Aprenda a evitar que aquela “voz interior” continue a te sabotar
A autora Lydia Fenet explica como a insegurança pode evoluir para uma crença de que você não merece o sucesso
Um dos meus trechos de música favoritos é da canção "Roar", de Katy Perry: “eu não me posicionei, então me deixei levar por tudo”. Quando ela diz isso, é a deixa para minha filha mais nova sair correndo para escolher uma de suas várias fantasias e para o resto da família começar a dançar com ela pela casa.
Me lembro dessa frase toda vez que sinto vontade de manter a mão abaixada em vez de pedir a palavra e toda vez que penso em ficar calada por achar que minha voz não é importante.
Se você não se posiciona, está permitindo que outras pessoas escolham o seu caminho. Somente quando encontra sua voz e se mantém firme é que você percebe que sempre teve capacidade e que precisa se defender.
O que começa como um sentimento que nos impede de levantar a mão em uma reunião só piora à medida que avançamos na vida.
Talvez essa história soe familiar. Você entra em uma reunião cheia de pessoas de todas as idades e sexos. Assim que a reunião começa, você imediatamente começa a pensar “o que estou fazendo aqui? Todo mundo aqui sabe muito mais do que eu”.
Conforme reunião avança, quaisquer comentários ou pensamentos que planejou expor ficam no plano dos pensamentos. Porque, se abrir a boca, tem medo de que todos percebam que você nem sequer deveria estar ali.
O que começa como um sentimento que nos impede de levantar a mão em uma reunião só piora à medida que avançamos na vida. Esse sentimento pode nos impedir de levantar a mão para reivindicar uma promoção, um aumento salarial ou qualquer outra coisa.
Com o tempo, o que era um sentimento começa a evoluir para uma crença profundamente arraigada de que não merecemos estar onde estamos, sentados na sala de reuniões nem qualquer outro lugar sequer perto daquela empresa.
A síndrome do impostor é um sentimento que nos leva a evitar entrar em qualquer situação na qual há chance de falharmos.
Converse com qualquer mulher que tenha estado no mundo corporativo ou em uma posição de liderança nas últimas duas décadas e garanto que ela poderá lhe contar tudo sobre a chamada síndrome do impostor.
Talvez a pessoa ainda não a conheça pelo nome, mas garanto que a maioria das mulheres que está lendo estas páginas provavelmente entende do que estou falando.
A síndrome do impostor é um sentimento que impede muitos de nós, principalmente mulheres, de seguir nosso caminho. Ela nos leva a evitar entrar em qualquer situação na qual há chance de falharmos.
No mundo do trabalho, isso fica ainda mais óbvio. À medida que você sobe a escada corporativa, não importa o quanto mereça um novo título, um aumento, uma nova posição, você nunca consegue realmente acreditar que merece nada disso.
Quando olha à sua volta em uma sala cheia de colegas de trabalho, mesmo que saiba que merece, sempre há uma vozinha interior dizendo que você tem sorte de estar ali.
Não temam, amigas. Estou aqui para dizer que vocês não estão sozinhas. A síndrome do impostor é onipresente.
OUÇA O QUE AS PESSOAS DIZEM, NÃO O QUE VOCÊ ACHA QUE ELAS ESTÃO DIZENDO
Provavelmente, você vai se reconhecer nessa história. Imagine que está conversando com alguém: um amigo, um profissional sênior no escritório ou alguém com cuja opinião você se importa profundamente, por motivos profissionais ou pessoais.
Essa pessoa menciona que está muito feliz por poder vê-la com mais frequência, agora que seus filhos estão ficando
A síndrome do impostor é onipresente.
mais velhos e você consegue ficar mais tempo no escritório.
Quando a pessoa sai da sala, você sente um frio na barriga. Sua paranoia assume o controle e sua mente começa a criar todo um enredo com base nesse comentário.
Agora, vamos lembrar o que a pessoa disse: “é ótimo ver você mais presente no escritório agora que seus filhos estão crescendo”.
Só que você pensou: “meu Deus, todo mundo acha que eu joguei a toalha durante anos e só agora estou voltando. Acham que não faço um bom trabalho, que estou apenas enrolando. Preciso mostrar a eles que ainda sou boa. Vou começar a trabalhar nos fins de semana, fazer trabalhos extras...” e assim por diante.
Você cria uma espiral de dúvidas e inseguranças sobre tudo o que já sentiu em relação ao seu desempenho no trabalho e até na vida.
PARE E ESCUTE
O que a pessoa disse? “É ótimo ver você mais presente no escritório agora que seus filhos estão crescendo.”
Ponto.
Sua resposta? "Obrigada!"
Fim de cena.
Acredite em si mesma o suficiente para imaginar que as outras pessoas estão pensando o melhor de você, não o pior.
E, se você quiser saber o que eu faria para realmente acabar com a síndrome do impostor, eu escreveria minha própria história.
Vamos voltar e reescrever aquela cena, que tal?
O que a pessoa disse? “É ótimo ver você mais presente no escritório agora que seus filhos estão crescendo.”
Isso é o que você deveria ter entendido:
“Você é um membro tão importante dessa equipe, é muito bom sentir a sua energia positiva no escritório. Além disso, deve se desdobrar com muita competência para cuidar dos filhos e arrasar no trabalho também. Que exemplo para as pessoas ao seu redor. Temos sorte de ter você.”
Cena final. Fecha a cortina. Aplausos.
Extraído de Claim Your Confidence (Reafirme sua confiança, em tradução livre), de Lydia Fenet, publicado pela Gallery Books.