Com o crescimento da IA, qual será o papel das pessoas no futuro do trabalho?

Algumas habilidades humanas a inteligência artificial não é capaz de replicar

Créditos: Joshua Sortino/ Roozbeh Badizadegan/ Unsplash

Kathleen Davis 3 minutos de leitura

O primeiro programa de inteligência artificial foi desenvolvido em 1951. Mas, fora da ficção científica, a IA levou décadas para ser levada a sério nas conversas entre especialistas.

A Fast Company cobre tecnologia e IA há muitos anos e, até hoje, nunca houve nada comparável à empolgação e ao medo gerados pelo lançamento da  Open AI, em novembro passado. Estamos falando, é claro, do ChatGPT.

Às vezes, as ferramentas de IA parecem uma novidade interessante, como em experimentos que colocam o chatbot para escrever cartas de amor. Mas também podem parecer um prenúncio da desgraça, uma ameaça a todos os tipos de empregos que antes eram considerados habilidades especializadas.

não importa o quão complexas e avançadas sejam as tecnologias como o ChatGPT, os humanos ainda serão importantes.

Durante muitos anos, acompanhamos as manchetes alarmadas sobre robôs roubando empregos. O quão disruptiva é a IA? Como podemos usá-lo a nosso favor? Existe algo que nós, como humanos comuns, podemos fazer não apenas para manter nossos empregos, mas também para manter nossa humanidade?

No episódio mais recente do podcast  The New Way We Work (“As novas maneiras de trabalhar”, em tradução livre), conversei com o  Dr. Tomas Chamorro-Premuzic, diretor de inovação da Manpower, professor em Harvard e Columbia e autor do novo livro I, Human: Ai, Automation, and the Quest to Reclaim What Makes Us Unique (“Eu, humano: IA, automação e a busca para recuperar o que nos torna únicos”, em tradução livre). 

O fato é que não importa o quão complexas e avançadas sejam as tecnologias como o ChatGPT, os humanos ainda serão importantes.

“O que nos resta é lidar com os problemas das pessoas, lidar com os humanos, dar validação aos indivíduos. Os humanos sempre anseiam por afeição humana, por compreensão humana”, diz Tomas Chamorro-Premuzic, diretor de inovação da Manpower, professor em Harvard e Columbia e autor do novo livro "I, Human: Ai, Automation, and the Quest to Reclaim What Makes Us Unique" (Eu, humano: IA, automação e a busca para recuperar o que nos torna únicos, em tradução livre).

Crédito: Istock

Existem habilidades que as máquinas simplesmente não podem adquirir e, como diz Chamorro-Premuzic, essas são as capacidades exclusivamente humanas, como a gestão, que foi recentemente apontada como uma das principais habilidades que os empregadores procuram.

Portanto, embora o trabalho e os locais de trabalho estejam ficando mais saturados de dados e de automação, os humanos se tornarão ainda mais importantes.

“A forma de nos diferenciarmos será desenvolver e cultivar a inteligência emocional, as habilidades sociais e a capacidade de sentir o que os outros estão sentindo e de se conectar com eles”, diz o acadêmico.

Embora as ferramentas de IA sejam destinadas a facilitar a vida, também tendem a piorar nossos impulsos negativos.

“Podemos ter certeza de que, mesmo que os futuros ChatGPT 5, 6 e 7 sejam muito, muito melhores do que o atual, ainda assim não serão capazes de se comover como nós, humanos.”

Essa inclinação para habilidades exclusivamente humanas exige esforço consciente, adverte Chamorro-Premuzic. Embora as ferramentas de IA sejam, aparentemente, destinadas a facilitar a vida, também tendem a piorar os impulsos negativos, tornando-nos mais distraídos, tendenciosos e impacientes.

“Os algoritmos e seus modelos de negócios, que dependem de previsões mais precisas, tornaram-se muito eficazes em acabar com a variedade”, diz ele. “Quanto mais previsíveis somos, mais dinheiro a IA ganha, mostrando-nos mais conteúdos que nos transformam em uma versão exagerada e mais chata de nós mesmos.”

Chamorro-Premuzic acredita que a solução é simples: infundir um pouco mais de variedade em nossas vidas e em nossos interesses, buscar experiências que contrariem os modelos e enganar os algoritmos para sair da bolha de previsibilidade.

Se conseguirmos fazer isso, teremos mais chances de permanecer exclusivamente humanos e de “injetar um pouco de criatividade em uma vida que, de outra forma, seria muito previsível e chata”.


SOBRE A AUTORA

Kathleen Davis é editora adjunta da Fast Company. saiba mais