A grande revolução da IA não é somente digital

Profissionais mais velhos trazem uma perspectiva rica e diversificada para o uso de ferramentas contemporâneas

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Thiago Diniz 2 minutos de leitura

Sempre quando me pego ouvindo sobre o assunto do dia, as ferramentas de inteligência artificial, me pergunto se estamos preparados para um outro tsunami que deixamos de enxergar. Ele vem chegando silencioso e ao mesmo tempo irrevogável. E, na verdade, tem muito a ver com a IA que estamos acostumados a discutir.

O Brasil deve passar de uma nação de maioria jovem para um território com grande proporção de idosos em um curto período de tempo. Em apenas 20 anos, o número de pessoas com 60 anos ou mais dobrará, de acordo com dados do IBGE. E, segundo a Reuters, a expectativa de vida no Brasil tem aumentado.

Em 2021, o tempo médio de vida era de 76,8 anos. Esse número tem crescido nas últimas décadas devido a melhorias na saúde e na situação socioeconômica de alguns grupos. Naturalmente, assim como as previsões sobre o aquecimento global, essa realidade pode chegar mais cedo. 

Dito isso, trago o conceito de "idade ativa" para a discussão. Esta ideia está cada vez mais ligada à capacidade dos profissionais mais experientes se adaptarem ao novo, como a IA, por exemplo.

Nesse sentido, a "Harvard Business Review" aponta que os mais velhos tendem a ter foco, disciplina e uma abordagem mais estratégica na aquisição de conhecimento, compensando uma curva de aprendizado inicial mais lenta com uma assimilação mais profunda e contextualizada de novas tecnologias e informações. 

Importante sempre lembrar que se trata de uma geração – a última ,aliás – que nasceu analógica e se virou para se tornar digital. O aprendizado está no DNA dessa turma.

A mesma profissional dos anos 90 que alugava filmes na locadora da esquina hoje é assinante da Netflix e tem uma playlist personalizada no Spotify. O mesmo cara que aprendeu a cozinhar vendo a mãe ou a avó anotando receitas, hoje tem uma seção específica no YouTube com chefs influenciadores. 

Mas existe uma particularidade nesse aprendizado que talvez fuja às novas gerações. A lembrança do analógico dá a esse nicho (que muito em breve nem mais será) uma capacidade importante: a da observação.

Crédito: Freepik

Segundo a "Harvard Business Review", profissionais mais velhos trazem uma perspectiva rica e diversificada para o uso de ferramentas contemporâneas. Isso acontece porque eles combinam o conhecimento técnico com décadas de experiência em diversas áreas, permitindo-lhes enxergar padrões e tendências que nem sempre são perceptíveis para os mais jovens. 

Em meio à revolução tecnológica e à crescente adoção da inteligência artificial, não podemos ignorar esse desafio. É uma transição que nos obriga a repensar o conceito de produtividade e adaptação à inovação, especialmente quando falamos de profissionais maduros.

A idade ativa emerge como um ponto de reflexão importante, pois mostra que aqueles que nasceram no mundo analógico têm a capacidade de dominar novas ferramentas.

No entanto, caro leitor, fica uma questão: será que estamos aproveitando plenamente essa riqueza de experiência e adaptabilidade desses profissionais, ou estamos subestimando o potencial que essa geração pode oferecer em um mundo cada vez mais digital?


SOBRE O AUTOR

Thiago Diniz é head de planejamento da Lean Agency, publicitário, jornalista, mestre em marketing pela The University of Huddersfield ... saiba mais