Quando esse tal de metaverso vai decolar, afinal?

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Josh Rush 4 minutos de leitura

Em meados de 2022, a Pew Research realizou uma pesquisa com mais de 600 “inovadores tecnológicos, desenvolvedores, líderes empresariais e políticos, pesquisadores e ativistas” perguntando se eles acreditavam que o metaverso faria parte do nosso dia a dia até 2040. Mais da metade (54%) respondeu que sim.

Um estudo mais recente, encomendado pela KPMG – desta vez com consumidores – mostrou níveis semelhantes, embora ligeiramente menores, de crença de que o metaverso entraria em suas vidas cotidianas.

No centro de qualquer experiência no metaverso está a plataforma, e agora existem várias delas.

No entanto, o otimismo tem uma vida útil curta. As pessoas não mantêm o entusiasmo para sempre. Se algo não consegue se estabelecer como prometido – ou, pelo menos, mostrar algum progresso nessa direção –, logo é engolido por uma crescente onda de ceticismo e desilusão.

Portanto, é hora de termos uma conversa franca sobre o estado do metaverso hoje, suas capacidades atuais e por que levará tanto tempo para atingir todo o potencial prometido por seus defensores e entusiastas.

O ESTADO ATUAL DO METAVERSO

Em muitos aspectos, o metaverso (tal como se encontra agora) se parece com qualquer produto tecnológico em estágio inicial: dezenas de concorrentes disputando o domínio de algo que ainda não está completamente formado.

No centro de qualquer experiência no metaverso está a plataforma, e agora existem várias delas, cada uma com suas próprias distinções fundamentais. Roblox e Fortnite são, principalmente, jogos. Decentraland e Sandbox, por sua vez, projetaram suas economias virtuais em torno de criptomoedas, bem como da noção de “propriedade” usando blockchain.

Crédito: Roblox

Já o Horizon Worlds, da Meta, adota uma abordagem um tanto eclética, incorporando elementos sociais e de jogos, com ambições explicitamente declaradas de se expandir para outros casos de uso.

Além desses gigantes, existem também “experiências” discretas menores que não estão vinculadas a nenhuma grande plataforma e que geralmente são operadas por marcas. Essas experiências têm um propósito específico, existindo para resolver um determinado problema ou se concentrar em uma propriedade intelectual.

Ao contrário da web tradicional, o metaverso é intrinsecamente caro de operar.

Por fim, existem produtos de metaverso B2B, muitas vezes negligenciados em favor das plataformas e casos de uso mais voltados para o consumidor. Um dos mais conhecidos é o Mesh para o Microsoft Teams.

De acordo com uma pesquisa recente da Nokia em parceria com a Ernst & Young, 80% das empresas que já implementaram tecnologias de metaverso afirmam que ele terá um “impacto significativo ou transformador na forma como fazem negócios”.

Crédito: Meta

AS MAIORES BARREIRAS PARA A ADOÇÃO

Ao contrário da web tradicional, o metaverso é intrinsecamente caro de operar. Renderizar mundos virtuais e oferecer uma experiência de usuário consistente e sem atritos requer uma quantidade considerável de poder de processamento.

Embora algumas plataformas tentem transferir essas demandas para os usuários, essa não é uma opção viável para quem procura atingir a adoção em massa, pois limita a base de usuários potenciais àqueles com computadores robustos, caros e bem equipados.

Os consumidores não abraçarão o metaverso sem conteúdo e os criadores não investirão nele sem audiência.

Por muito tempo, esse foi o maior desafio enfrentado pelas plataformas de metaverso que buscam expansão. Felizmente, essa barreira não é mais insuperável. Após vários anos de aumentos, os preços das GPUs começaram a diminuir, em parte devido às melhorias na cadeia de suprimentos de semicondutores e à contínua queda nos preços das criptomoedas.

Além disso, as plataformas podem tomar medidas por conta própria e investir em uma estratégia de infraestrutura multinuvem, aumentando sua capacidade e permitindo atender a mais usuários.

Crédito: Microsoft

O conteúdo representa outra grande barreira para a adoção, talvez a maior delas. Os consumidores não abraçarão o metaverso sem conteúdo e os criadores (incluindo marcas) não investirão nele sem audiência. Com experiências que podem facilmente custar milhões para desenvolver e operar, é compreensível que as marcas continuem com um pé atrás.

Felizmente, esse problema se resolverá com o tempo, em parte devido ao amadurecimento do cenário de ferramentas de desenvolvedor e à adoção da IA generativa, que promete reduzir ou eliminar muitos dos custos associados ao desenvolvimento e atualização de conteúdo.

Outra razão para manter a esperança é a contínua queda nos preços de headsets de realidade virtual. Embora nem toda experiência de metaverso exija um, muitas o fazem. Os preços de certos modelos já sofreram cortes acentuados para atrair potenciais usuários, e os analistas esperam que os preços médios diminuam entre 2023 e 2028.

A combinação da adoção do streaming com maiores investimentos em infraestrutura por parte das plataformas ajudará a reduzir o custo inicial para os consumidores e deve desempenhar um papel importante na transformação do metaverso em uma tecnologia amplamente aceita e mainstream.


SOBRE O AUTOR

Josh Rush é CEO da Surreal Events, plataforma de eventos virtuais e desenvolvimento de metaverso. saiba mais