6 passos para as empresas se prepararem para a semana de 4 dias

Esqueça a velha falácia de que o que é bom para os trabalhadores não é bom para os negócios

Créditos: Gustavo Fring/ Pexels/ Alex Secret/ iStock

Taylor Rosenbauer 5 minutos de leitura

A semana de trabalho de 40 horas tem sido o padrão adotado na maioria dos locais de trabalho desde o início do século 20, quando foi popularizada por Henry Ford.

Quase um século depois, esse marco – que originalmente representou um ganho significativo para a melhoria nas condições de trabalho – tem se tornado obsoleto, principalmente na sociedade pós-pandemia.

Diante das altas taxas de esgotamento dos trabalhadores, das demandas por um equilíbrio mais saudável entre vida profissional e pessoal e dos desafios de contratação, pessoas e empresas estão questionando se realmente precisam se ater ao padrão de oito horas por dia, cinco dias por semana.

as pessoas ficam menos estressadas e relatam níveis menores de esgotamento, ansiedade e fadiga quando trabalham quatro dias por semana.

Experiências-piloto e estudos recentes com a semana de trabalho de quatro dias demonstraram que as pessoas ficam menos estressadas e relatam níveis reduzidos de esgotamento, ansiedade, fadiga e problemas de sono quando trabalham quatro dias por semana. Além disso, os medidores de saúde mental e física, equilíbrio entre vida profissional e pessoal e produtividade melhoram.

Mas será que as empresas estão preparadas para essa nova realidade?

É hora de projetar locais de trabalho criativos e pensados para as pessoas, da mesma forma que projetamos marcas e produtos para as pessoas. As apostas são altas em uma corrida já competitiva por talentos.

Ao reavaliar suas estratégias de local de trabalho, pense no que sua empresa precisaria fazer para adotar uma semana de trabalho de quatro dias de maneira genuína e eficaz.

1. Repense o modelo de remuneração

Existem muitas razões pelas quais o modelo tradicional de pagamento por hora trabalhada está ultrapassado. Por exemplo, algumas empresas, como muitas agências de criação, acham que podem se tornar mais lucrativas apenas se demorarem mais para concluir os projetos. Em um mundo no qual a semana tem apenas quatro dias, a lógica baseada em horas é ainda mais equivocada.

Em empresas que prestam serviços, uma semana de trabalho de quatro dias só terá sucesso se também beneficiar os clientes.

Muitas agências já mudaram para uma abordagem baseada em entregas, que é um passo na direção certa. Mas tem a desvantagem de forçar os clientes a definir uma meta antes mesmo de o processo criativo começar.

Minha equipe descobriu, porém, que é possível evitar vender nosso tempo e, ainda assim, permitir que os clientes alterem suas metas conforme a entrega for acontecendo. O que precisamos é nos comprometer a mostrar o progresso do trabalho em intervalos regulares.

2. Foque no valor de um bom serviço 

Em empresas que prestam serviços, uma semana de trabalho de quatro dias só terá sucesso se também beneficiar os clientes. Na verdade, antes de minha equipe implementar a semana de quatro dias, a condição era a de que só avançaríamos se tivéssemos 100% de aprovação do cliente.

Sem um modelo de cobrança por hora, fica mais fácil colocar o foco no valor do que estamos produzindo, e não no tempo necessário para produzi-lo. Certifique-se de entregar o que é mais importante. Os clientes, ainda por cima, receberão um trabalho de alta qualidade, produzido com mais eficiência. 

3. Abrace a experimentação

É essencial testar e aprender antes de adotar mudanças bruscas, assim como se faz com os clientes antes de lançar um novo produto. Executamos um piloto de três meses antes de implementar permanentemente a semana de trabalho de quatro dias, coletando feedback dos funcionários a cada etapa.

foque no valor do que está sendo produzindo, e não no tempo necessário para produzi-lo.

Se realmente deseja testar se uma semana de trabalho mais curta melhora a vida dos funcionários, precisa estar disposto a fazer abertamente adaptações em seu próprio negócio. Conquiste a adesão da equipe primeiro e use dados para ajudar todos a entender e validar sua decisão.

4. Não se atropele

Uma semana de trabalho mais curta que venha com um corte salarial ou dias mais longos não é uma solução sustentável. O horário de trabalho tem que funcionar para todos – inclusive (e principalmente) para os pais e funcionários que têm alguém sob seus cuidados. Eles provavelmente terão menos condições de fazer horas extras.

Para entrar com tudo em um novo modelo e ainda gerar o mesmo nível de produção em um período mais curto, priorizamos a eficiência operacional. Analise como você pode economizar o tempo da equipe, seja reduzindo os deslocamentos com trabalho totalmente remoto, reduzindo as reuniões ou utilizando mais ferramentas de comunicação assíncrona.

5. Dê o exemplo

Pode ser muito tentador adiantar o trabalho no seu dia de folga. No entanto, quando líderes e gerentes fazem isso, acabam prejudicando a cultura que estão tentando criar.

com um fim de semana prolongado, as pessoas sente que têm tempo para recarregar as baterias antes do início de cada semana.

Temos conversas intencionais dentro da equipe de liderança sobre como estamos aproveitando os dias de folga e nos responsabilizamos mutuamente pela desconexão do trabalho às sextas-feiras.

Dito isso, se um cliente tiver uma necessidade urgente durante o fim de semana de três dias, é claro que não vamos deixá-lo na mão. Flexibilidade saudável é a chave.

6. Concentre-se no que você ganha

Os trabalhadores precisam de liberdade para se desconectar e experimentar o mundo. Momentos de inspiração quase sempre acontecem quando não estamos diante de nossas telas. Estar na natureza, brincar com produtos ou usar mídias como entretenimento são as formas como aprendemos e evoluímos.

Descobrimos que, com um fim de semana prolongado, nosso pessoal sente que finalmente tem tempo para recarregar totalmente as baterias antes do início de cada semana.

Não vou mentir: ajustar-se à revolução da semana de trabalho de quatro dias não é fácil. Mas ainda há aquela velha crença de que o que é bom para os trabalhadores não é bom para os negócios, e isso está atrasando as empresas.

Como líderes, devemos ser responsáveis por desconstruir essa ideia e por criar locais de trabalho que, antes de mais nada, estejam a serviço das pessoas.


SOBRE O AUTOR

Taylor Rosenbauer é fundador e CEO da RocketAir, empresa global de design e estratégia. saiba mais