Novo headset de RV da Meta é melhor para trabalho que para diversão

O Quest Pro traz novos recursos que melhoram a experiência do trabalho remoto

Crédito: Meta/ Divulgação

Mark Sullivan 4 minutos de leitura

A Meta, empresa anteriormente conhecida como Facebook, anunciou seu novo headset de realidade virtual, o Meta Quest Pro. O dispositivo foi pensado para o metaverso, mas seus recursos parecem focados em coisas mais práticas, como trabalho remoto e produtividade.

Ele é voltado para um público um pouco diferente do seu antecessor, o Quest 2. “Com o Pro, estamos tentando levar a realidade virtual para além dos jogos e do entretenimento, focando em produtividade, colaboração e criatividade”, disse um porta-voz da Meta durante a apresentação do produto, na semana passada.

Para demonstrar seus recursos, pediram que eu me sentasse em frente a uma mesa com um notebook. Assim que coloquei o headset, me vi diante de uma representação virtual da mesa e do computador.

Também podia ver uma versão digital das minhas próprias mãos (o headset usa câmeras para rastrear os movimentos do usuário) e um enorme monitor. Abaixo dele havia um pequeno painel que me permitia controlar as funções do Quest Pro e acessar diversos aplicativos e experiências. O Horizon Workrooms foi uma delas.

Do outro lado da mesa (virtual), estava um assistente da Meta que chamarei de Jordan, um avatar em desenho animado. Esses avatares farão parte da realidade virtual por muito tempo – eles cumprem uma função importante e podem ser melhorados.

Crédito: Meta/ Divulgação

Graças à tecnologia de rastreamento facial do Pro, Jordan parecia mais humano e mais expressivo do que os avatares do Quest 2. Ele era capaz de rir, erguer as sobrancelhas, fazer caretas. Foi uma experiência mais humana e realista. 

A tecnologia de áudio espacial também contribuiu bastante para isso. A voz de Jordan vinha exatamente de onde o avatar estava. Não importava se eu estivesse de costas, conseguia identificar de onde vinha o som.

Jordan alterou o ambiente ao nosso redor algumas vezes. Em um momento estávamos em um pátio, na Grécia, perto do mar. Em seguida, em uma sala de reuniões. Depois, em um pequeno escritório. Ele me disse que, para reuniões com mais participantes, o ideal é dividir todos em grupos menores. Aí me apresentou uma grande sala virtual com várias mesas e uma pequena plataforma para a pessoa responsável por conduzir o encontro.

De repente, Jordan estava sentado em uma das mesas do outro lado da sala, e eu podia ouvir sua voz baixa de longe. Então ele me teletransportou para sua mesa e estávamos cara a cara novamente.

Crédito: Meta/ Divulgação

Havia também um ambiente para produtividade, onde você pode se sentar a uma mesa virtual e trabalhar. Além disso, é possível configurar o escritório da maneira que quiser. Você pode ter até três telas à sua frente. Na demonstração, o MacBook Pro de verdade que estava na minha frente foi transformado em uma das telas virtuais e eu pude controlá-lo através do touchpad.

Criei outra para uma reunião com Jordan e uma terceira para assistir a um vídeo no YouTube. Isso não é algo simples de se fazer no mundo real e pode, de fato, aumentar a produtividade. 

No meu escritório virtual, levantei-me da cadeira e andei alguns passos até chegar em um quadro branco. Virei meu controle de cabeça para baixo e usei sua caneta Stylus para escrever nele. Jordan anotou algo em um post-it virtual e o colou ao lado.

Esses quadros não desaparecem; ou seja, você pode voltar dias depois e encontrá-los no mesmo lugar, com suas anotações.

NÃO É REVOLUCIONÁRIO, MAS É UM ÓTIMO PASSO

Para realidade mista, é necessário um headset capaz de reproduzir imagens 3D em alta definição e, ao mesmo tempo,

o trabalho remoto é uma realidade e precisamos de uma tecnologia que possa facilitá-lo.

que tenha um design elegante e confortável o suficiente para ser usado por longos períodos, mesmo em público. Mas o Quest Pro, apesar de todos os rumores, infelizmente, ainda não chegou lá. Estamos muito longe de uma tecnologia como essa.

Para isso, precisamos de avanços em algumas tecnologias básicas (como baterias, processadores, lentes etc.). Mas, ainda assim, é possível que ter seu computador pessoal diante de seus olhos não seja uma ideia tão atraente para muitos; ou que as pessoas não se sintam confortáveis em serem observadas (e possivelmente monitoradas ou filmadas) por estranhos na rua usando um headset de realidade mista.

Mas o trabalho remoto é, sim, uma realidade e precisamos de uma tecnologia que possa facilitá-lo. A experiência de colaboração aprimorada do Quest Pro, como rastreamento facial e ambientes realistas, pode contribuir para que mais pessoas e empresas passem a utilizar a realidade virtual. Para alguns, o custo do headset pode ser coberto transformando uma reunião presencial em virtual.

Quanto a maior produtividade, eu teria que testá-lo por mais tempo para me convencer. Gosto do conceito de ter um ambiente virtual que pode me oferecer recursos extras que um escritório físico não pode, mas ainda não tenho certeza se conseguiria usar um headset que pesa 720 gramas por longos períodos.


SOBRE O AUTOR

Mark Sullivan é redator sênior da Fast Company e escreve sobre tecnologia emergente, política, inteligência artificial, grandes empres... saiba mais