O que está por trás da recente atualização do Instagram?
Mais do que uma nova feature, um movimento do canal para se conectar às novas formas de consumir conteúdo

Estamos chegando na metade do ano, e 2025 já rompeu vários paradigmas e vem desafiando as marcas a repensarem suas estratégias digitais.
Se 2024 ficou marcado por debates em torno da creator economy e da inteligência artificial, agora observamos de perto o reflexo disso tudo no comportamento das pessoas: os consumidores estão mais críticos, as jornadas se tornaram menos lineares e a relação entre marcas e pessoas por meio do conteúdo está sendo redefinida por novas dinâmicas sociais e tecnológicas.
Nos últimos dias, o Instagram chamou atenção com sua atualização, na qual posts públicos e contas profissionais passaram a aparecer em resultados de buscas do Google, como já ocorria em plataformas como YouTube e TikTok.
Mais do que uma nova feature, essa inovação reflete o movimento do canal para se conectar às novas demandas geradas por um contexto em que as redes sociais, antes convertidas de espaços dedicados a conexões pessoais para verdadeiros catálogos de entretenimento, agora tornam-se cada vez mais canais diretos de venda, publicidade e construção de marca. Isso porque a relação entre marcas e consumidores está mais direta, interativa, personalizada e fluida.
Se antes as estratégias se baseavam em uma visão de jornada do consumidor mais linear, agora é preciso considerar uma jornada que se transformou em um ciclo infinito que conecta inspiração, exploração, comunidade e lealdade. Este novo modelo exige que as marcas sejam mais onipresentes, assim como demanda um potencial narrativo claro e proprietário, capaz de inspirar e destacar produtos e serviços dentre um universo cada vez mais amplo de possibilidades.
Inspiração
Inspirar em 2025 é reconhecer que o novo consumidor não se limita ao familiar. Inspirar em 2025 é reconhecer que o novo consumidor não se limita ao familiar. Hoje, segundo o Google, 68% dos brasileiros estão prontos para experimentar marcas até então desconhecidas, impulsionados por conexões autênticas com temas que importam no cotidiano. A busca tornou-se plural e pode começar com uma palavra, uma imagem, um comando de voz ou a curiosidade provocada por uma resposta de inteligência artificial.
Não se trata de apenas estar disponível nas plataformas, mas de se mostrar presente de forma relevante.
Hoje, não se trata mais de apenas estar disponível nas plataformas, mas de se mostrar presente de forma relevante e instantânea em cada momento de inspiração. Estratégias como Answer Engine Optimization (AEO) elevam o desafio, exigindo que marcas compreendam profundamente o que move o desejo das pessoas e sejam capazes de responder de imediato, de modo útil e inesquecível. Em vez de focar em palavras-chave estáticas, a estratégia prioriza a construção de conteúdos mais elaborados, ricos semanticamente e alinhados à intenção real do usuário, que irão ajudar, por exemplo, a fornecer respostas diretamente via mecanismos de IA.
Exploração
A fase de exploração se tornou um momento crucial para a construção de confiança na marca. Em dados divulgados recentemente, 70% da Geração Z e 69% dos millennials só confiam em uma marca depois de realizar sua própria pesquisa, exigindo da comunicação digital uma capacidade singular de adaptação e diálogo com uma audiência mais crítica e em constante movimento.
O Instagram, agora indexado em mecanismos de busca, abre portas para que cada publicação, biografia e conteúdo fixado funcione como um convite aberto à descoberta. A bio de uma marca deixou de ser detalhe: é um ativo estratégico, precisa de palavras-chave afiadas, CTAs que encantam e links que fluem com inteligência. Reels e conteúdos evergreen, antes passageiros, hoje vivem além do feed, tornando-se mais duradouros nas buscas.
Comunidade
Os grupos e comunidades evoluíram para verdadeiros espaços de pertencimento. Hoje, eles são intencionais, promovendo experiências exclusivas, eventos digitais e relações personalizadas. Investir nesse universo é investir em fidelidade, pois marcas que apostam em comunidades engajadas ampliam em até 35% sua taxa de retenção, segundo a Harvard Business Review.
Mas criar comunidade não é somar seguidores, e sim construir vínculos reais por meio de conteúdos que gerem impacto, diálogo e confiança. Essa visão abre caminho para uma produção de conteúdo mais autêntica e educativa e potencializa movimentos como, por exemplo, o dos “infoencers”, criadores que priorizam a profundidade e a qualidade da informação e que ganham cada vez mais espaço dentro das comunidades e grupos intencionais.
Lealdade
A lealdade deixou de ser medida apenas pela recorrência de compra. Para a Geração Z, fidelizar é recomendar espontaneamente (54% recomendam marcas a amigos, enquanto apenas 41% dos millennials fazem o mesmo), amar marcas mesmo sem consumi-las (40%) e segui-las com orgulho nas redes sociais (29%), conforme aponta a Archival. Neste cenário, cultivar fãs é mais valioso do que converter compradores imediatos. E impulsionar o poder da recomendação orgânica é um caminho cada vez mais necessário para as marcas que querem ser lembradas.
Todas essas transformações desafiam respostas fáceis ou soluções prontas. O impacto real nos negócios ficará mais claro ao longo do tempo e reforça a necessidade de revisão constante das estratégias com experimentação, análise de dados em tempo real e foco radical na experiência do consumidor. Enquanto isso, assim como Meta, YouTube e TikTok têm feito, o mais importante é não ficar parado.