O novo headset da Apple será um sucesso ou um grande fracasso?

Ainda é cedo para julgar. Mesmo depois de lançado, pode levar anos até que seu impacto seja evidente

Créditos: Envato Elements/ pngwing

Harry McCracken 3 minutos de leitura

Como especialista em tecnologia, a coisa mais sensata que posso fazer em relação ao futuro headset de realidade mista da Apple é não opinar por enquanto. 

Até que a Apple anuncie o aparelho – que possivelmente se chamará “Apple Reality Pro” –, é impossível ter uma opinião verdadeiramente informada sobre ele. O mesmo aconteceu há 16 anos, com o primeiro iPhone: praticamente nada que qualquer pessoa tinha a dizer antes do seu lançamento acabou tendo algum valor.

É impossível prever a experiência que o hardware e o software da Apple podem oferecer até que os vejamos em ação.

No entanto, parece que estamos entrando naquela fase em que um novo produto da Apple, embora ainda nebuloso, começa a ganhar forma. Na semana passada, duas das fontes mais confiáveis de informações sobre a empresa revelaram rumores que desagradaram aqueles que estão ansiosos pelo lançamento.

Primeiro, Mark Gurman, da Bloomberg, escreveu que as expectativas da Apple para o headset estão mais próximas do Apple Watch do que do iPhone, e que a versão inicial não terá o mesmo sucesso.

Poucos dias depois, o analista Ming-Chi Kuo tuitou que a empresa adiou a produção do aparelho e que, possivelmente, não irá apresentá-lo durante a sua Conferência Mundial de Desenvolvedores em junho, como esperado.

É impossível prever a experiência que o hardware e o software da Apple podem oferecer até que os vejamos em ação. Mas tanto Gurman quanto Kuo reiteram um rumor sobre o dispositivo que tem sido consistente por mais de dois anos: espera-se que custe pelo menos US$ 3 mil.

ESPECULAÇÕES SOBRE PREÇO

Se isso for verdade, o headset será fundamentalmente diferente de qualquer um dos outros produtos de sucesso da empresa neste século. O iPod, iPhone, iPad, Apple Watch e AirPods não eram baratos quando foram lançados, mas estavam ao alcance de uma parcela grande de pessoas. Um headset de US$ 3 mil certamente não estará.

Quest 2, da Meta, custa a partir de US$ 350 (Crédito: Meta)

Por outro lado, pode ser um erro tratar esse valor como certo. Uma semana antes do anúncio do iPad, um escritor da CNET fez uma análise de como ele se sairia com base na suposição amplamente aceita de que custaria US$ 1 mil. Em vez disso, a Apple surpreendeu quase todo mundo ao lançar seu tablet com um preço inicial de US$ 499.

Por enquanto, no entanto, vamos supor que o dispositivo estará fora do alcance da maioria das pessoas em termos de preço. Dada a atual condição de grande parte da tecnologia necessária para experiências imersivas através de um headset, ele poderá ser uma decepção para os poucos que puderem adquiri-lo.

As pessoas gostariam que ele fosse um fenômeno porque... bem, convenhamos, isso seria mais empolgante do que ser um fracasso, ou mesmo um sucesso moderado, como o iPad e o Apple Watch, que não superaram o impacto do iPhone.

Mas existem muitas maneiras de um produto ter sucesso. E independentemente de como o headset se sair nos primeiros meses, não tenho certeza se suas implicações serão imediatamente óbvias.

ESCADA PARA O SUCESSO

Para contextualizar, vamos voltar no tempo até 1983. Foi quando a Apple lançou o Lisa, um computador inovador que custava astronômicos US$ 10 mil – o que hoje seria o equivalente a lançar um headset por US$ 3 mil. Ele ficou famoso por ter sido um fracasso, mas também foi um passo crucial para a criação do primeiro Macintosh.

Lisa, lançado em 1983 (Crédito: Museu Nacional de História Americana)

Mesmo custando “apenas” US$ 2.495, o Mac, lançado em 1984, também era muito mais caro do que a Apple planejava, e as vendas não decolaram. Mais de um ano após o seu lançamento, a InfoWorld disse que ele “não havia atendido às expectativas”.

Mas, em vez de entrar em pânico, a Apple continuou lançando versões novas e melhores. Trinta e nove anos depois, o Mac ainda é um negócio próspero.

É claro que estou morto de curiosidade em relação ao novo headset da Apple. Mas o que realmente importa é se a empresa vê a realidade mista como apenas uma aventura ou como o futuro da computação pessoal. Rumores indicam que ela já está trabalhando em outros modelos mais baratos.

Se a Apple for tão paciente com o headset quanto foi com o Mac, não há opinião de especialista que consiga prever como ele será até que mais alguns anos se passem.


SOBRE O AUTOR

Harry McCracken é editor de tecnologia da Fast Company baseado em San Francisco. Em vidas passadas, foi editor da Time, fundador e edi... saiba mais