5 dicas para quem chegou à meia idade mas não onde queria na carreira
Como tirar mais proveito da sua carreira (e da sua vida) na meia-idade, segundo a ciência
Profissionais de meia-idade vêm enfrentando uma série de desafios nos últimos anos, o que leva muitos a se sentirem sobrecarregados, esgotados ou estagnados. Embora essa realidade não seja exclusiva de profissionais de meia-idade, a experiência nessa faixa etária muitas vezes é diferente das outras, em razão do momento de vida e de carreira único em que eles se encontram.
Entre os gestores de meia-idade que oriento em meu trabalho como coach, muitos buscam propósito e empolgação na função que exercem, enquanto outros se sentem exaustos depois de anos de trabalho em ambientes de alta pressão.
Pouco ajuda aquela narrativa clássica sobre a crise da meia-idade, que diz que gestores nessa fase da vida alcançaram o topo e que, a partir dali, é só ladeira abaixo. Essa narrativa pode ser extremamente desanimadora. Mas talvez as coisas não sejam bem assim.
Embora a experiência em cargos de liderança na meia-idade seja um tópico ainda pouco estudado, a verdade é que essa pode ser uma fase de amadurecimento extraordinário, de renovação e de domínio de habilidades únicas, resultantes da sabedoria e da experiência de vida acumuladas.
Com base em uma análise da famosa pesquisa de Erik Erikson sobre psicologia do desenvolvimento – bem como nos meus mais de 20 anos de experiência na área de coaching de executivos –, descobri que há cinco estratégias respaldadas em pesquisas que podem ajudar gestores de meia-idade que se sentem sobrecarregados a sair da estagnação e entrar em uma nova fase de relação criativa e significativa com o trabalho.
1. Tire vantagem da diminuição da insegurança
Pesquisas revelam que, à medida que envelhecemos, nos tornamos menos inseguros e menos propensos a sentir vergonha, culpa e constrangimento. Não à toa, adultos mais velhos tendem a se considerar mais felizes e satisfeitos com a vida. Em suma, nos tornamos mais à vontade na nossa própria pele. A meia-idade é o momento perfeito para começar a deixar para trás aquela sensação de insegurança.
2. Mostre o seu lado mais vulnerável
Quando nos sentimos mais confortáveis com nós mesmos, também ficamos mais à vontade para mostrar uma vulnerabilidade maior. Há 20 anos, Susan Turk Charles, professora de psicologia da Universidade do Sul da Califórnia, estuda a relação entre a melhora da nossa capacidade de lidar com as emoções e a idade.
Na meia-idade temos a oportunidade de aproveitar a sabedoria, resiliência e inteligência emocional que adquirimos.
Com o tempo, nos tornamos menos reativos e passamos a nos concentrar mais no lado positivo das coisas. Não só passamos a sentir uma gama mais ampla de emoções, como também desenvolvemos a habilidade de dar nome a esses sentimentos e compartilhá-los com as pessoas.
Gestores que se mostram vulneráveis do ponto de vista emocional criam ambientes de trabalho nos quais os funcionários se sentem seguros psicologicamente, o que resulta em equipes mais fortalecidas e unidas.
3. Aproveite sua inteligência “cristalizada”
Arthur Brooks, professor da Universidade de Harvard, usa o conceito de “inteligência cristalizada” para explicar como o conhecimento e a experiência acumulados ao longo do tempo permitem que pessoas mais velhas combinem informações complexas de maneira mais eficaz e se concentrem nos problemas que realmente importam.
É o oposto da “inteligência fluida” observada em profissionais mais jovens, que podem até ser capazes de resolver problemas com mais rapidez, mas carecem da percepção refinada que vem com a idade. A sabedoria que vamos ganhando com o tempo nos permite lidar com os desafios de maneira equilibrada, o que faz com que tomemos decisões mais ponderadas e produtivas.
4. Mude seu foco para a colaboração
Quando entramos no período que Erik Erikson chama de “fase de produtividade”, nosso foco sofre uma mudança. Passamos a valorizar menos o sucesso pessoal e mais a colaboração com o próximo e o legado que esperamos deixar quando não estivermos mais aqui. Temos menos a provar e mais a oferecer.
No livro "Learning to Love Midlife" (Aprendendo a amar a meia-idade, em tradução livre), Chip Conley, fundador da Modern Elder Academy, explica como esse novo senso de propósito leva as pessoas a criarem um legado positivo, seja orientando gerações mais novas, seja contribuindo para as chamadas comunidades regenerativas.
5. Ouça a sua intuição
Com a idade, nós nos tornamos mais conectados com nós mesmos e desenvolvemos uma “inteligência corporal” que nos leva a ouvir a nossa intuição, a confiar nela e no que nosso corpo está nos dizendo. Uma pesquisas sobre a intuição revela que ela se torna mais apurada à medida que amadurecemos, o que não é nenhum mistério.
A meia-idade é o momento perfeito para começar a deixar para trás aquela sensação de insegurança.
O conhecimento e a experiência que acumulamos – armazenados não somente no cérebro, mas também nas células e nos tecidos do corpo – formam um reservatório de insights que conseguimos acessar rapidamente, muitas vezes de forma inconsciente. Confiar na intuição nos faz tomar decisões coerentes com nossos valores e instintos, especialmente em situações complexas ou arriscadas.
Na meia-idade, o gestor tem a oportunidade única de lançar mão de toda a sabedoria, resiliência e inteligência emocional que cultivou ao longo dos anos. Ao reconhecer essa fase da vida como um momento de crescimento, conexão e novos propósitos, além de melhorar seu desempenho, o gestor também cria um efeito cascata na equipe e na organização.
As virtudes da meia-idade são mais do que meros recursos pessoais, são ferramentas transformadoras que inspiram e fomentam uma valiosa cultura de confiança, inovação e contribuição.