Semana de 4 dias de trabalho pode virar realidade com a IA; veja como
Estudo indica como as empresas podem adaptar esse modelo para a própria realidade

O avanço da Inteligência Artificial (IA) reacendeu a discussão sobre a adoção da semana de trabalho de quatro dias. Especialistas avaliam que a tecnologia pode aumentar a eficiência das empresas e abrir espaço para jornadas mais curtas, sem comprometer a competitividade.
Em reportagem do Great Place to Work, Joe O'Connor, CEO e cofundador da Work Time Revolution e ex-líder da 4 Day Week Global, defendeu que o modelo pode servir como estratégia para companhias que ainda encontram dificuldades na integração de ferramentas de IA.
O executivo sugere que líderes adotem um “dividendo de tempo”, oferecendo horas livres aos funcionários como retorno do ganho de produtividade obtido com a tecnologia.
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Impacto no bem-estar
Além do fator tecnológico, pesquisas reforçam os benefícios de jornadas reduzidas para a saúde dos trabalhadores.
Um estudo publicado na revista Nature Human Behaviour acompanhou 141 empresas em seis países e avaliou 2.800 funcionários durante seis meses.
Entre os que trabalharam apenas quatro dias, 67% relataram menos burnout, 41% indicaram melhora na saúde mental e 38% tiveram menos problemas de sono.
A pesquisa, conduzida por Wen Fan, professora associada do Boston College, concluiu que semanas mais curtas não prejudicaram a produtividade nem indicadores de negócios, como receita, absenteísmo e rotatividade.
Para participar do estudo, as empresas precisaram manter o salário integral e reduzir de forma efetiva a carga de trabalho, que na maioria dos casos caiu de 40 para 30 horas semanais.
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Quebra de mitos
Apesar dos resultados positivos, parte dos líderes empresariais ainda resiste à mudança. O'Connor destaca que a semana de quatro dias não significa a paralisação das atividades.
Muitas organizações passaram a adotar escalas, turnos e coberturas estendidas, para manter os serviços ativos cinco, seis ou até sete dias por semana.
Outro mito recorrente é a ideia de que o modelo seria inflexível. Para especialistas, a proposta deve ser vista como uma ferramenta estratégica, adaptada às necessidades de cada organização e voltada à redução de desperdícios de tempo e tarefas improdutivas.
Wen Fan reforça que a semana reduzida não é um formato universal, mas sim uma alternativa ajustável conforme a realidade de cada empresa.
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Liderança e cultura organizacional
A implementação da jornada de quatro dias exige mudanças de gestão. Segundo O'Connor, o modelo de liderança baseado em “comando e controle”, que valoriza presença física ou tempo online, precisa ser substituído por práticas que priorizem resultados e entregas.
Para isso, a recomendação é que as empresas iniciem o processo ouvindo os próprios funcionários, já que são eles que conhecem de perto os gargalos e ineficiências do dia a dia.
Por outro lado, organizações que avançam nessa direção costumam ter dois objetivos principais: aumentar a produtividade ou atrair e reter talentos. Em ambos os casos, o sucesso no trabalho depende de engajamento coletivo e da construção de um modelo baseado nas reais necessidades do time.
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