Você sabe identificar conteúdo de desinformação política? É hora de aprender

Nesta época de eleições, estamos todos perdidos em um mar de afirmações, contra-afirmações e mentiras. Veja como encontrar a verdade

Créditos Irina/ solidcolours/ iStock

Richard Baguley 3 minutos de leitura

“Se uma mentira for levada a sério durante apenas uma hora, então ela já cumpriu seu papel”, dizia o humorista Jonathan Swift. Ele se referia à política em 1710, mas as coisas não mudaram: os eleitores de hoje continuam sendo bombardeados com desinformação, criada com a finalidade de enganar e induzir ao erro. Como, então, identificar conteúdos falsos?

Tudo se resume a quatro palavras: parar, investigar, procurar e rastrear. Esse método foi criado pelo educador Mike Caulfield para ajudar alunos na era digital, mas também é uma ótima maneira de avaliar os artigos políticos que você lê. São quatro passos simples: 

1. Pare: não republique nada imediatamente nem faça comentários. Pare por um segundo e reflita. 

2. Investigue a fonte: analise de onde vem a informação, por que ela foi publicada e quem se beneficia dela. 

3. Procure outras fontes: todo veículo de notícias busca obter um furo de reportagem, mas os fatos se espalham. Se algo for confiável, outras fontes vão começar a noticiar, portanto, procure em outros sites para verificar se a mesma informação está sendo divulgada. Existem muitos serviços de checagem de fatos. Avalie também a atualidade, a relevância, a autoridade, a precisão e a finalidade da fonte.

4. Rastreie a fonte original. Alegações extremas exigem provas completas, portanto, encontre a fonte da informação. Se for uma imagem, use um mecanismo de busca reversa de imagens, como o Google Images, para descobrir se ela foi usada em outro lugar ou se foi atribuída incorretamente. Se for uma citação de um discurso, digite o trecho no Google ou no Bing para ver se consegue encontrar o vídeo da fala original. Para uma manchete ou notícia, vá diretamente à fonte e encontre o artigo. 

Se a informação que chegou até você não passar em algum desses testes simples, é um sinal de alerta. Se a fonte não for confiável, se ninguém mais estiver relatando o fato ou se o conteúdo original não estiver disponível, pode ter sido uma desinformação publicada por um erro genuíno ou uma tentativa de tumultuar as discussões políticas. 

INUNDANDO A REDE COM BOBAGENS

De todo jeito, se você não puder investigar, encontrar ou rastrear a fonte, não republique. A estratégia de quem usa a desinformação é, para citar um praticante, “inundar a rede com bobagens”, criando tantas informações confusas e enganosas que o leitor não consegue distinguir a verdade das mentiras e desiste. Publicar esses conteúdos falsos, ou mesmo comentá-los, só ajuda a aumentar a quantidade de sujeira com a qual estamos lidando. 

Alegações extremas exigem provas completas, portanto, encontre a fonte da informação.

Winston Churchill disse certa vez que “uma mentira pode dar meia volta ao mundo antes que a verdade vista seus calções”. Só que ele não diria exatamente isso: como um britânico de classe alta, Churchill teria dito calças em vez de calções.

Essa citação foi falsamente apresentada como um provérbio chinês e atribuída a escritores como Mark Twain e Churchill, mas, mais uma vez, a origem parece estar em Swift, que disse em 1710 que “a falsidade voa, e a verdade vem mancando atrás dela, de modo que quando os homens se deixam enganar, é tarde demais; a brincadeira acabou, e o conto teve seu efeito”.

Busque sempre aplicar o teste de credibilidade: investigue, procure outras fontes e rastreie o original antes de clicar no botão de comentar ou repostar.


SOBRE O AUTOR

Richard Baguley é editor e escritor com foco na na área de tecnologia. saiba mais