Na contramão: agência R/GA recompra ações e volta a ser independente

A agência de publicidade R/GA completou o processo pelo qual readquiriu sua independência da holding de comunicação IPG

Robin Forbes, CEO (esquerda), e Tiffany Rolfe, diretora de criação (Crédito: R/GA/ Divulgação)

Jeff Beer 3 minutos de leitura

Após 23 anos como parte da holding de serviços de publicidade e marketing IPG, a agência R/GA recompra suas ações e recupera a independência por meio de uma nova parceria entre sua gestão global e a empresa de private equity Truelink Capital.

Isso marca o anúncio oficial de um movimento já reportado pela revista AdAge, após vazamentos sobre uma possível venda terem surgido em meados de 2024.

A equipe de gestão que está liderando a agência em sua volta ao setor privado é encabeçada pelo CEO global da R/GA, Robin Forbes, e pela presidente e diretora global de criação, Tiffany Rolfe.

A Truelink Capital também investe em empresas de tecnologia de marketing, como Flipp e Ansira, além da empresa de marketing experiencial GES. Os termos financeiros do acordo não foram divulgados. Clientes globais como Google, Samsung, Moncler, TurboTax, Nike e Eli Lilly vão continuar no portfólio da agência.

A mudança ocorre enquanto a IPG aguarda a aprovação de sua fusão com outro gigante da comunicação, o grupo Omnicom, o que criaria a maior empresa de serviços de publicidade do mundo.

Os novos parceiros da R/GA na Truelink estabeleceram um fundo de inovação de US$ 50 milhões para impulsionar novas habilidades, talentos e aquisições voltadas a capacidades emergentes, novas ferramentas e plataformas.

Forbes e Rolfe falaram com exclusividade à Fast Company sobre o acordo que permitiu à R/GA a recompra e seu impacto para a agência. Ambos destacaram o debate clássico da indústria de publicidade sobre liberdade e flexibilidade para inovar de forma independente versus ser apenas uma engrenagem dentro de uma grande empresa de capital aberto.

“Para o tipo de empresa que somos, precisávamos garantir que poderíamos mudar a forma como trabalhamos e o modelo que entregamos aos clientes com mais autonomia”, diz Rolfe.

Segundo a liderança da R/GA, este momento é como um “novo primeiro dia” para a agência.

A R/GA construiu sua reputação por meio de trabalhos inovadores para marcas durante a primeira revolução digital. Forbes e Rolfe afirmam que esta nova fase da agência pretende usar esse DNA para moldar seu futuro na era da IA.

A empresa tem investido em tecnologia relacionada à inteligência artificial na última década, especialmente por meio de sua divisão de investimentos, com empresas como Reply.ai e Clarifai.

“Este é o momento de acelerar a evolução em que já vínhamos trabalhando há algum tempo, tanto nos serviços que oferecemos quanto na forma como realizamos nosso trabalho”, afirma Forbes.

UM NOVO PRIMEIRO DIA

Nos últimos anos, as agências digitais da IPG, incluindo a R/GA, enfrentaram dificuldades financeiras. Como outras holdings do setor, a IPG tem vendido e consolidado várias de suas agências. No ano passado, vendeu Huge para a empresa de private equity AEA Investors, além da Deutsch Nova York e da Hill Holliday para o Attivo Group.

Não há um único motivo pelo qual a agência tenha sido considerada dispensável pela IPG, mas o vazamento da possível venda no ano passado acabou sendo um ponto positivo para Forbes, Rolfe e o restante da liderança. O processo de recompra das ações pôde ser feito de maneira transparente, permitindo que a equipe conversasse abertamente com os clientes sobre as implicações e oportunidades.

logotipo da agência R/GA

Rolfe diz que este momento é como um “novo primeiro dia” para a agência, permitindo que ela se torne uma “startup de 48 anos”. “Temos o legado da experiência e do conhecimento, mas agora temos a oportunidade de nos renovar”, diz ela.

Sempre que uma empresa passa por uma grande transformação como essa, palavras como reinvenção e revitalização costumam surgir. O que torna esse movimento mais concreta e interessante é o fundo de US$ 50 milhões que a agência poderá usar para transformar essas palavras em ações reais.

Forbes afirma que o foco do fundo está em três áreas principais: contratação e treinamento para aprimorar a base de talentos e complementar a equipe com novas habilidades; desenvolvimento de produtos, criando aceleradores ou modelos para trabalhos inovadores que possam gerar propriedade intelectual e outros ativos; e aquisição de novas capacidades.


SOBRE O AUTOR

Jeff Beer cobre publicidade, marketing e criatividade para a Fast Company. saiba mais