Na nova era dos veículos autônomos, até os semáforos serão inteligentes

Os pesquisadores estão investigando maneiras de usar os recursos dos carros modernos para tornar o tráfego mais eficiente e seguro

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Jeff McMurray 3 minutos de leitura

Conforme os veículos vão se tornando mais inteligentes e mais conectados, os singelos sinais de trânsito que controlam o fluxo do tráfego há mais de um século também podem estar prestes a sofrer uma grande transformação.

Os pesquisadores estão estudando maneiras de usar os recursos dos carros modernos, como o GPS, para tornar o tráfego mais seguro e eficiente. Com o tempo, as modernizações poderão eliminar totalmente as luzes vermelhas, amarelas e verdes de hoje em dia, passando o controle para carros sem motorista.

Henry Liu, professor de engenharia civil que está liderando um estudo na Universidade de Michigan, disse que a implantação de um novo sistema de sinais de trânsito pode estar muito mais próxima do que as pessoas imaginam. "O ritmo do progresso da inteligência artificial é muito rápido, e acho que isso está chegando", disse ele.

Os semáforos não mudaram muito ao longo dos anos. Nos EUA, a cidade de Cleveland estreou o que é considerado o primeiro "sistema municipal de controle de tráfego" do país, em 1914. Alimentado pela eletricidade da linha de bondes da cidade, ele apresentava duas luzes: vermelha e verde, as cores usadas há muito tempo pelas ferrovias.

Um policial sentado em uma cabine na calçada precisava acionar um interruptor para mudar o sinal. Alguns anos mais tarde, o policial de Detroit William Potts foi responsável pela adição da luz amarela.

Mas o advento dos veículos conectados e automatizados apresentou um mundo de novas possibilidades para os sinais de trânsito.

LUZ BRANCA

Entre os que estão reimaginando os fluxos de tráfego está uma equipe da Universidade Estadual da Carolina do Norte, liderada por Ali Hajbabaie, professor associado de engenharia.

Em vez de eliminar os sinais de trânsito atuais, ele sugere adicionar uma quarta luz, talvez branca, para indicar quando há veículos autônomos suficientes na estrada para assumir o comando e liderar o caminho.

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"Quando chegamos ao cruzamento, paramos se estiver vermelho e avançamos se estiver verde. Mas, se a luz branca estiver ativa, você simplesmente segue o veículo à sua frente", explica Hajbabaie, cuja equipe usou modelos de carros pequenos o suficiente para serem segurados na mão.

Embora a pesquisa se refira a uma "fase branca" e possivelmente até a uma luz branca, a cor específica não é importante. As luzes atuais poderiam até já ser suficientes, por exemplo, modificando-as para piscar em vermelho e verde simultaneamente para sinalizar que os carros sem motorista estão no comando. O segredo seria garantir que o sistema fosse adotado universalmente, como acontece com os sinais atuais.

O uso dessa alternativa ainda levará anos, pois seria necessário que 40% a 50% dos veículos em circulação fossem autônomos para que funcionasse, admite Hajbabaie.

MONTADORAS PODEM FORNECER DADOS

Os pesquisadores da Universidade de Michigan adotaram uma estratégia diferente. Eles realizaram um programa piloto no subúrbio de Birmingham, em Detroit, usando insights dos dados de velocidade e localização encontrados nos veículos da General Motors para alterar o tempo dos semáforos da cidade. 

Como a pesquisa é feita com veículos que têm motoristas, e não com veículos totalmente autônomos, ela poderia estar muito mais próxima de uma implementação mais ampla do que a que Hajbabaie está buscando.

Liu, que liderou a pesquisa em Michigan, disse que mesmo com apenas 6% dos veículos nas ruas de Birmingham conectados ao sistema da GM, eles fornecem dados suficientes para ajustar o tempo dos semáforos de modo a suavizar o fluxo.

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Os 34 semáforos de Birmingham foram escolhidos porque, como mais da metade dos sinais nos EUA, eles são programados para um horário fixo, sem câmeras ou sensores para monitorar o congestionamento. Liu disse que, embora existam soluções de alta tecnologia para monitorar o tráfego, elas exigem que as cidades façam reformas complexas e caras.

"O bom desta solução é que você não precisa fazer nada na infraestrutura", disse Liu. "Os dados não vêm da infraestrutura. Eles vêm das empresas de automóveis."

Danielle Deneau, diretora de segurança de tráfego da Road Commission no Condado de Oakland, no estado de Michigan, disse que os dados iniciais em Birmingham ajustaram o tempo dos semáforos verdes em apenas alguns segundos. Mas, ainda assim, foi suficiente para reduzir o congestionamento.


SOBRE O AUTOR

Jeff McMurray é repórter da Associated Press. saiba mais