Muito além da internet: YouTube agora se considera uma plataforma de TV

Como o CEO do YouTube, Neal Mohan, conquistou a sala de estar

Créditos: Alex P/ Pexels/ Freepik

Scott Nover 4 minutos de leitura

O YouTube já não é mais apenas um site. E computadores e smartphones também não são mais as principais formas de assistir aos vídeos da plataforma. Em sua carta anual para a comunidade do YouTube, o CEO Neal Mohan escreveu: “a televisão superou o celular e agora é o dispositivo mais utilizado para assistir ao YouTube nos EUA.”

Ao mesmo tempo, os youtubers “deixaram de filmar vídeos em baixa definição de si mesmos em computadores de mesa para construir estúdios e produzir programas de entrevista populares e até filmes de longa-metragem.”

Antes de publicar sua carta, Mohan conversou com a Fast Company sobre como o YouTube – que está comemorando seu 20º aniversário – está respondendo às mudanças nos hábitos dos espectadores e dando aos criadores da plataforma as ferramentas que eles precisam para se tornarem “a nova Hollywood.”

Fast Company – O que há de inovador na transição do YouTube para a sala de estar?

Neal Mohan – Quando as pessoas ligam a TV, elas estão ligando o YouTube, especialmente os mais jovens. Esse é um sucesso repentino, mas que levou muitos anos para acontecer. Estamos investindo pesado na experiência do espectador e do consumidor do YouTube nas telas da sala de estar.

Para os criadores: eles são a nova Hollywood. São as novas formas de entretenimento. Estão criando estúdios liderados por criadores, contratando funcionários e impulsionando essa nova forma de entretenimento. De certa forma, são a nova economia de startups em Hollywood.

Fast Company – O YouTube mudou sua essência por causa disso?

Neal Mohan – O YouTube é meio que uma coisa à parte. Não somos uma plataforma de mídia social. As pessoas não vão lá para se conectar com amigos. Elas entram lá para assistir ao conteúdo que mais gostam, seja um podcast, um youtuber, a mídia tradicional ou esportes ao vivo.

Também não somos uma emissora tradicional. Somos algo que segue seu próprio caminho. Você vai ao YouTube se quiser assistir a um Short de 15 segundos, um vídeo de 15 minutos de seu criador favorito ou uma transmissão ao vivo de 15 horas.

CEO do YouTube, Neal Mohan
Crédito: Philip Pacheco/ Bloomberg/ Getty Images

Uma das grandes narrativas deste ano tem sido sobre o crescimento dos podcasters no YouTube, especialmente os podcasters em vídeo. E, curiosamente, um dos lugares onde muita gente consome esses podcasts é na televisão.

São mais de um bilhão de horas de YouTube consumidas em telas de TV no mundo todo, todos os dias. A sala de estar é cada vez mais o lugar onde olhamos para a tela. Entre os criadores mais populares do YouTube, o número daqueles que têm a maior parte do seu tempo de exibição vindo da sala de estar cresceu 400% em um ano.

Fast Company – O que os criadores disseram que precisam para fazer sucesso nas TVs tradicionais?

Neal Mohan – Investimos muito para trazer a interatividade – que todos nós, como espectadores, amamos no YouTube – para a tela da sala de estar. Fizemos isso por meio de opções mais visíveis para se inscrever, para que os criadores possam aumentar o número de inscritos em seus canais, ou com links, para que os links dos youtubers nos vídeos sejam mais simples, com códigos QR nas telas.

De certa forma, os criadores são a nova economia de startups em Hollywood.

Também investimos na experiência de ter uma segunda tela, ligando o celular à TV. Você deve ter percebido que, quando vai à página de um canal de um youtuber, existe essa opção de experiência cinematográfica do conteúdo dele. O YouTube permite que os criadores organizem seus vídeos em episódios e temporadas.

E a inteligência artificial tem um grande papel em capacitar os criadores e a criatividade humana. Exemplo disso é quando ela permite que os criadores façam a dublagem de seus materiais em vários idiomas, de forma simples e automática, quando eles sobem um vídeo.

Ou, ainda, quando ela ajuda a resolver o problema da tela em branco, trabalhando com o Gemini integrado diretamente ao YouTube Studio, para que o criador possa coescrever com o Gemini e criar um roteiro para o seu vídeo.

Fast Company – O que ainda vem por aí?

Neal Mohan – Nosso trabalho é construir o melhor palco do mundo. Todo o nosso investimento tecnológico, toda a nossa inovação de produto, tem a ver com a construção desse palco.

Um dos produtos de sucesso mais rápidos na sala de estar é, na verdade, o YouTube Shorts, que muita gente acha que é algo exclusivo para o celular. Mas o consumo de Shorts tem acontecido muito na televisão.

Também vamos continuar a investir em IA para capacitar a criatividade humana. Essas são as duas áreas para as quais se pode esperar mais investimento da nossa parte em 2025.


SOBRE O AUTOR

Scott Nover é um escritor freelancer baseado na área de Washington, D.C. Ele é um escritor colaborador na Slate e foi anteriormente um... saiba mais