Meta vai voltar a utilizar reconhecimento facial em suas plataformas

Quando a empresa desativou o sistema em 2021, excluindo os dados faciais de um bilhão de usuários, a justificativa foi o aumento das “preocupações sociais”

Crédito: Freepik

Byron Kaye e Katie Paul 2 minutos de leitura

Três anos após desativar o sistema de reconhecimento facial no Facebook, devido a pressões de reguladores e preocupações com privacidade, a gigante das redes sociais anunciou que está testando o serviço novamente. Desta vez, como parte de uma estratégia para combater os “celebrity baits”, golpes que utilizam imagens de celebridades para dar credibilidade a anúncios falsos.

A Meta vai incluir cerca de 50 mil figuras públicas em um teste que consiste em comparar automaticamente suas fotos de perfil no Facebook com imagens usadas em anúncios suspeitos. Se coincidirem e a empresa considerar o anúncio como fraudulento, ele será bloqueado. Essas celebridades serão informadas da sua inclusão no programa e poderão optar por não participar.

O teste será lançado no mundo todo a partir de dezembro, com exceção de algumas jurisdições onde a Meta não tem autorização regulatória, como o Reino Unido, União Europeia, Coreia do Sul e os estados norte-americanos do Texas e Illinois.

A Meta está priorizando figuras públicas que já tiveram suas imagens usadas em anúncios fraudulentos, explica a vice-presidente de políticas de conteúdo da empresa, .Monika Bickert.

“A ideia é oferecer o máximo de proteção possível. Elas podem optar por não participar, se desejarem, mas queremos que essa proteção esteja disponível de forma simples e eficaz”, explica Bickert.

O teste mostra que a empresa está buscando equilibrar o uso de uma tecnologia potencialmente invasiva com as crescentes preocupações dos reguladores sobre o aumento do número de golpes, ao mesmo tempo em que tenta minimizar as críticas quanto ao seu histórico de uso de dados dos usuários – um problema que acompanha as redes sociais há anos.

Quando a Meta desativou o sistema em 2021, excluindo os dados faciais de um bilhão de usuários, a justificativa foi o aumento das “preocupações sociais”. Em agosto deste ano, a empresa foi condenada a pagar US$ 1,4 bilhão ao estado do Texas para encerrar um processo que a acusava de coletar dados biométricos ilegalmente.

Crédito: Freepik

Ao mesmo tempo, a Meta está sendo processada por não fazer o suficiente para impedir os chamados “celebrity baits”, que muitas vezes utilizam imagens geradas por inteligência artificial para enganar usuários e fazê-los investir em esquemas fraudulentos.

Com o novo teste, a empresa garante que todos os dados faciais gerados pelas comparações com anúncios suspeitos serão apagados imediatamente, tenha o golpe sido confirmado ou não.

A ferramenta passou por um “rigoroso processo interno de revisão de privacidade e risco” e também foi discutida com reguladores, políticos e especialistas, acrescenta Bickert.

Além disso, a empresa planeja testar o uso de dados de reconhecimento facial para ajudar usuários comuns do Facebook e do Instagram a recuperar o acesso a contas hackeadas ou bloqueadas por esquecimento de senha.


SOBRE O AUTOR

Byron Kaye e Katie Paul são repórteres da agência Reuters. saiba mais