas pense como a IA
Um bom SEO ainda é essencial – site rápido, conteúdo confiável e bem escrito. Mas agora é preciso ir além: entender como a inteligência artificial interpreta, resume e cita o que você publica antes mesmo de o usuário chegar até você. Em resumo: garanta que sua marca faça parte da conversa.
5. Monitore e se adapte constantemente
Ao contrário dos resultados tradicionais do Google, as respostas das IAs mudam o tempo todo. Os modelos evoluem, as fontes se renovam e as estratégias precisam acompanhar. Visibilidade, agora, é um processo contínuo, não um esforço pontual.
A VANTAGEM DA ESCALA HUMANA
Lembra de quando as marcas compravam pacotes de links em massa, pensando que isso iria garantir a primeira posição no ranking do Google? Muitas viram um crescimento no início, seguido de uma queda brusca, quando o algoritmo mudou.
O GEO pode replicar esse ciclo: a marca investe em “ferramentas de visibilidade de IA”, vê um ganho de curta duração e logo depois é penalizada ou ofuscada à medida que os modelos se ajustam.
Mas o maior risco é a dependência. Se a presença da sua marca se tornar totalmente mediada por um ecossistema que você não controla – por exemplo, um chatbot que a coloca na caixa de respostas – você perde o controle sobre sua narrativa e se torna uma mercadoria sujeita às regras da plataforma.

A boa notícia é ninguém precisa de um “truque mágico de GEO”, só de autenticidade, clareza e transparência. Meu próprio caso (e muitos outros semelhantes) provam isso. Publiquei diariamente, licenciei abertamente, estruturei o conteúdo de forma clara – não para o algoritmo, mas para leitores e máquinas.
Marcas que seguirem a mesma lógica deverão criar conteúdo significativo e torná-lo acessível e citável. Com isso, elas não só conseguirão evitar a armadilha do GEO mas também prosperar na era da IA.
Quando os modelos evoluem e os assistentes interagem com seu conteúdo, as marcas que eles vão citar primeiro serão aquelas construídas com base na confiança, e não em truques.
GEO, AEO e AIO são a próxima fronteira, mas não exigem atalhos. Exigem que os fundamentos sejam feitos melhor. Evite o hype, os charlatães, os vendedores de soluções rápidas. Faça o que já foi comprovado: publique, disponibilize seu conteúdo abertamente e deixe que os mecanismos de busca (e seu público) façam o resto.
Porque a pior coisa para a qual você pode otimizar é o algoritmo. A melhor é ser reconhecido.