Seus ativos digitais vão ficar de herança um dia. É bom deixá-los em ordem

Passamos boa parte da nossa vida no ambiente online. Por isso, precisamos de planejamento patrimonial digital para proteger nossos bens virtuais

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Emily Guy Birken 3 minutos de leitura

É bem provável que você nunca tenha sequer considerado a necessidade de fazer um planejamento patrimonial digital. Mas certamente já passou por uma situação em que esqueceu a senha de um site que você quase nunca visitava, esqueceu a resposta das perguntas de segurança e esqueceu também a senha do seu e-mail antigo vinculado a esse site.

A frustração de não conseguir acessar nossa própria conta por causa desse círculo vicioso é típica da era digital. No entanto, raramente pensamos em um problema ainda mais desagradável: como nossos familiares terão acesso às nossas contas e bens online se não souberem nossas informações de login e não estivermos presentes para responder à pergunta de segurança?

Um planejamento patrimonial não deve servir apenas para proteger bens materiais. Veja a seguir como criar um planejamento patrimonial digital que permitirá que seus entes queridos acessem seus bens online.

QUAIS SÃO SEUS BENS DIGITAIS?

O ideal é começar com um inventário de todos os bens, registros ou arquivos que você possua e que estejam armazenados em meio online, seja na nuvem, em um dispositivo móvel ou no seu computador pessoal. Estes bens podem incluir alguns ou todos os tipos a seguir:

Contas de e-mail: faça uma lista de todas elas, incluindo aquela conta do Yahoo que você só usa para se inscrever em promoções.

Contas de redes sociais: você pode até se importar mais com a sua conta do LinkedIn do que com o seu perfil do Instagram, que quase nunca acessa, mas é importante que seus entes queridos saibam de todas elas.

Contas bancárias: alguém ficaria sabendo que você tem uma poupança 100% digital se seus extratos são enviados para o seu e-mail?

Benefícios de programas de fidelidade: podem incluir milhas de cartões de crédito e pontos, que podem ou não ser transferíveis, dependendo do programa.

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Carteira de criptomoedas: se sua família não tiver a chave da sua carteira, todas as criptomoedas ou os NFTs que você tiver serão perdidos para sempre.

Domínios de internet, blogs ou sites de sua propriedade: sua família pode querer vender esses ativos.

Fotos, vídeos e outros dados armazenados na nuvem: sem acesso à nuvem, sua família pode acabar perdendo esses arquivos importantes.

INCLUA NA LISTA SUAS DÍVIDAS DIGITAIS

Embora seus bens digitais sejam parte do que você quer deixar para a sua família, você terá também de inventariar eventuais dívidas digitais. Elas podem incluir:

Contas em plataformas de pagamento por cartão de crédito e débito: por exemplo, o acesso ao Apple Pay ou à conta do PayPal.

Contas em aplicativos de namoro ou de jogos: mesmo que você não queira que saibam com quem se correspondeu ou quais jogos jogou, seus herdeiros precisarão saber todas as contas que você tem, para cancelar os pagamentos.

Assinaturas online: cancelar suas assinaturas será muito mais fácil se sua família souber sobre essas contas.

Sites de compras: incluem plataformas como Amazon e Mercado Livre.

Faturas online das contas de consumo: descobrir quais empresas fornecem sua internet e seu serviço de celular pode se tornar uma grande dor de cabeça para seus entes queridos.

HERANÇA NA ERA DIGITAL

O planejamento patrimonial já é um processo complicado, e a inclusão de bens e dívidas digitais torna tudo ainda mais complexo.

Para facilitar a administração do seu patrimônio digital para a sua família, comece fazendo um inventário dos seus bens e dívidas digitais. Isso o ajudará a entender quais informações seus parentes precisarão para acessar as suas contas, sejam apenas as informações de login, seja um processo específico exigido pelo serviço.

Também é bom deixar expresso em um eventual testamento que seu executor tem permissão para acessar as suas contas, além de incluir uma carta com o passo a passo para obter esse acesso.

O planejamento de patrimônio digital pode exigir tempo e esforço, mas fornecer orientações claras sobre seus bens digitais é muito melhor do que fazer sua família quebrar a cabeça para tentar lembrar se o nome do seu primeiro animalzinho de estimação era Mokey, Mokie ou Moky.


SOBRE A AUTORA

Emily Guy Birken é jornalista especializada em finanças. saiba mais