Nova rede social da web 3 promete conexões mais próximas e nada de anúncios
Niche planeja ganhar dinheiro ajudando os criadores a encontrar um público maior de consumidores dispostos a pagar
As gigantes redes sociais, que se baseiam na publicidade, não são mais as inesgotáveis fontes de receita que já foram, como sugerem os recentes números de “crescimento” do Facebook. Acontece que muitos consumidores, aparentemente, preferem passar seu tempo assistindo vídeos curtos do que compartilhando memes e apertando botões de “curtir”. Além disso, as novas restrições no monitoramento de usuários tornaram mais difícil para as plataformas segmentar anúncios.
Os fundadores de uma nova rede social chamada Niche acreditam que a próxima geração de plataformas pode atender a comunidades online com interesses mais específicos, como hobbies ou criação de conteúdo.
“Acredito que a intenção inicial das redes sociais era conectar a todos – seus amigos do ensino médio, sua família. Uma conexão bastante ampla, mas com muito pouco em comum”, sugere o CEO do Niche, Christopher Gulczynski, que foi diretor no Tinder e no Bumble. “Mas acho que a tendência agora é se tornar menor, ficar mais íntimo de todos.”
Assim, no aplicativo Niche, que está disponível na App Store, você encontra grupos segmentados por interesses, como por exemplo escalada ou colecionáveis de Star Wars. No futuro, o Niche hospedará grupos sobre muitos temas diferentes, incluindo artistas musicais e eventos de negócios.
É importante ressaltar que a plataforma não exibe anúncios para seus usuários, como revela seu CTO Zaven Nahapetyan, o outro cofundador, que durante anos foi gerente sênior de engenharia do Facebook. Em vez disso, sua fonte de receita virá ajudando os criadores a ganhar dinheiro e ajudando os usuários a encontrar conteúdos valiosos.
“Queremos que a receita de nosso aplicativo venha do valor que as pessoas produzem, seja conteúdo digital que um artista ou músico vende, ou do valor dentro de certas comunidades”, explica Nahapetyan. “Por exemplo, você pode ter diferentes tipos de redes profissionais [ou] fã-clubes, pessoas tentando organizar eventos ou planejar coisas.”
Já que criar e trocar coisas de valor é fundamental para usar o Niche, os fundadores estão construindo sua plataforma em cima da tecnologia blockchain. Eles acreditam que suas comunidades, aos moldes de organizações autônomas descentralizadas (DAOs) no blockchain, criam um sistema econômico que permite que os membros possuam, controlem e monetizem o conteúdo que criam.
O Niche foi desenvolvido com o NEAR, uma tecnologia blockchain de camada um que permite que a plataforma emita tokens para pessoas que ingressam em uma comunidade específica. Também permite que criadores, como artistas, escritores ou músicos, comercializem NFTs representando seu trabalho. Como DAO é um contrato inteligente, os tokens criados e trocados na plataforma podem ser estruturados para que a plataforma receba uma pequena parte das vendas.
Mas, segundo Nahapetyan, grande parte do material blockchain ficará nos bastidores, e os membros da comunidade não precisarão ser especialistas em Web3 para usá-lo. “Tornamos muito fácil criar uma DAO e adicionar novos membros de uma maneira que as pessoas não percebem que se trata de uma”, diz ele.
Quando você se junta a um clube no Niche, a plataforma emite um token que representa sua propriedade de uma fração do grupo. “É literalmente apenas um link de texto que você recebe, clica nele e se inscreve no aplicativo”, explica Nahapetyan. O token é de graça e o aplicativo cria uma carteira gratuita em segundo plano onde ele é armazenado.
Nahapetyan e Gulczynski acreditam que, conforme os grupos adicionam mais membros e mais conteúdo, eles se tornarão mais valiosos.
“A ideia é criar esses grupos e, à medida que se tornam mais populares ou mais procurados, o valor aumenta, especialmente se houver uma oferta fixa”, explica Nahapetyan. “E então talvez esse grupo de escalada de 200 pessoas se torne muito popular, e todos queiram participar – então as pessoas que entraram antes podem vender seus tokens por um preço mais alto.”
Esta não é a primeira rede social a criar comunidades focadas em criação de conteúdo. A Mighty Networks, por exemplo, foi desenvolvida com o mesmo princípio. Mas o Niche parece ser o único que usa blockchain como base para a economia que sustenta a rede.
Seu sucesso depende dos criadores e da adesão. Muitos deles usam plataformas especializadas, como Substack e Patreon, para comercializar seu conteúdo. Além de outras redes populares, como YouTube e Instagram, que, aponta Gulczynski, não foram originalmente construídas com as necessidades dos criadores em mente.
Se o Niche conseguir fazer a ponte entre criadores e consumidores dispostos a pagar, poderá ganhar força. O aplicativo cria um gráfico para rastrear os interesses dos usuários, mas com o objetivo de sugerir criadores e conteúdo para eles, não para segmentá-los com anúncios.
“[Estamos] basicamente codificando um gráfico de interesse e então [nós] associamos as pessoas a esse gráfico de uma maneira muito inteligente”, diz Gulczynski. “Podemos fazer a mesma coisa com os criadores de conteúdo, abordá-los e dizer ‘Temos X grupos com X pessoas que estão à procura de criadores de conteúdo.'”