5 lições aprendidas com os piores tipos de chefe que se pode ter

Todo chefe ruim deixa um aprendizado valioso sobre como liderar equipes e contribuir para o sucesso da empresa

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Mita Mallick 4 minutos de leitura

Se existe um lado positivo em trabalhar com chefes ruins, é que você aprende exatamente o que não deve fazer como líder.

Cada experiência difícil deixa lições importantes sobre como gerenciar equipes e sobre como contribuir para o sucesso da empresa.

1. Pare de normalizar o envio de e-mails de madrugada

Em um dos meus primeiros empregos, eu estava animada para conhecer minha nova chefe. Mas a empolgação não era mútua. Ela nunca tinha tempo para mim durante o dia, mas entre 22h e 2h da manhã, chovia e-mails. Acabei entrando no ritmo e respondendo logo cedo.

Um dos maiores problemas em qualquer relação é a falta de tempo para o outro. Como líder, se você não consegue dedicar parte do seu dia para orientar e apoiar sua equipe, precisa se perguntar: “por que estou liderando, afinal?”.

Trate sua agenda como quem organiza o guarda-roupa: mantenha só o que é essencial, elimine o que não faz sentido e repasse o que puder. E, principalmente, encontre tempo para estar com sua equipe no horário de trabalho. Precisamos parar de achar normal trabalhar ou mandar mensagens no meio da madrugada.

2. O silêncio dá mais poder aos chefes abusivos

Meu nome completo é Madhumita Mallick. Ao longo da vida, ele sempre me trouxe sentimentos mistos – da alegria à ansiedade. Um ex-chefe meu simplesmente decidiu me chamar de “Muhammad”, só porque não queria se esforçar para aprender a pronunciar meu nome.

Tenho vergonha de admitir que, por semanas, atendi por um nome que não era o meu. Até hoje me pergunto por que ninguém ao redor disse nada.

Microagressões como essa, quando se repetem, viram bullying. Elas drenam nossa energia, corroem a confiança e nos fazem duvidar do nosso valor. O silêncio coletivo só reforça esses comportamentos. A responsabilidade não pode recair apenas sobre quem sofre. Se você vir um colega sendo alvo de bullying, faça alguma coisa.

Converse com esse colega, ajude-o a registrar o ocorrido e busque apoio para elaborar um plano de ação. Passamos horas demais no trabalho para não cuidarmos uns dos outros.

3. Tenha coragem de ajudar as pessoas a seguir em frente

Um dos meus ex-chefes simplesmente dormia no trabalho. Cochilava em reuniões, grandes ou pequenas, inclusive nos encontros trimestrais da empresa. Saía e voltava quando queria, espalhava fofocas e vivia reclamando do quanto odiava estar ali.

Até hoje me pergunto como ele conseguiu agir assim sem sofrer nenhuma consequência. A falta de engajamento é contagiosa: destrói a confiança, desmotiva e prejudica a produtividade.

Nessas situações, precisamos agir. Pergunte: “o que precisaria mudar para você voltar a ter prazer em trabalhar aqui?”. Talvez não dê para corrigir o passado, mas é possível ajudar essa pessoa a se reconectar – ou a seguir outro caminho.

Como líderes, precisamos ter coragem de quebrar esse ciclo negativo e dar suporte para que cada um encontre o próximo passo.

4. O medo até funciona, mas por pouco tempo

Ninguém jamais havia gritado comigo, até eu trabalhar para "Medusa". Ela liderava pelo medo. Você podia ouvi-la do escritório dela, do outro lado do corredor, do outro lado do andar e, às vezes, dos elevadores enquanto subia. Muitos de nós chegávamos ao trabalho com medo.

Uma pesquisa mostrou que mais de um terço dos líderes de empresas nos EUA ainda lideram pelo medo. Quase 40% acreditam que o estresse pode ser útil, mas os dados são claros: 90% viram a produtividade cair e 60% admitiram que suas equipes não estavam felizes.

Trabalhar sob medo todos os dias é exaustivo. O medo sufoca a comunicação, isola pessoas, mata a criatividade e, no fim, leva ao burnout.

Criar uma cultura de respeito não pode ser visto como luxo. Funcionários não querem mais aplicativos de meditação, lanchinhos gourmet, happy hours ou brindes. Eles querem o básico: respeito e reconhecimento.

5. Lealdade incondicional não existe mais

Um dos meus ex-chefes esperava lealdade absoluta. Com um único telefonema, era capaz de arruinar a carreira de alguém. Quando descobriu que um colega estava buscando um novo emprego, o demitiu no mesmo dia, chamou a segurança e ainda sabotou a oferta que ele havia recebido de outra empresa.

Líderes assim acham que controlam nossas carreiras e que questionar sua autoridade é um ato de traição. Mas a verdade é que a lealdade incondicional não existe mais. O tempo da estabilidade, dos planos de pensão e do relógio de ouro após 30 anos de serviço ficou no passado.

Precisamos redefinir o que significa lealdade hoje. Bons líderes não seguram talentos à força. São transparentes sobre oportunidades, comunicam mudanças com clareza e falam honestamente sobre os rumos do negócio.

Quando um funcionário decide partir, esses líderes os deixam ir, desejando sucesso e mantendo portas abertas para futuras colaborações. Lealdade não se exige – se conquista com o tempo.

Este artigo foi publicado originalmente na revista “Next Big Idea Club” e reproduzido com permissão. Leia o artigo original.


SOBRE A AUTORA

Mita Mallick é head de inclusão, equidade e impacto na Carta, plataforma que ajuda as pessoas a gerenciar patrimônio, construir negóci... saiba mais