Spotify entra no território da Amazon com audiobooks

Com mais de 300 mil títulos de audiolivros disponíveis para venda avulsa, a plataforma diz que isso é “apenas o começo”

Crédito: Studio Media/ Insung Yoon/ Unsplash

Chris Morris 3 minutos de leitura

Depois de encarar a Apple e a Pandora, o Spotify parece estar mirando a Amazon.

No que aparenta ser o começo de uma nova fase para a empresa, o Spotify anunciou que os assinantes do mercado norte-americano poderão comprar mais de 300 mil títulos de audiobooks (ou audiolivros, em português).

Os usuários terão que pagar à parte por cada um – ainda não há planos para um serviço de assinatura. Mas, com a expectativa de aumento do interesse do público pelo formato nos próximos anos, pode estar se armando uma batalha entre a plataforma e a Amazon por esse mercado.

No momento, os audiolivros representam apenas 6% a 7% do mercado total de livros, de acordo com o Spotify. No entanto, a categoria vem crescendo à taxa de 20% ao ano. O vice-presidente e head global de audiobooks e de conteúdo fechado da plataforma, Nir Zicherman, chamou isso de “um mercado substancial e inexplorado”.

“Acreditamos que áudio e conteúdo em formato longo é um negócio muito maior do que muitos haviam pensado”, diz Zicherman. “Nossa expansão para o segmento de audiolivros

“Acreditamos que áudio e conteúdo em formato longo é um negócio muito maior do que muitos haviam pensado.”

vai provar se isso é verdade. E estamos só no começo. Do mesmo jeito que fizemos com o podcast, vamos apresentar um novo formato a uma audiência que nunca tinha experimentado algo do gênero, abrindo todo um novo segmento de potenciais ouvintes. Também nos ajuda a apoiar uma diversidade maior de criadores de conteúdo e a conectá-los com fãs que vão adorar sua arte.”

A venda “à la carte”, no momento, chega com preços meio salgados. Quer ouvir “O contador de histórias: memórias de vida e música”, de Dave Grohl? Vai custar US$ 25,90. O primeiro livro da série Harry Potter, “A Pedra Filosofal”, sai por US$ 32,90 (ambos em inglês, é claro).

Assim, a vantagem, por agora, fica com o Audible, que oferece uma variedade de opções de assinatura, com preço mínimo de US$ 7,95 por mês, com acesso a milhares de audiolivros e podcasts, mas não a lançamentos e mais vendidos.

O plano mais caro (US$ 229,50) dá acesso ao Catálogo Plus mais 24 créditos para títulos premium selecionados. O acervo do Audible tem o dobro do tamanho daquele do Spotify.

APRENDER PARA CRESCER

Com 188 milhões de assinantes premium e 450 milhões de usuários ativos por mês, o Spotify sabe como fisgar a audiência. A companhia reconhece sua falta de experiência no segmento, dizendo que tem que aprender como apresentar os audiolivros de uma forma que seja intuitiva para os atuais assinantes.

Uma vez que eles se tornem tão familiares para os usuários quanto os podcasts, abre-se um mundo de possibilidades. Ao adotar um modelo “pague para ouvir”, o Spotify pode aferir o interesse entre os usuários e reunir dados sobre quais títulos eles buscam.

“Vamos aprender bastante com o novo produto e potencializar esses aprendizados conforme formos melhorando a experiência do usuário, lançando em novos mercados e inovando o formato para beneficiar ouvintes, autores e editoras”, diz o executivo.  

Outra opção seria um modelo bancado por publicidade. A plataforma não deu nenhum sinal de que adotaria outro modelo que o da venda avulsa, mas tem deixado bastante claro que espera assumir uma posição de liderança desde que seu CEO, Daniel Ek, começou a preparar o terreno para o lançamento dos audiolivros, em junho.

“Assim como fizemos com os podcasts, pode ter certeza de que entramos para ganhar”, disse Ek em uma apresentação para investidores. “Como um grande player do setor, acredito que vamos expandir o mercado e criar valor para os usuários e para os criadores”.


SOBRE O AUTOR

Chris Morris é um jornalista com mais de 30 anos de experiência. Saiba mais em chrismorrisjournalist.com. saiba mais