3 clichês do mundo dos negócios que você faria bem em deixar para lá
Em vez de se lançar no desconhecido com base em clichês, incentive seu pessoal a pensar de forma crítica e independente
Você vive pulando de uma reunião para outra, tentando trabalhar de forma mais inteligente (e não mais complicada), enquanto acompanha a sua equipe para que ela saiba que deve estar sempre se esforçando? Ou está apenas fazendo o que é preciso para obter o máximo de valor para o cliente? Esses clichês corporativos são bastante comuns.
A verdade é que tomamos esses clichês como verdadeiros porque precisamos. Mas se você for como a maioria das pessoas, seu trabalho está mais complicado do que nunca e você está, sim, exausto. Muitas pessoas acatam os clichês do mundo dos negócios sem questioná-los, simplesmente para manter a sanidade mental.
Tenho boas e más notícias. A má é óbvia. Um número significativo de clichês sobre gestão está errado. A boa notícia? Esses três mais comuns nos negócios têm como ser devidamente desmascarados.
QUANTO MAIOR, MELHOR
É fácil ver uma empresa maior como um sinal de estabilidade e solidez. Olhando de fora, a aritmética é simples: quanto maior a empresa – ou seja, quanto mais funcionários ela tiver –, mais dinheiro ela deve ter e, portanto, mais estável ela deve ser. Mas esse é o problema: depende.
No caso de uma startup, a maioria das pessoas determina ou presume que sua empresa é confiável procurando saber quantas pessoas trabalham nela e quanto financiamento recebeu. Mas essas métricas nem sempre são bons indicadores de estabilidade.
Para muitas startups, o primeiro requer o segundo. O capital é injetado, o negócio é artificialmente inflado, os investidores incentivam os fundadores a crescer rapidamente e, depois de uns quatro anos, esses negócios (cerca de 75% de todas as empresas apoiadas por empreendimentos) fracassam. Ser maior não significa ser melhor em uma startup. Essa é uma métrica de vaidade.
Quanto às empresas estabelecidas, seu apelo é que muita gente as considera tão grandes que não têm como falir. Já sabemos que isso não é verdade. O colapso dos gigantes financeiros em 2008, ou mesmo as demissões em massa após a pandemia deixaram isso dolorosamente claro.
Não se trata de ser grande. Independentemente do tamanho, o importante é ser uma instituição sólida, altamente lucrativa e focada nos seus objetivos.
SE NÃO ESTÁ QUEBRADO, NÃO CONSERTE
Esse é um dos meus favoritos, especialmente como fundador de uma empresa de SaaS (software-as-a-service), porque os engenheiros costumam ser os que mais acreditam nele.
Se você acredita que pode abandonar seus produtos antigos ou seu legado tecnológico, está se preparando para o fracasso. Se não melhorar continuamente seus produtos e os sistemas por trás deles, sua empresa enfrentará desafios existenciais.
Para as startups em início de trajetória, a frase “se não está quebrado, não conserte” é um perigo no horizonte. Conforme vai conquistando clientes, expandindo seus negócios e, como na minha startup, escrevendo mais código, você vai começar a perceber rachaduras na armadura do produto.
Problemas com produtos antigos são desagradáveis. Por quê? Usando uma empresa de SaaS como exemplo, alguns códigos preexistentes são ruins, outros são bons e a maioria é fundamental. Há várias maneiras de esse código afetar seu produto.
Como sabemos, o software inevitavelmente dará problema, não há como fugir disso. Um dia, aquele código antigo com o qual você contou durante anos começará a funcionar mal ou não funcionará mais.
Esse é um problema cotidiano que interfere em outras prioridades de empresas estabelecidas. De acordo com um estudo recente com executivos de tecnologia, quase 70% da capacidade de inovação das empresas está sendo prejudicada pelo legado tecnológico.
Muito acatam os clichês sem questioná-los, apenas para manter a sanidade mental.
Ignorar as questões antigas coloca as grandes empresas em risco de serem atropeladas por players mais ágeis e inovadores. Trata-se de uma ameaça de vida ou morte para elas.
Se algo não está quebrado, vai quebrar. O legado tecnológico prejudica as equipes de produtos e a capacidade de inovação. Da próxima vez que você pensar em adiar um projeto que diga respeito ao legado tecnológica, não o faça. Comece hoje, para que isso não prejudique seus negócios amanhã.
PIVOTANDO
Esse exemplo é menos um clichê e mais um termo ambíguo e problemático. O que exatamente é pivotar? O verbo vem da palavra em inglês “pivot” (girar em torno do próprio eixo). No universo das empresas e startups, tem o sentido de mudar o direcionamento do negócio para manter a organização sustentável.
Para alguns, pivôs são pequenas mudanças; para outros, são reestruturações de empresas no geral e, para os demais, é uma referência a Ross Geller em um episódio de "Friends" tentando subir um sofá por uma escada estreita.
Minha opinião: pivotar é quando você é forçado a mudar algo material e complexo para manter ou melhorar a viabilidade do negócio. Não é algo que você escolhe. É algo que escolhe você.
Pivotar em pequenas empresas geralmente significa buscar a viabilidade de mercado. Em seus primórdios, o PayPal pivotou seu modelo de negócios cinco vezes em 15 meses.
Embora o mercado possa forçar pequenas mudanças, o termo pivotar deve ser utilizado apenas para a alteração de seus negócios e para um nível básico de complexidade.
A dinamização de uma grande empresa tem consequências enormes e o termo deve ter mais peso. Se o CEO disser que está pivotando, algumas pessoas talvez precisem atualizar seus currículos. De qualquer forma, o trabalho que você faz e a forma como o faz provavelmente estão prestes a mudar.
Seja qual for o tamanho, o importante é ser uma instituição sólida, lucrativa e focada nos seus objetivos.
Não use o termo clichê “pivotar” porque você precisou mudar a opção de comida na festa de fim de ano dos funcionários de pizza para sanduíche. Guarde-o para quando surgirem pressões significativas e complexas sobre a empresa.
Estes são apenas três clichês de negócios problemáticos, mas existem muitos outros por aí. Na próxima vez que você estiver em uma reunião e alguém disser "o cliente sempre tem razão", "falem mal mas falem de nós" ou "os bonzinhos sempre terminam em último", questione. Peça provas. É provável que a pessoa não tenha ideia se o que está dizendo é verdade.
Em vez de seguir para o desconhecido com base em um mito, incentive sua equipe a pensar de forma crítica. Afinal, "a dúvida é o começo, não o fim, da sabedoria."
Partes deste artigo foram adaptadas de "Startup Different: The Myth-Busting Blueprint for Your Multi-Million Dollar Business" (Empreender diferente: o plano para desmistificar e construir o seu negócio multimilionário, em tradução livre), de co-autoria de David Sinkinson.