Porque os emojis não são apenas uma gracinha na comunicação das marcas?
É muito provável que qualquer um com acesso a um smartphone ou à internet já tenha feito uso de emojis para se comunicar. Mas é bem improvável que a maioria saiba que o pai dos emojis, o smiley, completa este ano 50 anos de sua criação e foi fruto da inventividade de um jornalista francês, Franklin Loufrani,
que em 1972 criou o ícone de uma carinha amarela sorridente para identificar as notícias felizes publicadas no jornal France Soir.
O que certamente Loufrani não sabia era o impacto que sua ideia causaria na linguagem social e corporativa e quão amplo seria seu alcance. Transcorrido meio século, vale nos perguntarmos: como esse insight linguístico ainda nos impacta? E por que as marcas buscam se aproximar desse tipo de linguagem?
A partir do smiley, vieram os emojis (em japonês “e”, imagem; “moji”, personagem), uma versão 2.0 expandida da carinha sorridente, com novas formas de expressividade adaptadas ao mundo contemporâneo.
Um contexto em que, muitas vezes, o impacto de receber a já consagrada
carinha com olhos de coração é tão ou mais forte do que um “eu te amo” escrito com letras.
Essa coleção de imagens digitais nos ajuda a expressar nossas emoções de forma mais rápida, simplificada e, muitas vezes, mais assertiva. Mesmo quando sentimos emoções difíceis de explicar, os emojis oferecem um leque de possibilidades que apoiam e, ao mesmo tempo, influenciam nossa comunicação digital, principalmente nas redes sociais. Além de auxiliar a expressão de sentimentos, eles incorporam um viés lúdico e criativo à escrita.
Apesar de amplamente associada ao universo digital, essa potente fusão da linguagem verbal com a visual não foi propriamente inovadora. Dois mil anos antes de Cristo, os sumérios já desenvolviam a escrita cuneiforme, representação escrita em forma de sinais; os egípcios desenvolveram seus hieróglifos e, em tempos mais remotos, a humanidade pôde deixar registros gráficos de sua existência através das pinturas rupestres.
EMOJIS NA COMUNICAÇÃO DAS MARCAS
Digressões históricas à parte, seria impossível um recurso tão impactante na comunicação social não influenciar o universo das marcas, tão amparado pela força dos ícones, partindo dos signos que assumem como logotipos.
A exemplo das pessoas, as marcas recorrem aos emojis em sua comunicação buscando conexão e identificação com seus públicos. A crescente necessidade de humanizar a linguagem corporativa impulsionou o amplo uso desse recurso de fácil compreensão, uma vez que aportam emoção, acolhimento e personalização ao digital, enquanto suavizam uma comunicação intangível com representações gráficas da intenção e do mood por trás das mensagens.
Mas, como tudo na vida, o uso desse recurso visual não deve ser indiscriminado. Gestores das marcas devem estar atentos a alguns parâmetros básicos ao fazerem uso dele:
- Emojis simplificam a comunicação, porém, quando usado em excesso, podem infantilizar a linguagem da marca.
- Ainda que percebida como universal, essa linguagem não é considerada acessível para pessoas com deficiências visuais, além de oferecer dificuldade na leitura eletrônica.
- A posição em que os emojis são colocados na frase faz diferença e pode dificultar, ou mesmo inviabilizar. a compreensão do público.
- É importante conhecer o significado do emoji escolhido e certificar-se de que seja adequado ao contexto e à mensagem a ser comunicada.
- Avalie também o quanto o interlocutor está familiarizado com o significado do emoji. Evite os ambíguos ou muito específicos.
- O emoji não funciona sozinho. É necessário um suporte verbal que o acompanhe na mensagem e confira a ele conteúdo informativo.
- Para além das questões formais, é fundamental que as marcas entendam e avaliem se a linguagem dos emojis combina com sua personalidade e tom de voz.
Para fazer o melhor uso das inúmeras possibilidades que esse pequeno, porém poderoso símbolo proporciona às marcas, é recomendável o acompanhamento profissional. Estude sempre o seu possível impacto e discuta sua utilização com parceiros de comunicação habilitados.
O potencial de humanização e simplificação das mensagens pontuadas por essas simpáticas expressões não deve ser subestimado. Se, como disse o pianista dinarmaquês Victor Borge, um sorriso é o caminho mais curto entre duas pessoas, o smiley e os emojis vêm nos ajudar e ajudar as marcas a resgatar a humanidade das conexões numa era pautada pela comunicação virtual.