Google aumenta a transparência sobre a veiculação de anúncios

A tentativa de oferecer mais clareza ao usuário segue movimentos semelhantes feitos há anos pelo Facebook e pelo Twitter

Crédito: WDnet/ iStock/ pngegg/ gratispng

Clint Rainey 4 minutos de leitura

À medida em que órgãos estaduais e federais dos Estados Unidos aumentam a pressão para regulamentar a publicidade no Google, o gigante das buscas online começa a se mexer para aumentar a transparência sobre quem veicula anúncios em suas várias plataformas.

Em uma postagem feita em seu blog na semana passada, o Google explicou que seu “Ads Transparency Center” (Centro de Transparência sobre Publicidade) –  nova ferramenta cujo nome deixa claro seu propósito – oferecerá “um hub pesquisável de todos os anúncios veiculados por anunciantes verificados”.

EM 2020 o Google já havia lançado um programa de verificação para que os anunciantes provem quem são.

O Ads Transparency Center vai concentrar os arquivos de todos os anúncios que os usuários podem ter visto em suas pesquisas nos últimos 30 dias, no YouTube ou na rede de display da Google.

Com base na descrição dessa postagem do blog e nas capturas de tela que o Google compartilhou com a Fast Company, a nova ferramenta mostrará o anúncio, em qual região foi exibido, a data e o formato.

Essa tentativa de trazer maior clareza para o usuário segue tendências semelhantes do Facebook e do Twitter – adotadas por eles anos atrás, em 2018 e 2019, respectivamente – para tornar seus serviços de anúncios mais transparentes. Ambos oferecem arquivos pesquisáveis dos anúncios veiculados em suas plataformas.

No entanto, depois de proibir algumas formas de publicidade política em 2019, o Twitter chegou a declarar que seu próprio Centro de Transparência sobre Publicidade havia “perdido o sentido original”. A rede social voltou atrás em janeiro e relaxou a proibição, mas não disse uma palavra sobre o retorno à transparência dos anúncios.

INFORMAÇÕES BÁSICAS

O Google, por sua vez, avança lentamente na direção oposta à do Twitter de Elon Musk. Em 2018, começou a exigir que os anúncios eleitorais incluíssem informações claras de quem pagou por eles.

Em 2020, lançou um programa de verificação para todos os anunciantes: para provar quem eram e a veracidade do que anunciavam, eles agora precisam enviar alguma identidade emitida pelo governo, algum registro comercial ou outro documento oficial.

Facebook e Twitter já oferecem arquivos pesquisáveis dos anúncios veiculados em suas plataformas.

Desde o lançamento desse programa, os usuários podem acessar detalhes básicos do anunciante. Basta clicar com o botão direito do mouse em cada anúncio. 

A nova ferramenta soma essa função à possibilidade de o usuário executar uma espécie de verificação de antecedentes extremamente básica. O Google está lançando esse recurso como uma forma de seu cliente verificar a veracidade de uma  propaganda antes de comprar.

“Com o Centro de Transparência sobre Publicidade, você pode pesquisar o anunciante e saber mais sobre ele antes de visitar o site ou realizar uma compra”, diz a empresa.

No entanto, um porta-voz confirmou que a ferramenta “não mostra o contexto da página em que o anúncio foi exibido”. Isso significa que o vídeo específico do YouTube ou mesmo o tipo de site onde a pessoa viu o anúncio continuará desconhecido.

PRESSÃO DAS AUTORIDADES

A ferramenta estreou no último dia 29 de março e o Google afirma que deve estar disponível em todo o mundo até o final de abril. Ela pode ser acessada clicando com o botão direito do mouse em qualquer anúncio e selecionando a opção “Ver mais anúncios” ou por meio de um site independente.

Os esforços para desmistificar quem está por trás dos anúncios do Google ocorrem ao mesmo tempo em que

Acredita-se que o Google concentre quase um terço dos anúncios do mercado, gerando uma receita de US$ 180 bilhões por ano.

a empresa enfrenta pressão crescente dos reguladores do governo norte-americano, do Congresso e de uma série de autoridades estaduais para provar que o gigante da tecnologia ainda se inspira em seu velho lema: “Don’t be evil” – “Não seja mau”.

Seu alvo principal tem sido a publicidade. Acredita-se que o Google concentre quase um terço dos anúncios de todo o mercado, o que faz desta a principal fonte de receita da empresa, estimada em cerca de US$ 180 bilhões por ano.

O Departamento de Justiça dos EUA tem a intenção de reduzir o poder do Google, pois alega que ele está “monopolizando as tecnologias de publicidade digital”. A empresa reagiu a essa acusação, em uma moção de rejeição.

Diferentes estados norte-americanos estão fazendo acusações semelhantes em processos judiciais separados. Tudo isso enquanto o Google se defende das críticas de que ainda não fez o suficiente para conter a disseminação de desinformação online, especialmente na véspera de uma nova eleição presidencial nos Estados Unidos.


SOBRE O AUTOR

Clint Rainey é jornalista investigativo, mora em NYC e é colaborador da Fast Company. saiba mais