3 hábitos que aumentam a produtividade mas prejudicam quem trabalha

Entenda por que alguns dos hábitos de produtividade mais comuns podem lhe fazer mal

Crédito: Vilius Kukanauskas/ Pixabay

Stephanie Vozza 4 minutos de leitura

Se você procurar por “produtividade” em um dicionário de sinônimos, as palavras relacionadas provavelmente vão incluir “abundância”, “potência”, riqueza” e ‘rendimento’. Parecem coisas boas e que valem nosso esforço, certo? Não à toa, muita gente anda buscando constantemente maneiras de aumentar a produtividade.  

“Um dos principais motivos pelos quais as pessoas focam tanto na produtividade é o fato de ela nos fazer sentir bem com nós mesmos”, analisa Israa Nasir, autora de "Toxic Productivity: Reclaim Your Time and Emotional Energy in a World That Always Demands More" (Produtividade Tóxica: Recupere seu tempo e sua energia emocional em um mundo que sempre exige mais).

“É uma relação de causa e efeito muito tangível. Podemos fazer com que nossa mente sinta que, fazendo isso, vamos nos sentir bem com nós mesmos.”

Como todas as coisas boas, a produtividade pode ter um lado ruim, especialmente quando faz com que a gente corra como um hamster dentro de uma rodinha. “A produtividade pode criar um desequilíbrio em sua vida se ela for a única coisa que importa”, diz Nasir. “É o caminho mais rápido para chegar a um burnout". 

A produtividade também se torna insalubre quando é a única maneira de você sentir validação e quando seu senso de identidade está muito atrelado a ela. “Isso acontece quando você não consegue se ver como um ser humano completo e multifacetado”, explica. “Você só se vê pelas lentes dos resultados que pode alcançar.”

Uma terceira forma pela qual a produtividade se torna tóxica é quando ela não está alinhada com seus valores fundamentais. Em vez disso, suas metas de produtividade são uma lista de itens que você herdou da sociedade ou das expectativas da família.

Três hábitos comuns contribuem para a produtividade tóxica:

Hábito 1: excesso de compromissos

A primeira coisa que as pessoas fazem é assumir compromissos demais. Preencher sua agenda – agendar reuniões consecutivas, preencher suas noites e fazer ligações, passando de uma coisa para outra – pode ser considerado uma tendência positiva.

Entretanto, essa mentalidade pode rapidamente se tornar prejudicial à saúde. “Achamos que é porque estamos nos esforçando, mas na verdade estamos nos tornando o hamster na roda do fazer”, diz ela. 

Crédito: Gabriel Benois/ Unsplash

Hábito 2: se deixar levar pelas emoções

Outro hábito tóxico é a incapacidade de administrar as emoções. Um exemplo desse hábito é sentir-se culpado por estar aproveitando o tempo livre. Em vez de regular a culpa e lidar com ela ou fazer uma pausa, você procura uma tarefa “produtiva” para preencher o tempo.

O descanso também pode alimentar uma imagem indesejada de preguiça. Isso pode desencadear a vergonha, que também é um forte estimulante. “Você não quer ser a pessoa que não está fazendo nada”, diz Nasir.

"Normalmente, evitamos processar a sensação de vergonha. Existe maneira melhor de evitar uma emoção do que se ocupando? Isso nos motiva a deixar de lado o descanso, o relaxamento e o simples fato de ser.”

Hábito 3: realizar várias tarefas ao mesmo tempo

A multitarefa gera uma carga cognitiva muito alta com a quantidade de energia que seu cérebro está gastando para processar informações. “Não existe uma maneira eficaz de realizar multitarefas. Achamos que estamos fazendo várias coisas ao mesmo tempo, mas, no nível celular, o cérebro está alternando entre as tarefas muito rapidamente. Isso é muito desgastante”, explica Nasir.

DESENVOLVENDO NOVOS HÁBITOS SAUDÁVEIS

Hábitos de produtividade tóxica muitas vezes se desenvolvem ao longo de muito tempo e ficam enraizados. Como resultado, Nasir recomenda mudá-los começando com micro hábitos. "Comece com o que for mais fácil e com a menor barreira de entrada", ela diz

Uma coisa a se tentar é uma avaliação do que você faz toda semana e se comprometer menos com algumas coisas. “O que isso provoca é a liberação de espaço para que você explore emocionalmente o que está de fato impulsionando sua produtividade.”

A produtividade pode criar um desequilíbrio em sua vida se ela for a única coisa que importa.

Outro novo hábito a ser criado é a prática da autorreflexão, conversando consigo mesmo todas as manhãs ou todas as semanas para refletir sobre o motivo pelo qual você faz as coisas que faz.

“A maioria das pessoas que trabalha na roda da produtividade está no piloto automático”, diz Nasir. “Isso é um grande problema e acontece porque não temos autoconsciência. Não estamos nos observando regularmente.”

Ela também recomenda monotarefa pelo menos uma vez por dia. Comece com algo pequeno. “Muitas pessoas assistem à TV e ficam rolando a tela ao mesmo tempo. Seu cérebro fica alternando entre processar a TV e a mídia social, e isso é muito irritante. Você se sente um pouco mais cansado depois, em vez de relaxar.”

Outras formas de monotarefa incluem deixar o telefone de lado quando estiver conversando com alguém ou dedicar tempo ao e-mail e fechar a caixa de entrada quando terminar. 

Ao mudar pequenos hábitos, você pode começar a sentir a alegria e a facilidade da existência, em vez de apenas da ação. E vai conseguir prolongar sua produtividade de uma forma muito mais sustentável.


SOBRE A AUTORA

Stephanie Vozza escreve sobre produtividade e carreira na Fast Company. saiba mais