Por que a OpenAI precisa de mais US$ 6,6 bilhões em investimentos

Na busca pela chamada “inteligência artificial geral”, a empresa consome cada vez mais energia e poder computacional

Créditos: Emerson Albuquerque/ Pixabay/ Andrew Neel/ Unsplash

Mark Sullivan 3 minutos de leitura

Embora a OpenAI continue evoluindo com novos produtos e mudanças em sua equipe executiva, uma coisa não mudou: a enorme necessidade de capital.

Sua principal inovação – o uso de um poder computacional gigantesco por trás dos modelos de IA generativa – é, naturalmente, extremamente cara, dado o alto custo de tempo de servidor, chips especializados e, claro, o time de especialistas que gerencia toda essa operação.

Recentemente, a desenvolvedora do ChatGPT conseguiu captar mais US$ 6,6 bilhões em investimentos, somando-se ao seu financiamento total estimado em US$ 13,5 bilhões. E está avaliada em impressionantes US$ 157 bilhões – um aumento em relação aos US$ 86 bilhões registrados em fevereiro.

A nova rodada foi liderada pela Thrive Capital (US$ 1,25 bilhão) e pela Microsoft (US$ 1 bilhão), de acordo com o “The Wall Street Journal”. Softbank e Nvidia também participaram pela primeira vez.

A empresa pediu aos investidores que não direcionassem recursos para concorrentes diretos, como Anthropic, xAI (de Elon Musk) e Safe Superintelligence, esta última cofundada por Ilya Sutskever, ex-cientista-chefe da própria OpenAI.

Embora já esteja gerando receita com o uso da sua API e assinaturas do ChatGPT, a OpenAI ainda está longe de ser lucrativa. O novo aporte deverá garantir a ela mais um ano de operação, gerando retornos para os investidores.

Esse novo financiamento acontece em meio à saída de Mira Murati, que ocupava o cargo de CTO – a mais recente de uma série de executivos e pesquisadores que deixaram a empresa este ano. Além disso, durante um evento para desenvolvedores, a OpenAI anunciou que programadores poderão integrar o Modo de Voz Avançado do ChatGPT em seus próprios aplicativos

A desenvolvedora do ChatGPT está avaliada em impressionantes US$ 157 bilhões.

Talvez o anúncio mais importante tenha sido a nova arquitetura dos modelos “o1”, projetados para lidar com problemas complexos em várias etapas. Esses modelos testam diversas linhas de raciocínio ao mesmo tempo, avaliam as respostas e escolhem a melhor.

Esse processo, no entanto, gera uma quantidade maior de tokens no momento da inferência, o que exige muito mais poder computacional. Embora parte desse poder venha da nuvem Azure, da Microsoft, a empresa precisará criar mais clusters próprios e investir em chips otimizados para esse tipo de tarefa.

ADOTANDO A IA DESDE O INÍCIO DO DESENVOLVIMENTO

Marc Andreessen, influente investidor de capital de risco da Andreessen Horowitz, vê a IA como muito mais do que uma mudança tecnológica, como foi a internet e a computação móvel. Para ele, trata-se de uma nova forma de computação.

Marc Andreessen (Crédito: Flickr)

Diferente dos computadores tradicionais, que são determinísticos e seguem instruções precisas, as redes neurais são “probabilísticas” – ou seja, conseguem realizar uma série de tarefas a partir de instruções menos específicas, utilizando cálculos para encontrar a resposta mais provável. Isso significa que a resposta pode variar a cada vez que a pergunta é feita.

Andreessen acredita que a próxima geração de startups aplicará essa nova forma de computação em todos os tipos de serviços – como, por exemplo, um agente de viagens de IA que planeja e reserva suas férias.

Também afirma que aquelas que adotarem a inteligência artificial desde o início no desenvolvimento de seus produtos terão uma grande vantagem em relação às empresas que tentam adaptá-la a um produto existente. “É como tentar colocar farinha em um bolo depois de assado”, compara ele.

Na Andreessen Horowitz, eles têm um termo para isso: a “última bala do revólver”, que se refere a quando uma empresa adiciona IA em seu produto, quase como um detalhe final, na tentativa de aumentar seu valor.


SOBRE O AUTOR

Mark Sullivan é redator sênior da Fast Company e escreve sobre tecnologia emergente, política, inteligência artificial, grandes empres... saiba mais