3 coisas que os líderes devem parar de dizer só para se sentirem melhor

Muitas vezes os líderes acham que precisam salvar o dia, como Batman ao salvar Gotham City. Mas assim Gotham City nunca aprende a se salvar sozinha

Crédito: Fast Company Brasil

Paige Williams 4 minutos de leitura

Você está disposto a parar de contar para si mesmo aquelas mentirinhas que o fazem se sentir mais confortável e te dão mais segurança em relação à sua capacidade de ser um líder? 

A coragem de parar de acreditar nessas pequenas mentiras é a chave para o sucesso da sua liderança. Isso faz com que sua influência como líder aumente muito, seus relacionamentos tenham um nível mais profundo de intimidade e o desempenho de sua equipe dispare. A seguir, listamos três ideias ilusórias que você precisa superar.

1. Chefes são super-heróis

Eu adorava o Batman e a Mulher Maravilha quando era criança. Mas os super-heróis com os quais crescemos nos enchem de grandes pretensões sobre o papel dos líderes. Será que uma boa liderança é realmente assim?

Com muita frequência, como líderes, achamos que precisamos salvar o dia, como Batman ao salvar Gotham City. Mas o problema é que Gotham City nunca aprende a se salvar sozinha. O mesmo se aplica aos líderes. Se estiverem sempre vestindo a capa e salvando a equipe, salvando o dia, como eles vão aprender, crescer e desenvolver sua capacidade de se salvar sozinhos? 

Qual poderia ser uma alternativa? Adoro o fato de que, na série da Marvel, há essa ideia do anti-herói, um personagem imperfeito, que segue um caminho diferente. Ele não tem todas as respostas, nem sempre pode salvar as pessoas, mas está fazendo o que pode com o que tem no momento.  

Um líder anti-herói aceita suas imperfeições, está aberto a mudanças e disposto a se envolver com o que está acontecendo à sua volta. Em vez de tirar conclusões precipitadas e presumir que as pessoas não vão colaborar, vamos ver o que acontece. Talvez seja hora de tirar a capa de super-herói.

2. Você é o centro de tudo

Certa vez, estava em uma reunião virtual de alto nível com colegas que eu respeitava e admirava. Em situações desse tipo, não é sempre que levanto a mão e manifesto minha opinião. Mas esse foi um desses momentos em que levantei minha mão virtual para contribuir. Esperei... E esperei... E esperei. Mas não fui convidada a fazer minha contribuição.  

Fiquei com raiva e envergonhada. Senti que havia sido ignorada de propósito. Fiquei tão abalada que precisei sair da câmera e respirar fundo para me acalmar antes de poder voltar. Mesmo assim, minha atenção e minhas emoções ainda estavam em outro lugar. Eu estava magoada, mal-humorada e julgando todo mundo e tudo o que era dito. 

Isso é o que acontece quando o ego se intromete. Ele nos impede de enxergar o que está acontecendo. Você presume que é o foco, o centro da atenção e das ações de todos. E isso impede de ver a verdade, de perceber o que é real. 

Para dar o melhor de si, é preciso abandonar aquilo que o autor Michael Singer chama de "mente egóica", que leva tudo para o lado pessoal, para que possamos ver e interagir verdadeiramente com a realidade à nossa frente. Porque a realidade é que você não é o centro do universo de ninguém além do seu próprio.

Apesar do que o ego possa dizer, ninguém está ouvindo, ninguém está interessado e ninguém se importa com o que está acontecendo com você, porque cada um é o centro do seu próprio universo. Quanto mais cedo aceitarmos isso, mais cedo poderemos parar de nos fechar em nós mesmos e começar a nos expandir para o mundo. Talvez nem tudo seja sobre você. 

3. É errado não estar sempre certo

Você sabe que precisa estar à altura dos desafios e oportunidades de liderança que estão por vir. Já tentou todas as formas tradicionais de liderar e se sente esgotado, estressado e frustrado porque nada parece estar melhorando. Você está exausto e seu pessoal também. 

O que funcionava antes não está mais funcionando. É preciso uma nova estratégia de liderança. Uma estratégia que nos permita sair melhor de nossas experiências, em vez de nos desgastar com elas.  

O que é preciso é uma mudança total na mentalidade, de uma mobilização intensa para uma navegação complexa, de um mergulho profundo na última tendência de liderança para um nível de compreensão que nos ajude a ser ágeis e receptivos ao nosso contexto em constante mudança. Porque não há solução mágica. Nada fará com que tudo atenda às demandas da realidade complexa em que estamos inseridos.

É por isso que, como líder, você precisa de um ecossistema de ideias e de uma atitude aberta a experiências para conseguir atender às demandas e prioridades do trabalho em constante mudança. A prática de refletir e avaliar suas ações e o impacto delas significa que você está aprendendo, expandindo sua compreensão e aumentando sua sabedoria. 

Nada disso acontece na segurança da zona de conforto. E isso significa que nem sempre acertaremos. E não tem problema. Talvez não estar certo nem sempre seja errado.


SOBRE A AUTORA

Paige Williams é psicóloga organizacional, pesquisadora, palestrante e autora de cinco livros sobre liderança. saiba mais