5 atitudes que acabam com a confiança dos funcionários em seus líderes

Abordar essas questões faz a diferença entre gastar um tempo precioso da vida em um ambiente péssimo ou torná-lo seguro e motivador

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Jeremy Campbell 4 minutos de leitura

O movimento “segunda-feira mínima” é a última tendência no mundo do trabalho. A ideia é a seguinte: começar a semana de um jeito mais suave não somente melhora o bem-estar como também nos torna mais produtivos até a chegada da próxima sexta-feira.

Mas será que essa é a melhor maneira de desafiar as velhas formas de trabalhar? Ou é só um modismo preguiçoso, uma desculpa para fazer menos esforço no mundo do trabalho híbrido?

Até agora, as tentativas de responder a essas perguntas com evidências concretas permanecem inconclusivas. Em vez disso, precisamos confiar nas opiniões pessoais. 

o maior motivo de desengajamento no trabalho são os relacionamentos ruins entre chefes e subordinados.

Então, lá vai a minha. Embora uma segunda-feira mínima possa ser um bálsamo para quem teve um fim de semana agitado, não ataca a origem do problema. Antes de mais nada, por que você tem tanto medo do primeiro "dia útil" da semana?

Ficar sobrecarregado em uma segunda-feira por causa daquele monte de itens na sua lista de tarefas é um sentimento comum. Normalmente, ele vem precedido pela angústia de domingo e é um sinal de alerta de esgotamento e desengajamento no trabalho.

Mas, em vez de optar por uma segunda mais suave como solução, será que não deveríamos abordar os problemas que causam a insatisfação dos funcionários?

Vamos falar a verdade: o maior motivo de desengajamento no trabalho são os relacionamentos ruins entre chefes e subordinados. Por isso, devemos nos concentrar em retreinar os gerentes de nível médio ou em substituir a geração atual.

Um tipo diferente de liderança de nível médio é necessário para este mundo pós-pandemia. No entanto, os gerentes, de forma geral, ainda estão mal preparados para enfrentar os desafios do novo mundo do trabalho.

Listo aqueles que considero os cinco principais problemas que prejudicam o relacionamento entre gerentes e seus colegas.

1. Abalo na relação de confiança

Se não mantivermos nossas promessas, ninguém vai confiar na gente. Uma vez que a confiança é quebrada, é muito difícil restaurá-la. Muitas vezes, é necessária a intervenção de um terceiro para mediar. A única maneira de restaurar a confiança é por meio de pequenos passos: cumprir promessas, ser fiel à palavra empenhada e respeitar prazos.

os gerentes, de forma geral, ainda estão mal preparados para enfrentar os desafios do novo mundo do trabalho.

Confiança tem tudo a ver com relacionamento.  Ela é moldada pela forma como as pessoas se comportaram no passado e é imensamente impactada pela abertura e transparência. Acima de tudo, a confiança vai depender da consistência em nossas ações e dos valores compartilhados, como decência e justiça.

2. Chefes muito ocupados

Um chefe precisa ter tempo para sua equipe, mesmo quando anda ocupado. Muitos relacionamentos de trabalho azedam porque os gerentes simplesmente não têm tempo suficiente para ouvir e ajudar.

Os benefícios de investir tempo na construção e manutenção de um bom relacionamento superam (em muito) qualquer eventual sensação de que isso está atrasando o dia.

Assim como na vida pessoal, precisamos investir tempo e esforço nos relacionamentos de trabalho. Estar muito ocupado não é desculpa. É um sinal de má liderança e de falta de cuidado para com as pessoas com quem trabalhamos.

3. Ambiente cheio de segredos 

A falta de transparência e de abertura é frequentemente citada como uma razão para a quebra nas relações e para a desmotivação no trabalho. Muitas vezes, os gerentes adotam uma cultura de não compartilhar informações. Às vezes, é uma tentativa equivocada de mostrar poder. Cria-se uma disputa entre as "pessoas que sabem" e as que "não sabem".

Assim como na vida pessoal, precisamos investir tempo e esforço nos relacionamentos de trabalho.

É muito fácil encontrar motivos para não compartilhar informações, mas isso pode ser incrivelmente prejudicial. Há muito mais a ganhar confiando nos colegas e compartilhando o que há de bom e de mau.

Afinal, se as notícias são ruins, normalmente são os colegas que têm as respostas para resolver os problemas que surgem. Agora, se a notícia for boa, eles precisam se sentir parte dela, motivados e inspirados para aproveitar os aspectos positivos.

4. Excesso de críticas 

A maioria das pessoas gosta de ser elogiada, mas alguns chefes acham isso muito difícil de fazer. O reconhecimento faz muito bem para o ego. Elogie-os e eles responderão positivamente e se sentirão melhor em relação ao trabalho. O gerente que nunca diz “mandou bem!” está falhando em engajar e inspirar.

Pior ainda é aquele que vê um monte de defeitos no trabalho do colega, mas nunca reconhece um serviço bem feito. As relações no trabalho são prejudicadas de forma irreparável por esse tipo de comportamento.

5. Favoritismo 

A inconsistência é algo terrível para as relações de trabalho. Se a equipe percebe que o chefe tem seus favoritos ou que trata as pessoas de maneira diferente, isso leva à amargura e à indelicadeza.

Nos esportes coletivos, muitas vezes ouvimos as pessoas criticarem o árbitro por não ser justo. É o mesmo no trabalho. Você não pode ter padrões e regras para um membro da equipe e outro para os demais.

Sim, há um custo para as empresas garantirem que seus líderes invistam tempo, esforço e inteligência emocional para fazer com que os relacionamentos no local de trabalho funcionem. Mas o custo é muito maior se os funcionários precisam gastar toda a sua própria inteligência emocional só para cultivar relacionamentos minimamente positivos e produtivos no trabalho.

Essa escolha coisa pode fazer a diferença entre gastar um tempo precioso da vida em um ambiente de trabalho péssimo ou criar condições para que ele se torne seguro e motivador.


SOBRE O AUTOR

Jeremy Campbell é coach executivo e CEO do Black Isle Group. saiba mais