Robô promete acabar com tarefa doméstica muito chata – mas ainda é só um vídeo
Anúncio viraliza nas redes. Mas será que o robô vai mesmo chegar às casas das pessoas?

Um robô que dobra roupas é daquelas ideias que praticamente se vendem sozinhas. Que o diga a Syncere, uma startup dos EUA com apenas cinco pessoas que já soma mais de mil inscritos na pré-venda de seu robô Lume – tudo isso apenas com um vídeo conceitual.
O vídeo, que já ultrapassou quatro milhões de visualizações no X/ Twitter, mostra duas luminárias de cabeceira se transformando em braços robóticos que dobram tranquilamente uma pilha de roupas sobre a cama. O detalhe é que não fica claro que se trata apenas de uma animação de computador.
A Syncere oferece pré-vendas por US$ 200 – ou US$ 2 mil para quem quiser ser dos primeiros da fila – e promete lançar o produto a partir do fim do ano. “A ideia é simples: você joga as roupas na cama, sai... e quando volta, elas parecem ter se dobrado e se organizado sozinhas”, explica o CEO Aaron Tan.
Automatizar as tarefas domésticas é um sonho antigo, que remonta ao lançamento da primeira lava-louças, em 1893. Embora grande parte da revolução atual da robótica esteja voltada ao ambiente de trabalho – com humanoides dividindo funções com pessoas –, a repercussão do vídeo da Syncere mostra que existe um enorme interesse por robôs que assumam tarefas repetitivas e cansativas que a maioria das pessoas detesta.
DE ROBÔS MULTITAREFAS A DOBRADORES DE ROUPAS
Tan e o cofundador Angus Fung começaram desenvolvendo um robô móvel com um braço, projetado para realizar várias funções, como limpar, arrumar a cama e até entregar comida. Mas, quando levaram o protótipo para dentro das casas, encontraram bastante resistência.
A ideia de conviver com um robô grande, com aparência industrial, não agradava. Alguns se preocupavam com a segurança; outros não faziam ideia de onde colocar uma máquina daquele tamanho. “O que as pessoas realmente queriam era se livrar das tarefas, mas sem abrir mão da estética da casa nem correr o risco de tropeçar em um trambolho mecânico”, diz Tan.
Foi assim que surgiu o conceito de um robô dedicado exclusivamente a dobrar roupas, pensado para se integrar melhor ao ambiente doméstico. O design atual prevê um par de braços robóticos de seis eixos, com cerca de 1,80 metro de altura, que funcionam como luminárias comuns quando não estão em uso.
Os braços terão câmeras e processamento interno. O tempo de dobra varia, mas, segundo Tan, o robô consegue dobrar uma peça em cinco a 10 segundos. “Calculamos que uma carga média de roupas levaria menos de duas horas para ser concluída”, afirma.
MAIS DESAFIOS PELA FRENTE
Mesmo que a Syncere consiga treinar o Lume para dobrar uma pilha inteira de roupas, ainda há outro desafio gigantesco pela frente: descobrir como fabricar em escala um produto inédito.
Embora hoje essa tarefa seja mais viável, isso não significa que seja simples. Outras startups já tentaram desenvolver robôs dobradores de roupa e fracassaram antes mesmo de entregar a primeira unidade. Até agora, a Syncere também não apresentou provas de um protótipo funcional.
Automatizar as tarefas domésticas é um sonho antigo.
Por enquanto, a empresa não parece preocupada. Tan afirma que, no primeiro ano, os robôs serão montados internamente. Não é um modelo sustentável a longo prazo, mas, segundo ele, permitirá “ciclos mais curtos de ajustes” junto aos primeiros clientes.
Ainda assim, é provável que a Syncere precise buscar novas fontes de financiamento além das pré-vendas já realizadas, e a saúde financeira da operação permanece uma incógnita.
Seja como for, com os avanços recentes em inteligência artificial e visão computacional, robôs que dobram roupas estão mais próximos da realidade do que nunca.