Burnout, dispensa, presencial: trabalhadores revidam com “demissão por vingança”

Funcionários que se sentem sobrecarregados ou frustrados podem estar mais propensos a pedir demissão sem levar em consideração o empregador

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Pavithra Mohan 2 minutos de leitura

Primeiro, veio a tendência da Grande Demissão, também conhecida como Grande Renúncia, com os funcionários em massa pedindo demissão do emprego. Depois, quando a pandemia foi passando e o mercado de trabalho esfriou, veio o aumento da demissão silenciosa (o tal quiet quitting) e da Grande Permanência, quando as pessoas ficaram mais hesitantes em deixar seus empregos.

Mais recentemente, no entanto, os funcionários têm se recuperado da chamada Grande Desilusão, que tem sido descrita como a percepção de que  estabilidade e a lealdade no trabalho são uma ilusão.

Essa tendência se iniciou com as demissões em massa e as demissões silenciosas, junto com as rigorosas exigências de retorno ao escritório e a ameaça da inteligência artificial. Como os funcionários perderam seus empregos ou saíram por vontade própria em resposta às políticas de retorno ao trabalho presencial, os ânimos de todo mundo foram afetados.

Talvez não seja surpreendente que a mais recente tendência da força de trabalho – e palavra de ordem – seja algo que os observadores estão chamando de “demissão por vingança”. Não é um fenômeno totalmente novo, pois parece estar enraizado na sensação de distanciamento dos trabalhadores em relação a seus empregos.

A ideia por trás da demissão por vingança é que os trabalhadores que se sentem particularmente exaustos ou frustrados podem estar mais propensos a deixar o emprego sem se importar se vão sair em boas condições com o empregador.

Sob vários aspectos, essa é uma extensão natural do “ressentimento” e da “demissão em voz alta”, que estão surgindo desde 2023. Depois que os funcionários passam meses (ou até anos) presos em um trabalho que lhes traz pouca satisfação, não é difícil prever que eles podem acabar se rebelando.

Crédito: Mizuno K

Os especialistas sugerem que a demissão por vingança provavelmente se tornará algo comum este ano: em um relatório recente sobre as tendências para o ambiente de trabalho em 2025, a Glassdoor observou que “uma onda de demissões por vingança está no horizonte”. Mas não está claro que forma isso vai acontecer.

O rancor crescente pode fazer com que mais pessoas deixem seus empregos, mas também é possível que muitas tomem cuidado para não "queimar pontes". Há momentos em que pode ser importante se manifestar e denunciar o que não está certo, mesmo que isso comprometa seu relacionamento com um empregador ou gestor.

Mas, em outras circunstâncias, a postura mais inteligente pode ser dar um feedback honesto sobre o motivo de sua saída, mantendo o respeito e avisando seu empregador com antecedência suficiente.


SOBRE A AUTORA

Pavithra Mohan é redatora da Fast Company. saiba mais