Oracle Fest: revolução humana, impacto e legado pós-digital
“Ideias comunicadas de forma simples são replicadas”. Essa foi uma das frases de Simon Sinek, escritor e visionário, autor do livro Comece pelo Porquê, no fechamento do Oracle Fest, festival de inovação, tecnologia e transformação de negócios que aconteceu nos dias 29 e 30 de junho e 1 de julho. Em conversa com Gabriel Vallejo, vice-presidente de Marketing da Oracle na América Latina, Simon ressaltou que, ao crescerem, muitas empresas deixam as distrações corporativas as desviarem do real motivo de existirem.
“As companhias que se tornaram valiosas nasceram com um propósito, mas com o tempo começam a viver em função de metas e objetivos de negócios esquecendo para onde estão indo”
Simon Sinek
“As companhias que se tornaram valiosas nasceram com um propósito, mas com o tempo começam a viver em função de metas e objetivos de negócios esquecendo para onde estão indo”, destacou Simon. Muitas das premissas levantadas na conversa entre Vallejo e Simon surgiram em vários outros momentos durante os painéis do Oracle Fest. A iniciativa da Oracle destacou, de forma digital e multiplataforma, o impacto da transformação do mundo, das pessoas e dos negócios em três verticais de conteúdo: varejo, serviços financeiros e manufatura.
A RESSIGNIFICAÇÃO DA EXPERIÊNCIA NO VAREJO
Em conversa com Luiz Meisler, vice-presidente executivo da Oracle, Luiza Helena Trajano, Chairman do Magazine Luiza e presidente do Grupo Mulheres do Brasil, compartilhou como o recrutamento inclusivo impactou o negócio de uma das maiores redes de varejo do Brasil. Para Luiza, não faz sentido que grandes empresas cujos produtos e serviços chegam para milhões de brasileiros não tenham representatividade em seus quadros. “Se 70% da população é pobre, como não ter esse público representado para vender produtos? Diversidade é sobre inovação. Mulheres, negros, trans, todo mundo que quiser fazer a diferença deve ter condições de inovar”, ressaltou a empresária.
“Se 70% da população é pobre, como não ter esse público representado para vender produtos? Diversidade é sobre inovação. Mulheres, negros, trans, todo mundo que quiser fazer a diferença deve ter condições de inovar”
Luiza Helena Trajano
Diversidade, inclusive, tem sido elemento vital para lidar com os desafios impostos pela Covid-19. No painel “A importância da digitalização na pandemia”, Jorge Proença, diretor de inovação do Grupo Pão de Açúcar, colocou em perspectiva os aprendizados que surgiram da experiência de transformação gerada pelo momento em que vivemos. “Tínhamos um movimento forte de digitalização que foi acelerado pela pandemia. Vivemos, literalmente, uma prova de fogo. Tivemos que mudar as prioridades e ter processos que tratassem esse momento como algo diferente de tudo que já havíamos presenciado”. Dentre os vários aprendizados de marcas como Extra, Compre Bem e Pão de Açúcar, estão os novos hábitos gerados a partir de novos contextos.
DADOS, TECNOLOGIA E O HUMANO APLICADOS À MANUFATURA
A indústria de manufatura é, globalmente, motor da economia. Neste contexto, como explicou Maicon Rocha, head de HCM Brasil da Oracle, no painel “Os desafios e tendências de Gestão do Capital Humano na Indústria de Manufatura”, é fundamental ressaltar o papel humano no presente e futuro dessa indústria que, por essência, é cada vez mais automatizada. “Apesar de a quarta revolução industrial nos mostrar que o futuro e tecnológico, nossa visão, na Oracle, é que as ferramentas funcionam como um grande habilitador de um futuro cada vez mais humano. Tudo que está sendo desenvolvido e criado deve ter o indivíduo como foco”, pontuou Maicon.
“O setor de manufatura vivencia, nas últimas décadas, um processo de transformação em seu modelo de negócios com quatro pilares principais: indústria 4.0, inovação, novos modelos de negócios e globalização. Com um surgimento cada vez maior de tecnologias e soluções que transformam a capacidade de negócios, surge também novos modelos liderados por pessoas empreendedoras que transferem aspectos humanos e comportamentais”, pontua Maicon. O profissional provocou a audiência para um questionamento que baseia o papel das pessoas neste processo. “É sobre as pessoas corretas, com a experiência correta e no lugar correto. Somente desta maneira teremos uma revolução absolutamente tecnológica, mas humana acima de tudo.”
O ECOSSISTEMA FINANCEIRO ALÉM DO DINHEIRO
Charles Schweitzer, head de inovação do banco Carrefour ressaltou, por exemplo, que para começar uma transformação digital baseada no setor financeiro é importante ir além das palavras e conceitos da moda. “Muita gente confunde transformação digital em vender na internet ou ter um app. Mas vai além, é sobre mapear jornadas dos clientes e montar grupos de trabalho que vão se dedicando a fazer com que as etapas sejam as melhores possíveis e reorganizando a empresa em função da jornada”.
Por sua vez, Rodrigo Furiato, head de wallet no Mercado Pago, ressalta que esse processo de inovação pode ser mais bem aproveitado com dinâmicas de antecipação de cenários, como o que ocorreu em um dos maiores marketplaces da América Latina. “Há dois anos, estamos investindo e trabalhando na tecnologia de pagamentos como QR Code e na otimização dos processos transacionais. Hoje, já presenciamos um cenário com uma série de outras tecnologias, como o PIX, que gera possibilidades para oferecer mais conveniência na construção de jornadas sem fricção”, destaca Furiato.
DESPERTANDO TALENTOS ADORMECIDOS
Todas as discussões pautas em transformação e inseridas em um contexto humano e diversos, porém, não se sustentam sem estruturas e iniciativas que identifiquem e suportem novos talentos. De que adianta recursos, os melhores profissionais muita tecnologia se os talentos não são impulsionados? Esse foi um dos motes de dois painéis que conectam mentes brilhantes do Brasil e América Latina no desenvolvimento de pessoas. No “Perspectivas e facilitadores para a transformação da América Latina”, o colombiano Juan David Aristizabál reforçou: “precisamos acordar um gigante adormecido: o talento”. O jovem CEO da ProTalento, aceleradora de carreiras digitais, foi enfático ao destacar o potencial criativo e inovador dos jovens da América Latina.
“Uma pergunta que sempre me faço quando vejo personagens como Messi e Shakira é: o que aconteceu com essas mentes brilhantes para que eles se tornassem personagens globais? E por que não temos esse destaque para a tecnologia ou o empreendedorismo de forma mais efetiva? Existem muitos talentos adormecidos que precisam de apoio e quem invista em suas capacidades”, destacou Juan David. Por sua vez, Edu Lyra, fundador da ONG Gerando Falcões, pontuou que alimentar mais de um milhão de pessoas tem relação direta com gestão, dados e um sistema rigoroso de auditoria.
“O sonho individual deve estar alinhado ao coletivo, sem isso, não é possível mudar nossa sociedade. E em um País como o Brasil, onde somos resilientes, eu diria que é vital o olhar para o todo”
Edu Lyra
Segundo Edu Lyra, não é sobre ajudar as pessoas pobres, apenas, mas fazê-lo da maneira certa e coletiva. “O sonho individual deve estar alinhado ao coletivo, sem isso, não é possível mudar nossa sociedade. E em um País como o Brasil, onde somos resilientes e solidários, eu diria que é vital o olhar para o todo”, destaca.