Microsoft versus Meta: quem sai na frente na construção do metaverso?

Duas pioneiras surgiram e têm ideias muito diferentes de como pode ser o futuro do metaverso

Crédito: Artem Podrez/ Pexels

Siddharth Seth 5 minutos de leitura

Nos últimos anos, passamos a ouvir que o futuro da internet está no metaverso: um mundo imersivo, multiplayer e interoperável que desfaz os limites entre o físico e o digital. Mas essa visão provavelmente está muito distante de se tornar realidade. De acordo com a Intel, perceber o potencial do metaverso exigirá uma revisão de “toda a tnternet”.

Embora não se possa saber até que ponto teremos um mundo virtual semelhante ao do filme "Jogador Nº1", está claro que a internet do futuro será muito mais imersiva do que a de hoje. Duas pioneiras que podem definir o futuro da rede surgiram, com ideias muito diferentes de como poderia ser: Meta e Microsoft. Quem vai sair por cima?

Essa visão imersiva da internet – com mundos totalmente novos para se aventurar e que estão em constante evolução – não é um conceito novo. Os gamers vêm construindo, explorando e jogando nesses ambientes há décadas.

As tentativas (por vezes falhas) das gigantes da tecnologia de entrar no ramo de jogos eletrônicos foram bem documentadas, como o Google Stadia e o Amazon Game Studios. Esses esforços procuraram aplicar as melhores práticas de construção de produto ao desenvolvimento de jogos, mas sem uma compreensão cultural e comportamental mais profunda dos jogadores e do que é necessário para tornar um jogo “divertido”, de acordo com um relatório da "Wired".

A Meta, com o Horizon Worlds, corre o risco de seguir o mesmo caminho da Amazon e do Google, tentando construir uma nova experiência sem o entendimento suficiente. A Microsoft, por outro lado, construiu seu legado entre os jogadores com o Xbox e mais recentes aquisições estratégicas.

Os gamers vêm construindo, explorando e jogando em ambientes virtuais há décadas.

Seus diversos títulos, como Halo, Minecraft e Age of Empires, se tornaram alguns dos jogos mais icônicos do mundo. Com a compra da Activision, a marca está buscando criar experiências imersivas envolventes e divertidas no futuro.

QUESTÃO DE CONFIANÇA

A Meta acredita que o mundo digital fará cada vez mais parte das nossas vidas, até que, finalmente, “viveremos” na realidade virtual. Mas não está claro como isso pode ser benéfico. A vida pós-lockdown nos ensinou que, dada a oportunidade, as pessoas sempre preferirão viver no mundo “real”. Com uma exceção: o escritório.

De acordo com a Kastle Systems, empresa de segurança que monitora o acesso a prédios nos EUA, o comparecimento ao escritório é de apenas 33% comparado à média pré-pandemia. Além disso, as empresas estão começando a usar realidade virtual em reuniões, demonstrações de produtos, contratação, modelagem 3D, treinamento, showrooms virtuais e muito mais.

A ideia é buscar em aplicativos uma alternativa superior, eficiente e econômica ao mundo real. Portanto, a oportunidade para a tornar o dia a dia virtual no futuro está no domínio do B2B (modelo de negócios entre empresas), não do B2C (modelo de negócios empresa-consumidor).

Para as empresas, confiança, segurança e proteção são essenciais. A Microsoft consolidou suas vendas corporativas através do Windows e do Office. A maioria das organizações confia em seus produtos e a empresa, hoje, domina o mercado em privacidade de dados.

Em comparação, os frequentes escândalos abalaram a confiança na Meta, com o Facebook classificado como a rede social menos confiável em uma pesquisa realizada pelo "Business Insider". Sua estratégia se baseia na venda de dados dos usuários e, com as inúmeras alegações de que a empresa prioriza “o lucro e não o público”, é difícil imaginar departamentos de TI aprovando o uso das ferramentas corporativas da empresa.

Para as empresas, confiança, segurança e proteção são essenciais. E a maioria confia nos produtos da Microsoft.

Por outro lado, a Meta tem vantagem sobre a Microsoft quando se trata de vendas de hardware. Quase 80% dos headsets de realidade virtual (RV) vendidos em 2021 eram Oculus Quest 2, enquanto a Microsoft não teve o mesmo sucesso com seu HoloLens.

Mas headsets de RV, além de caros (o Oculus Quest 2 mais barato custa US$ 400), não são indispensáveis para a imersão na internet. O Microsoft Mesh – software de realidade mista – já está incluído no Teams e pode ser usado a partir de computadores, smartphones e headsets RV. Assim, a integração no dia a dia dos clientes se torna mais natural.

TEMOS UM VENCEDOR?

Percebendo isso, o futuro da internet exigirá uma colaboração com outras organizações. A Microsoft se beneficiará de sua longa história de parcerias. Já a Meta opera principalmente de forma isolada, com o Facebook e o Instagram como seus únicos sucessos na integração de dois produtos distintos. Por ser uma plataforma única, tanto a Meta quanto o Horizon Quests e seus outros serviços são facilmente substituíveis.

O futuro da internet exigirá colaboração entre vários players.

Até agora, todos os sinais apontam para a Microsoft dominando o metaverso. O maior obstáculo em seu caminho talvez seja ela mesma. Promover mudanças em organizações do tamanho da Microsoft exige que a comunicação em todas as áreas da empresa seja simples e eficiente. Por exemplo, a Activision realmente será capaz de influenciar a Microsoft ou continuará enfrentando desafios burocráticos que atrasam suas operações?

No geral, o futuro da internet provavelmente será impulsionado pela Microsoft, devido à base que construiu. Mas, independentemente de vencedores, será importante manter-se atento. Os riscos de desinformação, roubo de identidade, assédio e bullying são ainda maiores em um mundo virtual.

O potencial de progresso é ilimitado, mas os possíveis danos também são. Portanto, a Microsoft não deve baixar a guarda e, sim, aprender com os erros do passado para garantir que a história não se repita.


SOBRE O AUTOR

Siddharth Seth é estrategista sênior da Superunion. saiba mais