Google mostra as mudanças no planeta quase em tempo real

batizada como Dynamic World, ela usa inteligência artificial para analisar dados de satélite coletados a cada dois a cinco dias

Crédito: Andriy Onufriyenko/ GettyImages

Adele Peters 3 minutos de leitura

O planeta está atravessando mudanças bruscas: mais de dois mil quilômetros quadrados de floresta pegaram fogo no Novo México. Uma megasseca encolheu o Lago Mead, no Colorado (EUA). Os Alpes estão deixando de ser brancos e ficando verdes.

O desenvolvimento continua a se expandir, das cidades às enormes fazendas solares. Todas essas mudanças impactam o clima e a biodiversidade da Terra. No passado, porém, era difícil rastreá-las em detalhes enquanto elas ainda estavam em andamento. 

Delta do Okavango, em Botsuana (Crédito: Google)

Agora, uma nova ferramenta do Google Earth Engine e da organização sem fins lucrativos World Resources Institute utiliza dados de satélite para construir mapas detalhados quase em tempo real. Chamada de Dynamic World, a ferramenta amplia o planeta em quadrados de 10 por 10 metros a partir de imagens de satélite coletadas a cada dois a, no máximo, cinco dias.

O programa usa inteligência artificial para classificar cada pixel com base em nove categorias que variam de solo nu a árvores, de plantações a edifícios. Assim, pesquisadores, ONGs e outros usuários conseguem “explorar, rastrear e monitorar as mudanças nesses ecossistemas terrestres ao longo do tempo”, explica Tanya Birch, gerente sênior de programa do Google Earth Solidário.

Como a ferramenta estava sendo construída no ano passado, Birch conseguiu fazer uso dela nos dias seguintes ao Caldor Fire, um incêndio florestal que queimou mais de 800 quilômetros quadrados na Califórnia. Os pixels nas imagens de satélite tiveram rapidamente sua classificação modificada de “árvores” para “arbustos”.

Caldor Fire, na Califórnia (Crédito: Google)

Antes, os cientistas costumavam confiar em tabelas estatísticas que às vezes eram divulgadas somente a cada cinco anos, lembra Fred Stolle, vice-diretor do Programa de Florestas do Instituto de Recursos Mundiais. “Essas informações claramente não são mais consideradas precisas o suficiente”, diz ele. “Estamos mudando tão rápido e o impacto da destruição é tão grande que os satélites agora são um recurso indispensável.”

Baía de São Francisco, na Califórnia (Crédito: Google)

Pesquisadores e urbanistas já usam dados de satélite reunidos em alguns aplicativos – o World Resources Institute, por exemplo, trabalhou anteriormente com o Google para construir o Global Forest Watch, uma ferramenta que pode rastrear o desmatamento usando imagens de satélite.

Mas os novos dados são muito mais detalhados. É possível perceber até mesmo quando apenas uma ou duas árvores são cortadas em uma floresta tropical – e ainda que uma área maior permaneça intacta, diz Stolle.

Delta do Nilo, no Egito (Crédito: Google)

Nas cidades, governantes e urbanistas podem usar os dados para ver facilmente quais bairros não têm espaço verde suficiente. Já os pesquisadores que estudam pequenas fazendas na África podem usá-lo para ver os impactos da seca e quando as colheitas estão sendo colhidas.

Como os dados são atualizados continuamente, também é possível observar as mudanças das estações ao longo do ano em todo o planeta. As informações remontam a cinco anos. Usando essa nova ferramenta, qualquer pessoa pode inserir intervalos de datas para ver como um local mudou ao longo do tempo.

Paris, França (Crédito: Google)

“Encorajo as pessoas a aproveitarem e explorarem essa ferramenta”, diz Birch. “Há muita profundidade e muita riqueza no Dynamic World... Sinto que estamos realmente avançando na criação de mapas alimentados por inteligência artificial, e que podemos olhar para o nosso planeta de uma maneira incrivelmente nova.”


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais